sábado, 29 de novembro de 2014

Uma questão de tempo




Richard Linklater é um realizador de que eu gosto, ou não fosse ele o autor da triologia que inclui um dos filmes da minha vida, Before Sunset, de que já falei aqui.
É também ele o realizador do filme de que se fala: Boyhood. Neste, como nos anteriores, é a passagem do tempo que atravessa todo o filme, é ela o seu tema central, na sua complexa e natural simplicidade.
Não é pois um filme que simplesmente conta a história da vida de um rapaz entre os seis e os dezoito anos, é antes um filme sobre o que o tempo faz de nós e o que fazemos com o tempo. Por isso nos cativa, nos envolve e sensibiliza, apesar de ser mais ou menos banal o que nos conta. E por isso, também, aquelas personagens são credíveis e verosímeis, como nós ou os que nos são próximos. Como acontecia nos três filmes da trilogia. E se ali havia nove anos a separar cada filme, aqui o filme leva doze anos até estar completo, o que constitui um projecto arriscado, sem dúvida, mas torna mais real e visível o efeito da passagem dos anos. Porque aproxima o tempo real e o tempo ficcional e é esse o seu trunfo e o seu encanto.
Para mim, que  sou uma apaixonada por estas questões do tempo e da forma como nos relacionamos com ele - o que explica talvez a minha paixão por relógios - nem me apercebi que a história durara três horas  e deixei-me levar por ela e pela serenidade que transmite. É que, tal como na vida,  há as palavras e os silêncios, as relações entre as pessoas, os afectos e as desilusões, as escolhas que se fazem e as que ficam por fazer; e tudo aquilo é também um pouco de cada um de nós. Por isso nos toca tanto...

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Exagero seu, Madalena.Mas agradeço a sua simpática opinião.
      (É sem dúvida um filme que vale a pena ver).

      Beijinhos

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