quarta-feira, 9 de abril de 2014

Isto anda tudo ligado...

 
Da minha leitura de hoje do DN, destaco isto:
(...) uma camada de público jovem que cresceu completamente divorciada da grande tradição cultural portuguesa e europeia e sobre ela nada sabe. (...) Presentemente disponibiliza-se algum saber "truncado" de raízes que são essenciais para a formação equilibrada da personalidade, do conhecimento do mundo e da fruição artística, sempre em nome do que está a acontecer. Muito noticiário, muito ensaio, muita fotografia, muita prosa parecida. Quase não passa daí. As deficiências do ensino escolar nas matérias canónicas contribuíram para agravar a situação. Quando lemos as declarações dos próprios artistas, dos produtores, dos promotores e tutti quanti, ficamos com a impressão de que se está a criar uma nova espécie de pidgin "literário e crítico", destinada a ser lida, citada e papagueada, e depois equecida rapidamente para dar lugar a outra, não muito diferente na ênfase e no estilo.
("A estrada larga" por Vasco Graça Moura) - Sim, eu sei, de novo...
E ainda isto:
Os reformados e os funcionários públicos são os dois segmentos da população mais afectados pela crise. Os dados do Gabinete de Apoio aos Sobre-endividados (GAS) da Deco mostram que os pedidos de ajuda cresceram, no primeiro trimestre, apenas entre os reformados e trabalhadores do estado. "Os funcionários do sector público alegam os cortes salariais, assim como a diminuição do rendimento disponível, no final do mês, para as maiores dificuldfades financeiras sentidas este ano.

Aparentemente muito diferentes entre si, no estilo como no conteúdo, estes dois "destaques" são bem a imagem do país pobrezinho, tacanho e inenarrável onde nasci e vivo, que me desilude, entristece e desgosta, mais e mais, a cada dia que passa.
E mesmo sendo uma optimista, como julgo ainda ser, é difícil acreditar que tudo isto possa algum dia transformar-se em qualquer coisa diferente. Melhor.
É por isso que, por mais que me lembre das metáforas de Jorge Palma (...) "enquanto houver estrada pr'andar, a gente vai continuar", eu olho à minha volta e é Sophia de Mello Breyner que se lhe sobrepõe:

Irás ao paço.
Irás pedir que a tença
Seja paga na data combinada.
Este país te mata lentamente
País que tu chamaste e não responde
País que tu nomeias e não nasce.

Em tua perdição se conjuraram
Calúnias desamor inveja ardente
E sempre os inimigos sobejaram
A quem ousou ser mais que a outra gente.
(...)
Irás ao paço irás pacientemente
Pois não te pedem canto mas paciência.
Este país te mata lentamente.

2 comentários:

  1. O País continua pobre. Nas finanças, na cultura, nas mentes. Mas há quem continue rico, mas não simultaneamente nas três vertentes...

    Beijinho :)

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  2. Se calhar até é mesmo nas mentes e na cultura que a pobreza é maior. Mas, aparentemente, ninguém se importa.Hélas... :(


    Beijinho, Paulo :)

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