quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Vem aí o Ano Novo

 
Depois da confusão que têm sido os últimos dias e as últimas horas, ainda venho a tempo de desejar um Bom Ano a todos: aos meus blogamigos, aos que deixaram de ser apenas virtuais e se tornaram amigos de carne e osso e são hoje pessoas de quem gosto muito, aos que eu só conheço pelas palavras que vão deixando por aqui e também aos que passam silenciosamente, mas eu sei que existem.
A todos desejo um Ano Novo tão bom como quero que seja o meu, cheio de saúde, alegria, felicidade e afectos.
É um pouco um lugar-comum, eu sei, mas na verdade é o que sinto neste momento. São mais trezentos e sessenta e cinco dias, novinhos em folha e acima de tudo... estamos juntos. E isso é tão bom!...

domingo, 28 de dezembro de 2014

Santos Inocentes


Em Espanha, e julgo que também nos países da América Latina, 28 de Dezembro é o Dia dos Santos Inocentes, que corresponde mais ou menos ao nosso primeiro dia de Abril.
Na origem da comemoração parece estar a lembrança do episódio bíblico da matança dos menores de dois anos nascidos em Belém e ordenada por Herodes de forma a assegurar-se que o anunciado Messias seria igualmente assassinado.
Tal como acontece no "Dia das Mentiras", neste dia é costume "abusar" da credulidade alheia, contando todo o tipo de piadas e criando falsas histórias de forma mais ou menos alargada, que inclui a comunicação social, e os que acreditam nelas ficam com o rótulo de "inocentes".
Para mim, em todo o caso, 28 de Dezembro é outra coisa: é uma memória antiga e boa de uma noite inesquecível, que marcou a minha vida para sempre.
Mas, pensando bem, e à distância de vinte e quatro anos, se calhar os "Santos Inocentes" não estarão assim tão alheados disto.

Carapaus de corrida

 
É irritantíssima esta nova moda das corridas a toda a hora. Não há praticamente fim de semana em que não haja a corrida não sei de quê, ou a meia maratona de não sei que mais.
Gosto muito de caminhar e faço-o com frequência, seja por necessidade, seja por prazer. Mas correr é que não. No meio da turba, então, ainda menos. Digam-me que é muito saudável e o que quiserem, que não quero saber. Corridinhas não é comigo. Nem sequer para apanhar o autocarro...
Dito isto, não tenho nada contra quem o faz. Deviam no entanto ir todos correr para o Estádio Nacional, para Monsanto, ou para o Parque das Nações, em vez da andar no meio da cidade, a empatar o trânsito e a incomodar as pessoas, semana sim, semana não. Apre!!!

sábado, 27 de dezembro de 2014

Sorrir

 
 A veces
por supuesto
usted sonríe
y no importa lo linda
o lo fea
lo vieja
o lo joven
lo mucho
o lo poco
que usted realmente
sea

 (...)

y a lo mejor
si la sonrisa viene
de muy
de muy adentro
usted puede llorar
sencillamente
sin desgarrarse
sin desesperarse
sin convocar la muerte
ni sentirse vacía

llorar
sólo llorar

entonces su sonrisa
si todavía existe
se vuelve un arco iris.
 
                                       Mario Benedetti
 
(Fotografia de José Manuel Durão)

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

O mundo precisa de ternura


Nesta noite santa, ao mesmo tempo que contemplamos o Menino Jesus recém-nascido e reclinado numa manjedoura, somos convidados a reflectir. Como acolhemos a ternura de Deus? (...) a coisa mais importante não é procurá-Lo, mas deixar que seja Ele a procurar-me, a encontrar-me e a cobrir-me amorosamente das suas carícias. Esta é a pergunta que o Menino nos coloca com a sua mera presença: permito a Deus que me queira bem?
E ainda: temos a coragem de acolher, com ternura, as situações difíceis e os problemas de quem vive ao nosso lado, ou preferimos as soluções impessoais (...) 
Quão grande é a necessidade que o mundo tem hoje de ternura! (...)
 
Estas são palavras do Papa Francisco na homilia da noite de Natal.
A ternura, que muitos tendem a confundir com lamechice, é na verdade do mais importante e bonito que há na vida; é o lado mais doce e carinhoso do amor.
E se soubéssemos dar-lhe mais atenção e relevância, o mundo seria certamente bem melhor.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

In memoriam


Gosto de vozes roucas. Hoje apagou-se  uma delas. Escolho, de entre as muitas canções possíveis, a que para mim tem feito mais sentido nos últimos dias.
Tenho, felizmente, alguns bons amigos. E essa é talvez a minha maior riqueza.


domingo, 21 de dezembro de 2014

Apaziguar os medos

 
Quando eu era pequena e tinha medo do escuro só no colo da minha mãe me sentia protegida daquele imenso negrume por onde eu acreditava virem monstros e perigos, escorregando misteriosamente no rasto de luar que  se introduzia pelas mais pequenas frinchas e me iluminava  partes do quarto, avolumando as sombras e adensando os recantos mais negros, que pareciam buracos vazios.
Na altura bastava-me chamá-la, bastavam-me os seus braços fortes e o calor da sua mão para acalmar e voltar a adormecer em paz.
Hoje, chamamo-nos uma à outra sem palavras, sentamo-nos em silêncio junto de uma janela sem vermos o que está para além dela, e apertamos as mãos na inquietação e no desconforto do que fica para lá do horizonte visível.
Agora  já não há monstros imaginários e o desamparo parece bem maior. Mas na vulnerabilidade do fim como na do início da vida é também o amor que nos tranquiliza e amplia  a certeza de que o medo e a morte não se intrometem na vida; fazem parte dela.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Amigos


Nunca fui uma daquelas pessoas que se gaba de ter um grande número de amigos, nem das que chama amigo a quase toda a gente, incluindo no grupo pessoas que mal se conhecem. Nisto, como noutras coisas, sempre fui mais da qualidade que da quantidade, preferindo a velhinha máxima do "poucos mas bons". 
E, no entanto, por mais lugar-comum que seja tudo isto, nada como passar por uma situação complicada, uma qualquer, que o que a motiva tanto faz, para perceber com quem realmente podemos contar.
É então que surgem as maiores surpresas. E as decepções, também. Nem sempre se recebe o apoio de quem mais se esperava, mas confirmam-se ou fortalecem-se muitos laços e acrescentam-se afectos no lugar dos abraços e dos sorrisos em falta. No fundo é quase como arrumar a casa. Quem verdadeiramente conta é quem está presente; e há mil e uma maneiras de isso acontecer.
O resto? Deita-se fora!...
 

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Natal?


                                                    Haverá um Natal e será o primeiro
                                                    em que nem o Natal terá qualquer sentido
                                                                                                                  
 (David Mourão-Ferreira)

Quase nem dou por isso. O "espírito da época" e o mundo inteiro passam-me agora um pouco ao lado. É como viver numa bolha, onde só há nevoeiro e tudo é incerteza, angústia e indefinição.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Incerteza


Un coup de dés jamais n'abolira le hasard

                                                                                                                           (S. Mallarmé)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Mãe não tem limite


Assim de repente, entre Domingo e Domingo, muda tudo.
Procuro aceitar os últimos acontecimentos com a naturalidade com que se encara a lógica da vida, relembro canções e poemas que são  a minha força de todas as horas (El fin muy cerca está, lo afrontaré serenamente ou continuará o jardim o céu e o mar (...) será o mesmo brilho, a mesma festa/ será o mesmo jardim à minha porta, ou avec le temps va tout s'en va), porque o sofrimento é sempre essencialmente silencioso e solitário.
A nossa história é linda, e é a esse longo caminho em comum que me agarro agora, a todas as lições de amor, generosidade e alegria que recebi a vida toda; e vou vivendo um momento de cada vez, na certeza que por mais ténues que sejam os fios que ainda a ligam à vida, quer tenhamos uma hora, um dia ou um ano para continuar a ver-nos e a rir juntas, o que nos une é tão forte que existirá para lá do tempo, e será sempre só de nós duas.

domingo, 7 de dezembro de 2014

Parabéns Helena!


É uma pessoa muito especial, de quem eu gosto muito. Tem um sorriso magnífico, uma aura de luz, uma contagiante alegria de viver, um coração enorme. E muitas outras coisas...
Hoje o dia é todo dela e há mil razões para festejar! É que, como ela diz: "O essencial permanece sempre." E para ela, que gosta de tudo o que é bom na vida, e porque o que há de mais essencial são os afectos,  aqui fica um abraço enorme e muito muito apertado. Parabéns Helena!

(Fotografia de Neusa Ayres)

sábado, 6 de dezembro de 2014

Clausura


Gosto de dias frios, límpidos e cheios de sol. E de passear pelas ruas sem destino, de me encolher  em quentes e aconchegantes abrigos, casacos, luvas, cachecóis, de sentir na cara e no cabelo a bravura do vento, de ir olhar o mar em fúria, ou de me sentar em silêncio diante da quietude tranquilizante de um rio que julgo um pouco meu, seja Tejo, Sena, ou Guadalquivir.
Há dois dias fechada em casa, longe de tudo, limitada pelas arestas da minha mesa de trabalho e sem mais horizonte que as árvores e o pedaço de céu que a janela me deixa ver, penso em Sophia, relembro vagamente a minha alma (...) prometida às ondas brancas e às florestas verdes, e intensifica-se-(me) o desejo de dias de liberdade e amplidão.
.
(Fotografia de Paulo Abreu e Lima)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Mas o que é isto? Hum?

 

Lisboa no Natal - iluminações fracturantes


por José Mendonça da Cruz, em 04.12.14

Estas são as iluminações de Natal de Lisboa. (...) esta fixação genital da Câmara de Lisboa não será já patológica?

 
(Mais um post irresistível e indecentemente roubado. Daqui)

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Fim de tarde de amigos


Sempre que a Helena tem um livro novo para lançar ao mundo, a festa está garantida. Porque só ela sabe transformar cada um desses encontros numa celebração da vida, muito mais do que em mera apresentação formal /comercial da obra. Por isso, para além do inevitável aparato mediático, que inclui as habituais poses de "figuras públicas" e das que aspiram a sê-lo, e o frenesim dos jornalistas munidos de microfones, máquinas, câmaras, e que apenas por isso passam por cima de tudo e todos (estão "em trabalho", pois então!), há uma alegria genuína no ar, que vem do brilho do sorriso lindo e franco de quem recebe bem toda a gente, com a mesma disponibilidade, simpatia e o bom humor que sempre a caracteriza. É tudo isso que nos faz sentir que ali se está entre amigos e que todos são bem-vindos.
Hoje, às sete, no Corte Inglés como de costume, voltamos  a encontrar-nos para ouvir falar do seu último livro - E Nada o Vento Levou -, o que será  também um óptimo pretexto para estarmos juntos de novo.
Por mim,  mesmo tendo que faltar ao curso do CCB, não perco esta apresentação. É que já não vejo a Helena desde Agosto e tenho muitas saudades. Assim, posso ouvir falar do novo livro, relembrar  o som da sua habitual gargalhada e, acima de tudo, voltar a  dar-lhe um abraço apertado.