terça-feira, 22 de julho de 2014

Cada tiro cada melro, ou a mediocridade reinante...



Nem de propósito: ainda a respeito do meu post anterior e de uma certa mediocridade dominante em meio docente, que tem a ver, entre outras coisas, com as tais pessoas que se permitem "representar" os professores, vem a presidente da Associação de Professores de Português, de novo, criticar o Novo Programa da disciplina, que está muitíssimo bem feito, e retomar aquela ridícula questão de Sophia de Mello Breyner estar ou não nos programas.
No Público de hoje, vem a resposta à inenarrável Edviges, (até o nome...) a tal que achou uma vez um exame difícil porque "obrigava os alunos a pensar".
O artigo, que vem na sequência de um outro, publicado no dia 9 "A presidente da Associação de Professores de Português deve andar muito distraída" tem desta vez o título "Ler o Novo Programa de Português sem equívocos nem omissões", e pode ler-se na íntegra aqui. Não resisto, no entanto, em transcrever algumas passagens. Diz o seguinte:
Entendeu a presidente da Associação de Professores de Português (APP) servir-se da justa homenagem a Sophia de Mello Breyner Andresen, recentemente trasladada para o Panteão Nacional, como arma de arremesso contra o novo Programa e Metas Curriculares de Português do ensino secundário, na pessoa da coordenadora da equipa responsável pela sua elaboração, professora doutora Helena Carvalhão Buescu. (...)
Voltando ao novo Programa que entrará em vigor em 2015/16, importa que se consiga ver o que nele é, de facto, corajosamente novo: a valorização da Literatura Portuguesa e a centralidade do princípio da complexidade e da noção de género textual, factores decisivos de qualificação dos textos (orais e escritos, literários e não-literários). Quanto ao aspecto particular do estudo de Sophia, trata-se de uma falácia tentar separar o ensino básico do ensino secundário. Importa referir que, com a escolaridade obrigatória do 1.º ao 12.º ano, os alunos que entram no ensino secundário são os mesmos que, ao longo de vários anos do ensino básico, tiveram a oportunidade de estudar a obra de Sophia. (...)
O afecto aos clássicos (entendido este termo como corpus selecto de textos que nunca estão definitivamente lidos), convém lembrá-lo, não pressupõe a sua intocabilidade, mas a capacidade de os ler e dar a ler a contracorrente de qualquer política de autor ou livro único. Sophia de Mello Breyner é parte fundamental do cânone escolar, mas são-no também Jorge de Sena, António (não Alexandre) Ramos Rosa, Herberto Helder, Ruy Belo, Luiza Neto Jorge e quantos integram o Programa e a lista de poetas do 12.º ano, a quem ninguém de boa-fé negará importância na formação escolar de cidadãos proficientes, cultos e autónomos, isto é, mais exigentes na sua relação com o mundo. 
De facto, como dizia hoje Maria Alzira Seixo no Facebook, também a este respeito: "Sejamos críticos, não facciosos. Atacar o Programa de Português só por ser encomendado pelo Crato é desprezar a cultura! O programa é bom, só atacado por razões políticas. Rejeitam o pouco que há de bom para ter o gosto de dizer que tudo é mau?"
E não há melhor prova que esta, acho eu, de que quem é inteligente faz a diferença...

4 comentários:

  1. Tudo se transforma, maioritariamente para pior, quando a política se intromete.
    «Atacar o Programa de Português só por ser encomendado pelo Crato é desprezar a cultura!»
    Se o Programa tivesse sido elaborado por um estudioso, ou nem tanto, bem de fora do circuito político, a reacção seria a mesma? Duvido.
    Sempre fui, e sou, de opinião que ao bom não se olha a côr política. Deve ser mania minha.

    Beijinho, Isabel. Mantenha-se atenta que com isso ganhamos todos.

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    1. Mas a questão é que neste caso, justamente, o Programa (este Programa, em particular) foi feito por uma pessoa "estudiosa". Seria aliás difícil encontrar alguém que pudesse estar mais dentro do assunto e ser mais competente.
      É por isso ainda mais enervante aquela mania tão portuguesa de dizer mal de tudo e só porque sim.
      Pior vindo da APP, que deveria saber do que fala. E que é quem a Comunicação quer sempre ouvir, a propósito de tudo e de nada.
      Aquela tal "Edviges" (só o nome...) é aliás uma espécie de Mário Nogueira do Português. Pergunto-me há quantos anos não dará uma aula...

      Eu, sempre atenta, claro!

      Beijinho também para si.

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    2. Pronto, falou no senhor Nogueira, estragou o que já estava na corda bamba.
      Há sempre um Nogueira nestas coisas e neste caso só muda o nome. Edviges, não é?
      Haja Deus!!!
      Uma boa noite, Isabel.

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    3. O mal desta gente, Nogueiras e Edviges desta vida, é que andam entretidos a "destilar veneno" e nem sabem bem o que é trabalhar.

      E mais não digo.

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