terça-feira, 26 de junho de 2012

O melhor colo




O colo da minha mãe foi o meu primeiro contacto com o mundo, os primeiros braços que me abraçaram, que tantas vezes me protegeram e aconchegaram, a minha referência do amor total.
Ao longo dos anos, foi a este lugar de amparo que tantas vezes regressei, como um porto de abrigo onde sempre me senti protegida contra todos os medos e perigos, lugar de tantas cumplicidades lindas que se foram construindo na duração,  daquela intimidade que permite deixar correr as lágrimas sem nenhum pudor, na certeza de ter uns braços para envolver os meus ombros desprotegidos e de poder contar com este colo seguro e com um coração enorme e generoso, em todos os momentos da minha vida e, especialmente, nos de maior tristeza e solidão.
Depois, fiquei grande demais  para caber nele inteira e o colo da minha mãe passou a ser o lugar onde gostava de deitar a cabeça. Era quase como um ritual das tardes de Domingo: sentava-me no chão e pousava a cabeça nas suas pernas, para lhe sentir a mão a fazer-me festas. E ficávamos assim,  horas a fio, perdidas em conversas de mãe  e filha, falando de tudo e de nada e outras vezes também em silêncio, porque há coisas que não sabemos, não podemos, ou não queremos explicar. Às vezes, ainda há dias em que me apetece enroscar-me devagarinho no  colo da minha mãe e sentir a sua mão passar na minha cabeça para me acalmar.
Mas agora é a minha vez! Hoje, sou eu que abro os braços e o peito e a aperto com força lá dentro. E espero que a grandeza do meu amor a ampare e aconchegue também, e lhe dê a mesma serenidade e alegria que ela me deu a mim, a vida toda. Hoje, sou eu o seu pilar, sou eu que me desdobro em cuidados e carinhos, para que ela se sinta feliz. E, apesar de não o dizermos, porque as palavras nem sempre são necessárias, ambas sabemos que, entre nós, o amor é infinito.
 

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