segunda-feira, 17 de maio de 2021

De volta ao cinema


Se a Netflix vai sendo útil em tempos de confinamento, poder ir ao cinema é, de longe, outra coisa. Para mim, nada como magia do écran gigante, da sala escura e dessas duas horas em que nos deixamos transportar por histórias e vidas que, não sendo nossas, tantas vezes nos removem por dentro e nos fazem pensar.
Que bom, pois, poder voltar a um dos minhas paixões, com a benesse de agora nem sequer se poder comer ou beber nas salas, o que é claramente uma vantagem.
Optei pelo filme dos Óscares. Nomadland é, como seria de esperar, um filme triste. Mas poético, ainda assim. É um filme simples e complexo, bonito e áspero, com todas as contradições que marcam a existência, que trata de liberdade e de solidão, de precariedade e de incerteza, de morte e de vida, misturando ficção e realidade: Fern, a personagem principal, é fictícia, mas convive com nómadas reais que se interpretam a si mesmos, como Linda May, ou o mentor Bob Wells. Trata-se, no fundo de uma viagem por uma América um pouco diferente da que costumamos ver, ou que temos como representação mental, ao lado dos que escolhem a liberdade de ser e de fazer diferente, ou não têm outra possibilidade que não seja a de viver assim. Frances McDormand é excelente no seu papel de protagonista e também de fio condutor da narrativa, elo de ligação perfeito entre as várias histórias/vidas com que se cruza "down the road". 
O filme vale bem uma ida ao cinema, mas não sei se é assim tão excepcional para ser designado como "o melhor". Se calhar, a concorrência é que não era grande coisa. Mas, quanto a isso, não sou, por enquanto, capaz de ajuizar.

sexta-feira, 7 de maio de 2021

9 anos


O meu blogue é  quase adolescente, já que faz hoje 9 anos. Quem diria!... 
Quando o comecei, estava longe de imaginar que pudesse chegar tão longe e durar tanto tempo. E mesmo se, com o tempo, o entusiasmo inicial esmoreceu um pouco, tanto dias e horas depois posso dizer que me sinto orgulhosa das 1334 publicações de todos estes anos.
A todos os que por aqui vão passando, mesmo silenciosamente, muito obrigada por estarem desse lado.
E, parafraseando Jorge Palma, apetece-me dizer, também: "enquanto houver estrada para andar/a gente vai continuar."
 

domingo, 2 de maio de 2021

Amor maior



Sei bem como este dia sempre foi importante para ti. Talvez porque ser mãe foi o teu maior sonho e desafio, o teu melhor projecto e a tua razão de existir. Por isso te deste inteira, entregando-te de alma e coração, mesmo que aqui e ali possam apontar-se erros e sombras no percurso, já que é humanamente impossível escapar-lhes, por melhores que sejam as nossas  ideias e intenções. Sei, ainda assim, que te orgulhas da tua "obra" e acho, modéstia à parte, que tens razões para isso.
Lembro-me de como costumavam ser grandiosas as nossas comemorações, das infalíveis flores da florista "Malmequer", dos postais com palavras doces e queridas, dos almoços à beira-rio em restaurantes que já nem existem, e de tardes inesquecíveis de passeios, de risos, de conversas, de mimos, de cantigas desafinadas e outras parvoíces, próprias da cumplicidade única que só existe entre mãe e filha. 
Hoje, muita coisa mudou e já não pode ser como era, mas o nosso amor segue igual, sólido e invencível, para lá de todas as contrariedades e contingências, resistente ao tempo, ao espaço e até à pandemia, que só no ano passado não permitiu que nos víssemos. E, apesar de tudo o que agora é diferente, continua a ser uma sorte e uma felicidade ter-te ainda do lado da vida. 
Por isso, hoje, todas as flores de todos os jardins são para ti. E será sempre pouco, face ao que tu me deste a vida toda e continuas a dar, todos os dias.