tag:blogger.com,1999:blog-31482588969756576642024-03-06T00:44:56.132+00:00Isto e aquiloIsabel Mouzinhohttp://www.blogger.com/profile/11264467553300934847noreply@blogger.comBlogger1360125tag:blogger.com,1999:blog-3148258896975657664.post-21772718491623875562023-02-07T15:26:00.004+00:002023-02-07T15:31:16.067+00:00Poluição Sonora<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi01BbOL5ce4P3b4t5XFZiGNsr8dFksb-eHmFkA0GE5ZQNSwbholU3fyVrzpuyD0rrYzYgBf5KirtGSmoAj6nrpTjncEj3wOl3OOGhDnaX3b5AkPYI7gyv4XKzrWRG9roE0-Nho-ZHABA_MiIXyFRXywtk-NEBM0CWqLFJbXh62Ib9LUiVxykXrn0PN/s640/band-7014354_640.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="427" data-original-width="640" height="214" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi01BbOL5ce4P3b4t5XFZiGNsr8dFksb-eHmFkA0GE5ZQNSwbholU3fyVrzpuyD0rrYzYgBf5KirtGSmoAj6nrpTjncEj3wOl3OOGhDnaX3b5AkPYI7gyv4XKzrWRG9roE0-Nho-ZHABA_MiIXyFRXywtk-NEBM0CWqLFJbXh62Ib9LUiVxykXrn0PN/s320/band-7014354_640.jpg" width="320" /></a></div><br /><p></p><p></p><p style="margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black;">É muitíssimo irritante esta moda, que se tem vindo a expandir
ultimamente de maneira quase insuportável, dos "artistas" de rua que
se colocam em tudo quanto é esquina, e preferencialmente junto a cafés e
esplanadas, a massacra-nos os ouvidos com vozes mais ou menos afinadas e
performances instrumentais de qualidade duvidosa, tudo, em geral, agravado ainda pela
utilização de um microfone e de um amplificador, que tornam impossível qualquer tentativa de conversa.<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black;">Em certos locais de Lisboa, a situação já ultrapassa todos os
limites; e no Porto, segundo pude perceber há pouco mais de uma semana, não é muito
diferente. <o:p></o:p></span></p>
<p style="margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black;">Percebo que esta seja uma forma fácil de angariar algum dinheiro,
mas também me parece uma falta de respeito por quem está numa esplanada partir
do princípio que quem ali está quer ouvir aquela ou outra música qualquer e esperar
que ainda pague por isso. No fundo, não é mais que um exemplo de poluição
sonora, que se tem vindo a expandir de maneira exaustiva e inaceitável.<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black;">Na mesma linha estão as lojas, certos restaurantes,
as chamadas telefónicas que nos deixam em espera, ou até alguns elevadores que têm uma
exasperante "música de fundo" em volume mais ou menos potente, que não é mais do que
ruído e é, por isso, absolutamente desnecessária.<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black;">Será que ninguém explica a esta gente que o silêncio também é bom
e que a sua existência, muitas vezes, se agradece?</span></p><p></p>Isabel Mouzinhohttp://www.blogger.com/profile/11264467553300934847noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3148258896975657664.post-22185344231615977222023-01-19T12:56:00.002+00:002023-01-19T15:15:04.480+00:00Centenário<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6lS6OAc8exCDK91aTUBAxqp4UCwtlkqTZZ3viV7bKs-iAQgYqxej2WfKa5tqpDfGP6HyTuuoV8vP9qpwcW6Bh0q-v9oZ7YXN4qKwCY0f12Fir9WmsiXLg4_5oNnieA6yjM-Wx3lwv0KCnM9Y5lh0WMcCI2TFfClUJ8zmPrFB7j_Wd4Vu0dLsecK-7/s1024/Eugenio_de_Andrade-_2.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="672" data-original-width="1024" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6lS6OAc8exCDK91aTUBAxqp4UCwtlkqTZZ3viV7bKs-iAQgYqxej2WfKa5tqpDfGP6HyTuuoV8vP9qpwcW6Bh0q-v9oZ7YXN4qKwCY0f12Fir9WmsiXLg4_5oNnieA6yjM-Wx3lwv0KCnM9Y5lh0WMcCI2TFfClUJ8zmPrFB7j_Wd4Vu0dLsecK-7/w406-h266/Eugenio_de_Andrade-_2.jpg" width="406" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: justify;">É um dos meus poetas portugueses preferidos desde que, no Liceu, há muitos anos, um excelente professor de Português mo deu a conhecer. E apaixonei-me para sempre por este poeta cuja escrita límpida e o domínio da palavra exacta sempre me emocionam, responsável, em parte, com <i>Vergílio Ferreira,</i> que descobri pela mesma altura, pela minha opção de estudar Literatura.<br /><i>Eugénio de Andrade</i> faria hoje cem anos e, apesar de eu não ser muito dada a efemérides, essa é, parece-me, uma data a assinalar e a ocasião de voltar, uma vez mais, às suas palavras:</div><div style="text-align: justify;"><i><b><br /></b></i></div><div style="text-align: justify;"><i><b>Os Amigos</b></i></div><div style="text-align: justify;"><i><b><br /></b></i><i>Os amigos amei<br /></i><i>despido de ternura fatigada;<br /></i><i>uns iam, outros vinham,<br /></i><i>a nenhum perguntava<br /></i><i>porque partia,<br /></i><i>porque ficava;<br /></i><i>era pouco o que tinha, <br /></i><i>pouco o que dava,<br /></i><i>mas também só queria<br /></i><i>partilhar<br /></i><i>a sede de alegria -<br /></i><i>por mais amarga.</i></div>Isabel Mouzinhohttp://www.blogger.com/profile/11264467553300934847noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3148258896975657664.post-44707335937474316532022-09-08T15:45:00.009+01:002022-09-08T15:53:34.529+01:00Rainha(s)<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimUG89UOpmPwjr7hhkQmfN67NcQyrMyonCY-b0ri4ToxAIqZSlv8bMbMj2ZlQvPPksqAedeLavuWqK3yCxZ0ei171K-U-jFfFuhQKSyyCZO6dQmveyFRyKJmXuNGkbmpj9sF7XQiOQW05R9Nb3kf5eO3eWlVYcjJFpFcQrnNpnOeI-JJcbhOI-GesZ/s277/rainha.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="182" data-original-width="277" height="264" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimUG89UOpmPwjr7hhkQmfN67NcQyrMyonCY-b0ri4ToxAIqZSlv8bMbMj2ZlQvPPksqAedeLavuWqK3yCxZ0ei171K-U-jFfFuhQKSyyCZO6dQmveyFRyKJmXuNGkbmpj9sF7XQiOQW05R9Nb3kf5eO3eWlVYcjJFpFcQrnNpnOeI-JJcbhOI-GesZ/w339-h264/rainha.jpg" width="339" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJKXpD3nAUdq-dJfTUdGgElAS38WcDpdF1ZIK9jLYaADxzfmbdUzM0YaTrF7VrZKe1Skn-TWZQqou9KmzbGj8qA2iGsWOivfoiI3ourD128BqZiQ9ELfqdB0nOHZa0bddMzJ1v1VybUF3zVjh_IdJmKSMHyGdqZrmZcal4NgxQzUVultC86RNavhP1/s1440/mummy3.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1440" data-original-width="1440" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJKXpD3nAUdq-dJfTUdGgElAS38WcDpdF1ZIK9jLYaADxzfmbdUzM0YaTrF7VrZKe1Skn-TWZQqou9KmzbGj8qA2iGsWOivfoiI3ourD128BqZiQ9ELfqdB0nOHZa0bddMzJ1v1VybUF3zVjh_IdJmKSMHyGdqZrmZcal4NgxQzUVultC86RNavhP1/w346-h320/mummy3.jpg" width="346" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;">No momento em que o mundo está suspenso do que se vai passar com a Rainha de Inglaterra nas próximas horas e em que se supõe que o momento do fim está prestes a chegar, não posso deixar de pensar numa outra "rainha" e no tanto que ambas têm em comum, para além de serem da mesma geração e detentoras de uma longevidade que as levou até escassos quatro ou cinco anos de cumprir cem. Uma proeza!</div><div style="text-align: justify;">Claro que uma é conhecida e admirada pelo mundo inteiro e a outra é "rainha" num círculo muito mais restrito de quem a conheceu de perto e, principalmente, continua a ser rainha para mim, no fundo meu coração e em todas as memórias do que vivemos juntas. Claro que uma é nobre e outra é plebeia, mas têm, na verdade, muito mais em comum do que pode parecer à primeira vista: as duas são exemplos de coragem e de resistência, de força, de generosidade e de bom humor. E por isso deixam uma marca indelével, cada uma na sua dimensão.</div><div style="text-align: justify;">Sei muito bem como se vivem estas horas de agonia: sei da aflição de querer estar perto e de tentar de alguma maneira atenuar o sofrimento; sei da impotência de ter a noção que não se pode fazer nada a não ser estar ali; sei da tristeza imensa de pressentir que vamos ter que nos separar sem saber quando é que isso vai acontecer de facto; e de querer por todas as formas mostrar ainda que o amor que nos une é mais forte que tudo.</div><div style="text-align: justify;">E também sei como é o que vem depois. Sei como a saudade e a tristeza nos invadem em certas horas e dias; sei da doçura das recordações do que fez a nossa história, sei da preocupação de querer fazer sempre exactamente o que ela gostaria que fizéssemos sem perdermos a nossa individualidade, e do orgulho de termos podido viver tanto tempo em conjunto.</div><div style="text-align: justify;">E por mais dolorosas que sejam estas horas finais, o sentimento mais reconfortante que fica connosco todos os dias da nossa vida é que quem foi rainha um dia será, para nós, rainha para sempre.</div><p></p>Isabel Mouzinhohttp://www.blogger.com/profile/11264467553300934847noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3148258896975657664.post-75115596295950954092022-08-18T12:31:00.008+01:002022-09-14T11:46:01.050+01:00Deliciosamente terno<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4Slx6GCeJ--li_DF56dS0A3_MLjXQY7QnIyPmLSQXQQ3cfeFT1Y4ol9QL6o4nliD5CJ9dZ7jAXYulNdnicxwsca94TZAjle7GxXmAshCIJRiyVp0e1nleIPHxHiUxRT5jWkeKg5gyZ6yZigqMx8_BIw4PO0J--fGMKsv9DkfnYT8eYnrN4iv94QIi/s927/Le-Temps-des-Secrets.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="618" data-original-width="927" height="362" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4Slx6GCeJ--li_DF56dS0A3_MLjXQY7QnIyPmLSQXQQ3cfeFT1Y4ol9QL6o4nliD5CJ9dZ7jAXYulNdnicxwsca94TZAjle7GxXmAshCIJRiyVp0e1nleIPHxHiUxRT5jWkeKg5gyZ6yZigqMx8_BIw4PO0J--fGMKsv9DkfnYT8eYnrN4iv94QIi/w512-h362/Le-Temps-des-Secrets.jpg" width="512" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;">Um filme que se chama no original <i>Le Temps des Secrets</i> e cujo título título em português se transforma em "O Meu Verão na Provença" já faz prever uma tradução desastrosa. De facto, para quem, como eu, ouve o original, mas vai passando os olhos nas legendas depara-se com pérolas destas: <i>gibier</i> aparece traduzido como "jogos", quando na realidade deveria ser "caça", que não tem nada a ver e nem no contexto faria sentido, pois tratava-se de montar armadilhas para caçar pássaros. Ou a expressão <i>sauve-toi!,</i> traduzida por "salva-te!", quando na verdade deveria ser "pira-te!" ou "desaparece"! Uma anedota total, pois, e todo um espectáculo de ignorância e de incompetência, que me parece totalmente inadmissível.</div><div style="text-align: justify;">O filme, realizado por <i>Christophe Barretier</i> (o mesmo de <i>Les Choristes</i>, 2004) é a adaptação da obra homónima de <i>Marcel Pagnol</i>, terceiro volume das suas recordações de infância e adolescência, situado em termos de espaço e tempo no ambiente campestre das férias de Verão na <i>Provence, </i>nos anos 1905-1906. Trata-se de um retrato doce e melancólico, delicioso e divertido, que nos leva também até às nossas memórias mais remotas, tudo embrulhado de ingenuidade, ternura, cuidado e emoção, que nos faz sentir implicados na narrativa simples e despreocupada e sonhar diante de magníficas paisagens luminosas e soalheiras e das casas com portadas cor d'<i>azur</i>, tão típicas da <i>Provence</i>.</div><div style="text-align: justify;">Não é um filme imperdível, mas mesmo sendo um pouco suspeita, porque França me apaixona e gosto muito de cinema francês, acho que vale a pena vê-lo (ignorando as legendas, naturalmente...)</div><p></p>Isabel Mouzinhohttp://www.blogger.com/profile/11264467553300934847noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3148258896975657664.post-69123558236490894732022-08-04T15:49:00.005+01:002022-08-04T15:51:06.632+01:00A voz<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5qcsLnulIsE0DJ3oQhQhHzn1fBs6ZrWnTdWMUb8GGdgJ9VyJDeFCB_F6GSZ2Q04k9E9hmqMRMXioKM32GwJ5mP8kPXyH4HxJY2xOSp8u5lIwbhCM0YnpSBaF7wUGFLYgDcMnD1wRbrYhZZMVN1xbxkOzCoON_kYxNnTmAqbyA5gOmpoiaWb0_DXjR/s1080/represas%20lindinho.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="810" data-original-width="1080" height="326" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5qcsLnulIsE0DJ3oQhQhHzn1fBs6ZrWnTdWMUb8GGdgJ9VyJDeFCB_F6GSZ2Q04k9E9hmqMRMXioKM32GwJ5mP8kPXyH4HxJY2xOSp8u5lIwbhCM0YnpSBaF7wUGFLYgDcMnD1wRbrYhZZMVN1xbxkOzCoON_kYxNnTmAqbyA5gOmpoiaWb0_DXjR/w378-h326/represas%20lindinho.jpg" width="378" /></a></div><p style="text-align: justify;">Impossível deixar passar esta data. Mesmo se o entusiasmo bloguístico esmoreceu muito nos últimos tempos; mesmo se já escrevi inúmeros textos, - mais de dez -, sobre o assunto, e em particular sobre este dia "histórico" de 4 de agosto.</p><p style="text-align: justify;">Mas há coisas que não podem explicar-se. Por isso não encontro as palavras certas para dizer o efeito que esta voz tem em mim desde que, há muitos anos, a ouvi pela primeira vez. E na vida só encontrei, bem mais recentemente, outra voz capaz de me enamorar, de me embalar e de me emocionar tanto, companhia de todos os dias, sejam eles mais felizes ou mais sombrios, como uma luz capaz de chegar ao mais fundo de mim, de aproximar pessoas e de unir corações, de curar desgostos e de sarar feridas, dizendo daquela maneira doce que só a magia da música conhece, o que não conseguimos expressar de nenhum modo.</p><p style="text-align: justify;">Nas suas redes sociais <i>Luís Represas</i> veio hoje relembrar-nos a efeméride: "Faz hoje 46 anos que a Música tomou conta de mim. 16 anos de Trovante e mais 30 a Solo. E o caminho continua." Pois para mim é um pouco menos. Não são 46, mas também são muitos: são 39 anos ao longo quais esta voz me acompanha e me seduz, me fascina e arrebata. Imoderadamente. </p><p style="text-align: justify;">Que continue a ser assim por muito tempo. E que bom é haver artistas e vozes que trazem leveza e harmonia aos nossos dias e que nos fazem sentir mais felizes.</p><p style="text-align: justify;">Parabéns <i>Luís Represas</i>! </p><p style="text-align: right;">(Fotografia de <i>Manuela Santos Silva</i>)</p>Isabel Mouzinhohttp://www.blogger.com/profile/11264467553300934847noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3148258896975657664.post-62508066480316945672022-06-08T17:08:00.003+01:002022-06-08T20:37:03.820+01:00Eiffel : um filme aquém do esperado<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjw9D6s1pXxNDvz8H8M7HYJtfFigsU0gtN4FnzSg1Go8xSuuJbrDYpX5GpSRk3TmMnqhIwg7cx3Xcw0jPswsc8b9dRQj29wasonMSz6s6KptSjO1saI-ggKGKngzHhJS4oQXIZkIZELh0WF6OW4mgjnyrYtWM7m0O3QM1yFy_EvhDWi98AMxsIp6ZA/s1200/eiffel.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="900" height="380" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjw9D6s1pXxNDvz8H8M7HYJtfFigsU0gtN4FnzSg1Go8xSuuJbrDYpX5GpSRk3TmMnqhIwg7cx3Xcw0jPswsc8b9dRQj29wasonMSz6s6KptSjO1saI-ggKGKngzHhJS4oQXIZkIZELh0WF6OW4mgjnyrYtWM7m0O3QM1yFy_EvhDWi98AMxsIp6ZA/w370-h380/eiffel.webp" width="370" /></a></div><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6nIbErsbDdkcuc9zzHVQnVdqNd_CdykMaC5egawxQb1T5MSBxdgFMYpEFEm05Xjp0mh6-1ID2dIgyE4lc1DdiIuBkoaG-hAmjdZRN1BTOdU1UU4Dkcf2b5Lx_sJcCtUnlkxeNop9V_drVuO2F0zzSFPALCaraOT7Zvhr4IDH-pACCQ-VSbWPvGpe1/s1600/eiffel-2-1.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1067" data-original-width="1600" height="328" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6nIbErsbDdkcuc9zzHVQnVdqNd_CdykMaC5egawxQb1T5MSBxdgFMYpEFEm05Xjp0mh6-1ID2dIgyE4lc1DdiIuBkoaG-hAmjdZRN1BTOdU1UU4Dkcf2b5Lx_sJcCtUnlkxeNop9V_drVuO2F0zzSFPALCaraOT7Zvhr4IDH-pACCQ-VSbWPvGpe1/w374-h328/eiffel-2-1.jpg" width="374" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Apesar de ser um filme que se vê com agrado, <i>Martin Bourboulon, </i>o realizador de <i>Eiffel,</i> acentuou a historieta de amor em vez de concentrar o essencial do filme na construção da Torre, o que o tornaria bem mais interessante.</div><div style="text-align: justify;">O reencontro com um amor de passado, que ao que parece existiu de facto, mas não passou disso mesmo, é pois a trama central do filme, relegando quase para segundo plano a história da construção do monumento e essa é, talvez, a grande desilusão para quem esperava ver um filme onde fosse central a polémica que a Torre suscitou na época da sua criação, tornando-se com o tempo um dos mais emblemáticos monumentos não só de Paris, ou de França, mas do mundo inteiro. </div><div style="text-align: justify;">E mesmo com <i>Romain Duris</i> (sempre extraordinário) e E<i>mma Mackey</i> convincentes nos papéis de <i>Gustave Eiffel</i> e <i>Adrienne Bourgès</i>, mesmo com a interessante reconstituição de Paris do fim do século XIX, o filme sabe a poucochinho, um pouco na linha daquela piroseira chamada <i>Titanic</i>, em que num fundo histórico se cria um melodrama amoroso. <i>Gustave Eiffel</i> terá de facto conhecido <i>Adrienne </i>na<i> </i>sua juventude, mas o reencontro e a motivação para a construção da Torre não passam de ficção.</div><div style="text-align: justify;">Valia bem mais, do meu ponto de vista, que a história de amor fosse entre <i>Gustave Eiffel</i> e <i>La Dame de Fer</i>, que foi afinal a ligação que permaneceu para sempre, resistindo incólume à passagem do tempo.</div><p></p>Isabel Mouzinhohttp://www.blogger.com/profile/11264467553300934847noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3148258896975657664.post-79099678227875055292022-05-10T16:42:00.002+01:002022-05-11T08:50:49.201+01:00Uma ferida no coração de Paris<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiH2xm87w_P9hYde3rF9bGsbfhJw5ulpGSac2eHMICWou9ZS4ycpepiJnTCAVxtEzAhOmLKYgFp2G_6fw1BuhyXF5R01vY6Vr4kqDsHuPJTkvCFw-s1P950W6ovvpfD8XBraOPTkmB8_QBdWCtA9ICT4U85GxDeWsufaHGu-OIrhRXGSqnO3D6SyuUV/s1136/1136_notre-dame-brule.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="777" data-original-width="1136" height="338" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiH2xm87w_P9hYde3rF9bGsbfhJw5ulpGSac2eHMICWou9ZS4ycpepiJnTCAVxtEzAhOmLKYgFp2G_6fw1BuhyXF5R01vY6Vr4kqDsHuPJTkvCFw-s1P950W6ovvpfD8XBraOPTkmB8_QBdWCtA9ICT4U85GxDeWsufaHGu-OIrhRXGSqnO3D6SyuUV/w406-h338/1136_notre-dame-brule.webp" width="406" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoSaXrPfJ2za1uuS5gzTTbQ1m0e8TXM0prgvFJHUkAMb-D0FDvZQjKzooX-OCDyKPoDtBzATlYE7oo2YxxiXNSzaw3g5XUcSIW3wfrPKe7WMEpWwshkpcLMdIrysDxQfUoNtRKfHKirapEORAI2R53ioXRHlzuKkjAIeleTgDBbUDO3cX1UiI2nw3n/s1440/notre%20dame%203.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1440" data-original-width="1440" height="347" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoSaXrPfJ2za1uuS5gzTTbQ1m0e8TXM0prgvFJHUkAMb-D0FDvZQjKzooX-OCDyKPoDtBzATlYE7oo2YxxiXNSzaw3g5XUcSIW3wfrPKe7WMEpWwshkpcLMdIrysDxQfUoNtRKfHKirapEORAI2R53ioXRHlzuKkjAIeleTgDBbUDO3cX1UiI2nw3n/w409-h347/notre%20dame%203.jpg" width="409" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaHSBIRkcnfXsEr67TNx0aUP-eWYJA4rG_5XNauaSz4QgkzeVauWD3KoNUtR2nATVD7zOI9LBRkN-2vjiof4sRTS_ra_fZjKpNDDeVZwcdaUpii-iByVFSzCIOQQJYXc7JiBmNTeapLtLPk43wNM5dZitZh2JzkxmMNLGbMtHP6v-_imv0HJIlVYUX/s1350/notre%20dame%204.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1350" data-original-width="1080" height="345" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaHSBIRkcnfXsEr67TNx0aUP-eWYJA4rG_5XNauaSz4QgkzeVauWD3KoNUtR2nATVD7zOI9LBRkN-2vjiof4sRTS_ra_fZjKpNDDeVZwcdaUpii-iByVFSzCIOQQJYXc7JiBmNTeapLtLPk43wNM5dZitZh2JzkxmMNLGbMtHP6v-_imv0HJIlVYUX/w406-h345/notre%20dame%204.jpg" width="406" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><i>Jean-Jacques Annaud</i>, conceituado realizador, autor de títulos sonantes como "O Nome da Rosa" ou "Sete anos no Tibete", propôs-se abordar um assunto verídico, recente e por isso mesmo sensível: o incêndio na catedral de <i>Notre-Dame</i>.</div><div style="text-align: justify;">Voltei a emocionar-me como me aconteceu há três anos, naquele fim de tarde de 15 de Abril de 2019, quando mesmo à distância a vi a arder e a temi totalmente destruída, tal como cerca de trinta anos antes chorara com o incêndio do Chiado, ou como me invade um certa nostalgia cada vez que volto a Paris e a vejo ainda amputada, silenciosa, e fechada, apesar de continuar de pé. Mas eu sou uma parisiense de coração, trago Paris sempre comigo e, por isso, o filme tinha que me tocar de maneira especial. Era uma inevitabilidade.</div><div style="text-align: justify;"><i>Notre-Dame brûle</i> é pois uma história tristemente real cujo final conhecemos, mas não é por isso que é menos empolgante. Porque nela se conta como apesar de tudo foi possível mantê-la erguida, salvar grande parte dos seus "tesouros", permitir que renasça das cinzas, graças ao esforço e à coragem de um conjunto de homens e mulheres - os bombeiros de Paris - que pondo em risco as suas vidas a salvaram de uma tragédia maior e aos quais o filme parece querer prestar uma justa homenagem.</div><div style="text-align: justify;">Ver este filme é também uma viagem de regresso a um lugar que era e é de todos nós, às memórias de todas as vezes em que nos recolhemos no seu interior em oração ou em deslumbramento, em que subimos às suas torres e nos deixámos encantar pela sua história e pela vista da cidade aos nossos pés, em que a olhámos demoradamente, ou que vimos nela um símbolo e uma referência, um tesouro universal, lugar mágico e poderoso onde se juntam numa sintonia perfeita religião, cultura e arte.</div><div style="text-align: justify;">Há uma beleza intrínseca ao furor implacável das chamas e uma bravura tensa no seu combate que <i>Jean-Jacques Annaud</i> soube pôr em imagens, num filme em que a catedral e o fogo são os protagonistas e que ele mesmo designou como uma espécie de "docuficção", com imagens reais dos acontecimentos daquele triste dia contados em pormenor e momentos ficcionados, fazendo uma recriação da incredulidade que todos sentimos perante o que pensávamos que não pudesse acontecer nunca.</div><div style="text-align: justify;">É um filme a não perder, absolutamente, para os que amam Paris como eu, mas também para os que gostam de um filme bem feito que, para lá dos meios e desafios técnicos, mostra o horror de um acontecimento real pelo lado dos que o viveram mais de perto e que, apesar de todos os imprevistos, contratempos e indecisões, permitiu o que muitos consideraram um milagre no meio da desgraça: a catedral resistiu.</div><div style="text-align: justify;"><div><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/YlDXdPSEtgk" width="320" youtube-src-id="YlDXdPSEtgk"></iframe></div></div><p></p>Isabel Mouzinhohttp://www.blogger.com/profile/11264467553300934847noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3148258896975657664.post-63363561081792687702022-05-09T15:49:00.005+01:002022-05-09T15:51:50.402+01:00Aniversário de "isto e aquilo"<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJzjsdoKxBY38xqzBy9FnCUPIYteeEy2N4dmAG8mdE96hraOM1_DRTZcfBRjNxAWq7298pl1ifOrR9Wv1V95bOzP3CvtpnWgWEzu_hTwgffaEOZqYlOTfTE_d7rzHWT9ZB8TBRfKihiK4wmICnv5R9JylbExKmByofGg1lO4weWZQ77xqGB3gdFr6E/s1287/10anos.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1262" data-original-width="1287" height="406" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJzjsdoKxBY38xqzBy9FnCUPIYteeEy2N4dmAG8mdE96hraOM1_DRTZcfBRjNxAWq7298pl1ifOrR9Wv1V95bOzP3CvtpnWgWEzu_hTwgffaEOZqYlOTfTE_d7rzHWT9ZB8TBRfKihiK4wmICnv5R9JylbExKmByofGg1lO4weWZQ77xqGB3gdFr6E/w414-h406/10anos.jpg" width="414" /></a></div><div style="text-align: justify;">Lembrei-me agora, de repente, que "o meu mais velho" celebrou anteontem mais um aniversário. Dez anos e 1353 posts depois, aqui vamos resistindo à passagem do tempo, embora já não com o mesmo entusiasmo que têm todos os inícios.</div><div style="text-align: justify;">Na verdade, a falta de tempo, a falta de paciência, ou simplesmente, o facto de não saber sobre o que escrever e ter às vezes a sensação que é sempre um pouco sobre as mesmas coisas que me detenho, faz com que passem muitos dias sem nenhuma publicação.</div><div style="text-align: justify;">Como sempre, evito o mais óbvio: não quero falar da guerra da Ucrânia que nos traz a todos inquietos e abismados, nem da inflação, do calor excessivo para a época, da crise, ou de qualquer dessas coisas.</div><div style="text-align: justify;">Mas agora que os dias de sol e a aproximação das férias prometem novo ânimo pode ser que me volte a apetecer andar mais por aqui, porque escrever é na verdade, apesar de tudo, uma coisa que me dá prazer e que não pretendo deixar de fazer.</div><p></p>Isabel Mouzinhohttp://www.blogger.com/profile/11264467553300934847noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3148258896975657664.post-53771220321466835162022-05-01T16:35:00.007+01:002022-05-01T20:31:43.164+01:00Juntos outra vez<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEil3S87m9oPD6HMONJWHLSjr7JKbqnOda4_xjMM-DQKF_LbI1Ll8HRaB5VQdxGA9JMPkU16x_ifydoGfr8kzqS0QHrvTthRrC1s0mP0t45PGrJVkBuvY_2wxFUdxv1sECYfCZgB8JQmdFkKyxLfAWdEa9nw-h5kqkDLf7nzy0P9eWmE0o104yLEf6nf/s526/represas%20ontem.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="526" data-original-width="526" height="433" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEil3S87m9oPD6HMONJWHLSjr7JKbqnOda4_xjMM-DQKF_LbI1Ll8HRaB5VQdxGA9JMPkU16x_ifydoGfr8kzqS0QHrvTthRrC1s0mP0t45PGrJVkBuvY_2wxFUdxv1sECYfCZgB8JQmdFkKyxLfAWdEa9nw-h5kqkDLf7nzy0P9eWmE0o104yLEf6nf/w373-h433/represas%20ontem.jpg" width="373" /></a></div><p style="text-align: justify;">Era um dos seus grande prazeres. Era assim há muitos anos. Sentava-se na sua frente e durante cerca de duas horas era como se o mundo e o tempo parassem e a realidade fosse só aquela viagem a um lugar de sonho, uma viagem de emoções, percorrendo histórias e sensações, sentimentos e memórias, feita de música e de palavras que a levavam por muitos lugares; e sentia-se bem, porque tudo era doce e bonito como aquela voz que a embalara a vida inteira, que era casa e conforto, que apesar da passagem do tempo continuava única e límpida, que sempre a hipnotizava como se houvesse nela uma luz ou um feitiço qualquer, que era capaz de a levar até ao mais fundo de si. Por isso os momentos assim eram inexplicáveis para quem não os vivia; por isso, num instante se passava do riso à cumplicidade, à memória, à comoção, tudo só sensibilidade à flor da pele, tudo tão verdade, que até parecia mentira. Poucas coisas a faziam tão feliz.</p><p style="text-align: justify;">Mas naquela noite do último dia de Abril a magia do que se passou fora ainda mais especial. Talvez porque o que se passara nos dois anos em que não tinham podido olhar-se e sorrir ou abraçar-se sem medo, nem máscaras, nem distanciamentos prudentes parecia agora ter terminado, talvez porque havia naquele ambiente de festa uma alegria implícita de celebração da vida, ou porque os anos e as vivências em comum tinham apertado os laços e aprofundado sentimentos, e o que começara por ser uma voz de que se gosta se tornara com o tempo parte da família afectiva, aquela que é para levar para sempre coladinha ao coração, ou também porque em véspera de um "Dia da Mãe" vivido em ausência pela primeira vez, aquela noite inesquecível lhe tinha sabido a colo e a amor.</p><p style="text-align: justify;">Obrigada, Luís Represas!</p>Isabel Mouzinhohttp://www.blogger.com/profile/11264467553300934847noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3148258896975657664.post-25176411459189815382022-04-07T13:39:00.000+01:002022-04-07T13:39:29.081+01:00Palavras que já não se aguentam (I) - O "empoderamento" <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmlb8DcsNrGtm95CvXHq7nxVPNDZ9brNH-Z9amPy-4Z09kMQcfLN188KzmeZ9Eo_0W_kgfgabMHVyqfThwqk3eA5n-WjNAQnqDcQo_A88t6IGR2Wl2u6etiLQF2eQY0T9iaq8GmBzvoWH1_cTUJFJWyYhALmll_tKoZtJ8WbmmiLmWMFJ_4usKuZOX/s900/feminismo-900x700.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="700" data-original-width="900" height="353" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmlb8DcsNrGtm95CvXHq7nxVPNDZ9brNH-Z9amPy-4Z09kMQcfLN188KzmeZ9Eo_0W_kgfgabMHVyqfThwqk3eA5n-WjNAQnqDcQo_A88t6IGR2Wl2u6etiLQF2eQY0T9iaq8GmBzvoWH1_cTUJFJWyYhALmll_tKoZtJ8WbmmiLmWMFJ_4usKuZOX/w454-h353/feminismo-900x700.jpg" width="454" /></a></div><p style="text-align: justify;">Há palavras que de tão repetidas, a propósito ou a despropósito, se vão gastando e chegam ao ponto de já não se poder ouvir, perdendo por isso o seu valor, significado, força.</p><p style="text-align: justify;">O "empoderamento" é um desses casos. Recentemente muito associado à causa feminista e à defesa da igualdade de género, o termo tem servido para tudo e mais alguma coisa e tem sido usado de forma excessiva e indiscriminada por quem se pretende fazer notar, com razão ou sem ela. Nada contra o princípio subjacente, nem contra qualquer tipo de autonomia associado a poder de decisão próprio sobre liberdades várias após muitos anos de machismo, de desigualdades, e de luta para os combater.</p><p style="text-align: justify;">Mas, sinceramente, é uma palavra, entre muitas outras, daquelas que já não posso ouvir e que me fazem sempre olhar com certa desconfiança para quem a profere a propósito de tudo e mais alguma coisa. É que o seu uso imoderado pode até levar a acentuar aquilo contra o que se quer lutar.</p><p style="text-align: justify;">Pior que o empoderamento, mas na mesma linha, só mesmo a "sororidade". E da mesma maneira que me irritam muito as pessoas que dizem não gostar de homens ou de mulheres, mas de "pessoas", também não aprecio nada esta ideia de "mulheres unidas jamais serão vencidas" numa espécie de conspiração contra o sexo oposto, porque creio na verdade que os homens precisam das mulheres na mesma medida do seu contrário e acredito que só juntos (as "pessoas") podemos mudar alguma coisa. </p>Isabel Mouzinhohttp://www.blogger.com/profile/11264467553300934847noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3148258896975657664.post-70627889047143862722022-03-07T17:16:00.004+00:002022-03-07T18:58:22.339+00:00Aniversário<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEi3sWhAjqZqIZEuYpMKBptarjoweaFV5KWBJDVM0DaLQR1IuCpGZ7TlIBVJjGcE7JgfPDV14EzXh0zqanULpxcwPenEi4AAysvq3At7BE3kdMEaLYYgmFDQmrdjlwTgq_wS_-InjjZ_Q0Gub8wxd9Hewyd4pPMvIEZdZf8qlF_QjP91f2OaN2XBRUGl=s225" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="225" data-original-width="225" height="345" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEi3sWhAjqZqIZEuYpMKBptarjoweaFV5KWBJDVM0DaLQR1IuCpGZ7TlIBVJjGcE7JgfPDV14EzXh0zqanULpxcwPenEi4AAysvq3At7BE3kdMEaLYYgmFDQmrdjlwTgq_wS_-InjjZ_Q0Gub8wxd9Hewyd4pPMvIEZdZf8qlF_QjP91f2OaN2XBRUGl=w301-h345" width="301" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;">Fazer anos, para mim, é sempre uma grande festa. Gosto de fazer anos, porque há muitas coisas boas que me fazem feliz e porque a vida é sempre para celebrar.</div><div style="text-align: justify;">Este ano, pela primeira vez, não tenho a minha mãe fisicamente comigo, mas ela continua presente, todos os dias, na minha memória e no meu coração; e tê-la tido durante tanto tempo é muito maior e melhor do que a falta que agora, às vezes, ainda sinto que ela me faz.</div><div style="text-align: justify;">E depois, não me posso queixar de nada. Tenho saúde, trabalho, uma casa linda pela qual vivo apaixonada e onde me sinto muito bem, alegria, felicidade, o mar aqui ao pé, este magnífico sol de Lisboa, e mais coisas... Na verdade, não me falta nada.</div><div style="text-align: justify;">Mas o mais importante de tudo são os afectos. São as pessoas que eu amo e me fazem sentir querida, é um leque de amigos que me mima muito, que me apoia e compreende, mesmo quando não concordamos, que me aquece a alma; é esse lado mais sorridente da existência, que faz que ela valha verdadeiramente a pena. Acho que nunca saberei agradecer-lhes com palavras tudo o que me dão, mas nestes tempos em que o mundo parece que ficou louco de repente, viver a tranquilidade deste dia cheio de amor é um oásis de paz, que me faz sentir abençoada e muito, muito, agradecida.</div><p></p>Isabel Mouzinhohttp://www.blogger.com/profile/11264467553300934847noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-3148258896975657664.post-6946204525292492962022-03-03T09:42:00.002+00:002022-03-03T09:45:50.575+00:00Bardem: um actor sublime<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhdxGf_iSQ6-L50Vr2OK1QcMkEb0-tjIvc_MUkymGt_aVH19-9ycjbhAz8-MBTDtEGOKlJwUqHHjkrRKI0UF-6NMr-eUfFAv2DAwwU1at6-fLoFhV2JiO8SZzMxaf3OIPrQ89D5AKYt6JjN0sqWJooKX7ssHrNll2Smu_xBQ_NuIj4wtK4D-KjQ-rQA=s480" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="324" data-original-width="480" height="318" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhdxGf_iSQ6-L50Vr2OK1QcMkEb0-tjIvc_MUkymGt_aVH19-9ycjbhAz8-MBTDtEGOKlJwUqHHjkrRKI0UF-6NMr-eUfFAv2DAwwU1at6-fLoFhV2JiO8SZzMxaf3OIPrQ89D5AKYt6JjN0sqWJooKX7ssHrNll2Smu_xBQ_NuIj4wtK4D-KjQ-rQA=w427-h318" width="427" /></a></div><p></p><p></p><p style="text-align: justify;">Quase vinte anos depois do memorável <i>Los Lunes al Sol </i>(2002)<i>, </i>a dupla <i>Fernando Léon Arenoa</i> (o realizador) e <i>Javier Bardem</i> (o protagonista) voltam a reunir-se num filme que tem como pano de fundo o mundo laboral e que já lhes valeu seis prémios <i>Goya</i>: melhor filme, melhor actor, melhor realizador, melhor montagem, melhor música, melhor guião original.</p><p style="text-align: justify;"><i>Javier Bardem</i> é um dos mais notáveis actores espanhóis e, na verdade, todo o filme é ele. Aqui, como o "patrão", dono de uma empresa familiar de balanças industriais, "Basculas Blanco", numa interpretação magistral que nos faz conseguir empatizar com a personagem, apesar do seu lado cínico, manipulador e sem escrúpulos, disposto a tudo para atingir determinados fins e manter as aparências.</p><p style="text-align: justify;">Há actores que fazem qualquer filme valer a pena. <i>Javier Bardem</i> é um deles. E, mesmo muito bem acompanhado, como é o caso, com <i>Manolo Solo</i>, <i>Almudena Amor</i>, <i>Óscar de la Fuente</i>, é por ele, sobretudo, que vale a pena ver esta sátira social, plena de humor e malícia, um comédia negra deliciosa, muito divertida e com momentos verdadeiramente hilariantes.</p><p style="text-align: justify;">E que bom que é voltar ao cinema!</p>Isabel Mouzinhohttp://www.blogger.com/profile/11264467553300934847noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3148258896975657664.post-26947077773297883612022-02-17T16:49:00.004+00:002022-02-17T16:52:21.895+00:00É o que é<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhoa1z8ueZGPd9d5cUQtcpCV4KeYsERxNCusLUsDrA2HPMVierr5Z0ePzD5Mz1X9zW1BFcBCP0l4feVUdfc7ZsVJU8NW7GI9pf3kzDSoXjap2FRHycQ77AZncJKS7aOgyePt905kQyKFlLRRomEQMOJ1lTGxHa_x-p9qt_-VxMJPx0lMXwsdhdmZtXr=s480" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="480" height="362" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhoa1z8ueZGPd9d5cUQtcpCV4KeYsERxNCusLUsDrA2HPMVierr5Z0ePzD5Mz1X9zW1BFcBCP0l4feVUdfc7ZsVJU8NW7GI9pf3kzDSoXjap2FRHycQ77AZncJKS7aOgyePt905kQyKFlLRRomEQMOJ1lTGxHa_x-p9qt_-VxMJPx0lMXwsdhdmZtXr=w361-h362" width="361" /></a></div><p style="text-align: justify;">Por estes dias em que se aproximam os meus anos, dou comigo a pensar como a vida se vai construindo consoante as opções, boas ou más, que vamos tomando ao longo dos anos, em função da nossa maneira de ser e de circunstâncias várias. É nesta altura do ano em que os dias ficam maiores e a temperatura amena nos faz sonhar com evasões e outras paragens, que eu páro para pensar no que tenho, no que sou, de onde venho e para onde quero ir.</p><p style="text-align: justify;">E apesar de ser já considerável o caminho percorrido, não me vejo muito diferente do que sempre fui, apesar das cicatrizes e nódoas negras que se vão ganhando, do que a experiência nos modifica e o tempo nos ensina, de corrigirmos e alterarmos algumas formas de ser e estar. Mas nem o vivido me pesa, nem me posso queixar. Vou encontrando encanto em cada nova etapa e continuo a gostar de ser como sou, imperfeita e inquieta, sensível e emotiva de forma imoderada apesar de poder parecer uma "durona" à primeira vista, muito dada a mimos e a meiguices, organizada e desconcertante, razoável e excessiva, alegre e arrebatada, "bocazas" e amalucada, leal e sonhadora, cheia de virtudes e de defeitos como toda a gente, "senhora do seu nariz", conservadora e ousada, convicta e apaixonada, com muito que melhorar, com todos os afectos que a vida me trouxe, que são a minha maior riqueza, e incluem também quem ficou pelo caminho e os laços que não quero nem posso desatar e me são fundamentais para me sentir querida e feliz. </p><p style="text-align: justify;">Amo as cores pastel, com o azul claro em destacadíssimo primeiro lugar, as línguas, as artes e as letras, tal como gosto de pessoas e de cidades, de mar e de sol, de ouvir chamar o meu nome e de andar a pé, de abraços apertados e de festas no cabelo, de regressar a casa, de conversas entre amigos noite dentro e de manhãs de preguiça, do primeiro café do dia, de voltar a Paris e a Sevilha, do dia dos meus anos.</p><p style="text-align: justify;">Assumo os meus defeitos, medos e vulnerabilidades, procuro sempre mais e melhor e sei que, no fundo, sou boa pessoa e, modéstia à parte, sei também que quem me descobre os "encantos secretos" gosta de mim de verdade.</p><p style="text-align: justify;">Agora que o meu mês de Março está quase aí, vejo-me outra vez mais perto do sol e do mar e sonho com as minhas cidades, - as de sempre, que são casa e colo, e as que espero poder conhecer pela primeira vez e descobrir devagar, - porque ver, experimentar e aprender continua a ser o que me move e apaixona. E espero que seja sempre assim.</p>Isabel Mouzinhohttp://www.blogger.com/profile/11264467553300934847noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3148258896975657664.post-5137667245224548712022-01-31T17:06:00.001+00:002022-01-31T17:06:19.887+00:00Sabores de infância : a pêra-rocha<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg2YSVzdZT4xSluxgfgrpkSJd9I29rOJ3j5NxNb_LCf4HKQU_93roDGB7BV7OvvvdGZSV_Jj7KVKT_tOvtN37mKG3vabO-tdz-Ib4WIMXxSsZOw6m7kE-yPKY8pUcI3HItYzulCylMK9-CUibDLQABDy3vHEcOp4Jej_GZX_PeA1hd0l9jHcY4SBWRE=s275" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="183" data-original-width="275" height="306" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg2YSVzdZT4xSluxgfgrpkSJd9I29rOJ3j5NxNb_LCf4HKQU_93roDGB7BV7OvvvdGZSV_Jj7KVKT_tOvtN37mKG3vabO-tdz-Ib4WIMXxSsZOw6m7kE-yPKY8pUcI3HItYzulCylMK9-CUibDLQABDy3vHEcOp4Jej_GZX_PeA1hd0l9jHcY4SBWRE=w365-h306" width="365" /></a></div><p style="text-align: justify;">Por motivos vários, tenho andada arredada da escrita e deste mundo bloguístico, que caiu um pouco em desuso nos tempos apressados que vivemos, em que o instantâneo e o imediato se nos impõem como uma condenação.</p><p style="text-align: justify;">Regresso hoje aqui, pela primeira vez em 2022, mas evito o assunto do momento. Não, não vou comentar os resultados eleitorais, nem que seja por gostar de escapar ao mais óbvio.</p><p style="text-align: justify;">Hoje, uma pêra-rocha à hora de almoço, soube-me a praia. Parece uma estranha associação, mas não é assim tão descabido. A minha mãe, sempre atenta à comida saudável, na qual a fruta tinha lugar de destaque, costumava muitas vezes levar pêra-rocha para a praia. Era pois frequente, depois do banho de mar, sentarmo-nos nas toalhas, ao sol, a trincá-las vagarosamente.</p><p style="text-align: justify;">Não havia cá "bolas de Berlim" para ninguém, apenas as batatas fritas nos eram permitidas, mas não sempre, e/ou um "Olá fresquinho", muito de vez em quando. É talvez por isso que não sou de todo fã das "Bolas de Berlim", nem percebo o sentido que faz comê-las especificamente na praia. </p><p style="text-align: justify;">É que, para mim, para além do cheiro do creme <i>Nívea</i>, é o sabor adocicado das pêras - rochas que me leva de volta à praia e de certo maneira me evoca esses dias em que o tempo parecia passar mais lento, e todas as manhã e tardes de Verão, com sabor a despreocupação, a sol, a vento e a mar.</p><p style="text-align: justify;">Ai meu Deus, parece-me que estou um pouco Proustiana. Ou talvez não...</p>Isabel Mouzinhohttp://www.blogger.com/profile/11264467553300934847noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3148258896975657664.post-11760828453635116722021-12-31T17:35:00.004+00:002021-12-31T17:38:37.788+00:00No último dia do ano<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEh2C6zK9vTc3_cLT0xoSDPw3OjVx_Qm1QNlzllwMX-cJuqhudNb6ObGx1ryFnkY_pk_kj2_XMquisMVgRHKACBG8nVDBaDeIhWbKjPv5thycl9jeedaVPhj_Vw_OVQAlb-C5ONCUnWw-Bu8jTyO7mGbiP9t1tpKfxGZkJKmDOjBXEukJRZYffKCJYH1=s1080" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="349" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEh2C6zK9vTc3_cLT0xoSDPw3OjVx_Qm1QNlzllwMX-cJuqhudNb6ObGx1ryFnkY_pk_kj2_XMquisMVgRHKACBG8nVDBaDeIhWbKjPv5thycl9jeedaVPhj_Vw_OVQAlb-C5ONCUnWw-Bu8jTyO7mGbiP9t1tpKfxGZkJKmDOjBXEukJRZYffKCJYH1=w335-h349" width="335" /></a></div></div><br /><div style="text-align: justify;">Quem me conhece já sabe que não sou dada às festividades obrigatórias (com excepção do meu dia de anos) e que, por isso, não ligo nenhuma a este último dia do ano e às comemorações mais ou menos ruidosas que lhe estão associadas.</div><div style="text-align: justify;">Tempo de balanços e de bons propósitos para os dias vindouros, a verdade é que é apenas mais um novo dia a juntar a tantos outros que, todos juntos, vão fazendo a nossa vida.</div><div style="text-align: justify;">2021 não deixa muitas saudades. Marcado pela continuação da pandemia em termos globais, foi, ainda assim, um ano de mudanças e de desafios, como sempre, de dolorosas e irreparáveis perdas, de regressos e de conhecimento, de reencontros e de despedidas, de laços consolidados, de amores e amizades da vida inteira, de vacinas e de teletrabalho, de lazer e de viagens (foram nove, apesar das máscaras e dos constrangimentos) e de tantas preocupações e alegrias, emoções, sentimentos e momentos, coisas pequenas e grandes, que me marcaram e modificaram.</div><div style="text-align: justify;">Não vivo este último dia do ano em euforia, guardo as alegrias e os festejos para momentos de celebração só meus, mas não posso deixar de fazer como toda a gente e de desejar o melhor (saúde, felicidade, paz e amor) para o novo ano, que começa já amanhã. Que seja bom para todos!</div><p></p>Isabel Mouzinhohttp://www.blogger.com/profile/11264467553300934847noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3148258896975657664.post-75919989456847558752021-12-13T15:24:00.004+00:002021-12-15T12:10:23.957+00:00"Madres paralelas": o talento de um contador de histórias<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhC9dRufe1l5sOUx6UlnlmCmCCz5hNZvesDGDMGy5KBbbmTlSTulbF9MNE763vgKYYI5ozAzn1XNerIom9ng7nT6cdVifS1OSGozZNvIcGHqxgQlBaBK5HBrNi9N6c9cspmollftHPoWE_rR_CcCBEWiM8EQASE40qroc1H2jO0jfcvU_QGTaHcb7lN=s1360" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="765" data-original-width="1360" height="276" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhC9dRufe1l5sOUx6UlnlmCmCCz5hNZvesDGDMGy5KBbbmTlSTulbF9MNE763vgKYYI5ozAzn1XNerIom9ng7nT6cdVifS1OSGozZNvIcGHqxgQlBaBK5HBrNi9N6c9cspmollftHPoWE_rR_CcCBEWiM8EQASE40qroc1H2jO0jfcvU_QGTaHcb7lN=w491-h276" width="491" /></a></div><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Sou suspeita: A<i>lmodóvar</i> é um dos meus realizadores favoritos e não perco nunca os seus filmes, embora, naturalmente, não goste de todos de igual modo. Não podia, pois, deixar de ver "Madres paralelas", a sua mais recente obra, que valeu a P<i>enélope Cruz</i> um merecidíssimo reconhecimento de "Melhor Actriz" no último Festival de Veneza.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Como quase sempre, as mulheres estão no centro da narrativa, com as consagradas <i>Penélope Cruz</i> e <i>Rossy de Palma</i>, presenças expectáveis e<span> até obrigatórias, </span>muito bem acompanhadas por <i>Milena Smit </i>nos papéis de <i>Janis</i>, <i>Elena</i> e <i>Ana,</i> respectivamente, a representar a maturidade nos dois primeiros casos e a geração <i>millenial</i>, no último.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">"Madres Paralelas" é um drama sentimental e histórico, pleno de peripécias dramáticas e de perturbadoras coincidências, mas também da estética fortemente colorida a que nos habituou <i>Almodóvar</i>, que concilia o universo feminino atual nas suas angústias, fortalezas, medos e vulnerabilidades, com os fantasmas do passado franquista e as feridas da Guerra Civil ainda por sarar. E fá-lo com o brilhantismo de que só os grandes contadores de histórias são capazes, tornando-o um filme simultaneamente doce e amargo, simples e complexo, intenso e perturbador, que nos fascina e emociona, como sempre acontece com as obras de arte, sem nunca cair na lamechice pateta, ou no melodrama excessivo. </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Não será o <i>Almodóvar</i> de que eu mais gostei, mas é sempre uma aposta segura e um filme a sugerir vivamente. Recomenda-se muito, pois claro!</div><p></p>Isabel Mouzinhohttp://www.blogger.com/profile/11264467553300934847noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3148258896975657664.post-7117813992274935772021-11-24T12:46:00.003+00:002021-11-24T13:05:05.301+00:00O verdadeiro artista<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLTr_uVxH06ak_CQYfZWMlK4UmrBSjbML7EHAvG6i3JtQ67wwSL53ZnQ4pUBOyzK92QBP247HtJt3ycxquYUgCtb_fPJL4Wm0CV0HAl_egpa557F3CRIOT9PqZoytRAQyEb1l-d5q6jAA/s1798/LuisRepresas_43AnosdeCarreira_ColiseuLisboa-22.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1798" height="245" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLTr_uVxH06ak_CQYfZWMlK4UmrBSjbML7EHAvG6i3JtQ67wwSL53ZnQ4pUBOyzK92QBP247HtJt3ycxquYUgCtb_fPJL4Wm0CV0HAl_egpa557F3CRIOT9PqZoytRAQyEb1l-d5q6jAA/w366-h245/LuisRepresas_43AnosdeCarreira_ColiseuLisboa-22.jpg" width="366" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkZvfhBzleWeXXQbZaRGomuf434oKCA7u4jDKyV6BftsdJexEpOA_3c6jfjnMJVC36VKqgJxBYyXgGYmyxaVvtCVlkZEuutdpr5L5b5g0XeGEWNxFPn0MIHC1nOFJqIlgLxkh4K1IqeW8/s1798/LuisRepresas_43AnosdeCarreira_ColiseuLisboa-10.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1798" height="244" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkZvfhBzleWeXXQbZaRGomuf434oKCA7u4jDKyV6BftsdJexEpOA_3c6jfjnMJVC36VKqgJxBYyXgGYmyxaVvtCVlkZEuutdpr5L5b5g0XeGEWNxFPn0MIHC1nOFJqIlgLxkh4K1IqeW8/w363-h244/LuisRepresas_43AnosdeCarreira_ColiseuLisboa-10.jpg" width="363" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjf_cQRGmUyj1RzwzYwcIYK3iQlBVSTfBt8qG4zKxrfapp3Xym3AGKjeJYfPLDkoQjP-0yGF0ThbFt_4unEHHJP2lhNbOGBefaSVknPU3PUMqR_JcRskgT1O690n-2gpJyj7YUqT0ApMtQ/s1798/LuisRepresas_43AnosdeCarreira_ColiseuLisboa-2.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1798" height="246" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjf_cQRGmUyj1RzwzYwcIYK3iQlBVSTfBt8qG4zKxrfapp3Xym3AGKjeJYfPLDkoQjP-0yGF0ThbFt_4unEHHJP2lhNbOGBefaSVknPU3PUMqR_JcRskgT1O690n-2gpJyj7YUqT0ApMtQ/w365-h246/LuisRepresas_43AnosdeCarreira_ColiseuLisboa-2.jpg" width="365" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;">O Luís Represas faz parte da minha vida, porque a sua voz e a sua música me acompanham desde (quase) sempre, porque me embalou nas horas mais tristes e me aconchegou nos momentos mais felizes - e continua a ser assim- , porque, ao longo do tempo, me tornou a existência mais "llevadera" e porque, apesar de haver muitas outras vozes e canções de que eu gosto, que me comovem e me tocam de forma particular e que eu sinto como se fossem um pouco minhas, o Luís Represas tem, ainda agora, nesse domínio, o lugar principal.</div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both;">Hoje, é muito mais que um amigo; é uma companhia de todos os momentos, responsável por muitos instantes de pura emoção, daqueles em as palavras sobram e só o sentimento existe, que dão leveza e brilho aos nossos dias.</div></div><div style="text-align: justify;">E é por tudo isto e pelo que não consigo dizer, é, também, porque hoje o dia é todo dele, que aqui deixo a minha gratidão gigante, um abraço de parabéns do tamanho do mundo e o desejo de que possa continuar a (en)cantar(nos) infinitamente.</div><p></p>Isabel Mouzinhohttp://www.blogger.com/profile/11264467553300934847noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3148258896975657664.post-1136382604436269602021-11-03T16:06:00.005+00:002021-11-04T16:00:41.192+00:00Um interminável e acalmante silêncio<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhq873xIz0etSxRLD3I4D5Nb08FUQx4b8Gs0yD8cI25Bfk56r5ehmPiGHyCRt4PGlTaflitZ-CRwcy_tE8ssx0P4Ofj_JtIGzRXFketIKSMHaT9fFNqhPb8NFb_9rxBo0DEoeOat_4LItA/s2048/foto1.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1536" height="446" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhq873xIz0etSxRLD3I4D5Nb08FUQx4b8Gs0yD8cI25Bfk56r5ehmPiGHyCRt4PGlTaflitZ-CRwcy_tE8ssx0P4Ofj_JtIGzRXFketIKSMHaT9fFNqhPb8NFb_9rxBo0DEoeOat_4LItA/w344-h446/foto1.jpg" width="344" /></a></div><p style="text-align: justify;">É sempre em silêncio e em solidão que se "curam" os desgostos, que se saram as feridas, que se vai gerindo a dor, deixando que ela se agudize ou se atenue, consoante os dias, os momentos, as circunstâncias de todo o tipo.</p><p style="text-align: justify;">E mesmo quem, como eu, não tem o culto dos mortos no sentido mais tradicional, quem não se revê em visitas a cemitérios, missas "em memória de", ou gestos similares, e acha que é nas recordações que nos enchem o pensamento e o coração que melhor vivem os que já não temos fisicamente connosco, pode em instantes fugazes encontrar nesse silêncio infinito uma apaziguante serenidade.</p><p style="text-align: justify;">Que complexo é afinal o processo de luto, até quando ele se vive em aparente tranquilidade. A mim sempre me impressionaram todos os rituais associados ao fim da vida, sempre me incomodaram os cemitérios, lugares tristes e um pouco sinistros, metáforas maiores da efemeridade e da finitude. Não é, definitivamente, nestes espaços que me sinto mais próxima de quem já não está, porque sempre achei que é em vida que se dão todos os mimos possíveis e que a melhor homenagem que se pode fazer é lembrar com ternura e emoção todas as histórias e risos, abraços e olhares, palavras e gestos que nos chegam do fundo da memória, através de um cheiro ou de um objecto, de um lugar, de uma palavra, de uma ideia, de uma canção.</p><p style="text-align: justify;">Mas se um dia, de repente, contrariando tudo aquilo em que acreditamos, nos apetece sem qualquer razão concreta ir a um desses lugares, então há que ir, mesmo que seja só porque sim, deixar-se envolver pelo silêncio e apenas estar. É que quando a saudade aperta, por mais que nos congratulemos com o tempo que tivemos para estar juntos, todas as hipóteses são legítimas para os continuar a sentir perto de nós e com isso sermos, também, mais fortes e mais capazes de "seguir caminho".</p><p style="text-align: justify;"><i>(...) Sentados nele descansamos,
escapamos por momentos do frenesim confuso, abrimo-nos ao silêncio
e à contemplação ou simplesmente espreguiçamo-nos ao sol, de olhos
fechados, a sentir o odor de um tempo reencontrado. Visto de um
banco de jardim, o mundo parece ganhar uma fisionomia diferente.
Abraçamos margens esquecidas da vida, escutamos zonas periféricas,
mas necessárias, olhamos o colorido de outras vozes. E percebemos
que a alegria se aproxima de nós como uma folha trazida pelo vento.</i></p><p style="text-align: right;"><i>(</i>José Tolentino de Mendonça<i>, O Pequeno Caminho das Grandes Perguntas)</i></p>Isabel Mouzinhohttp://www.blogger.com/profile/11264467553300934847noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3148258896975657664.post-88745120677755209722021-10-29T10:43:00.001+01:002021-10-29T10:45:10.001+01:00Regresso à "normalidade"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFoZRw5xFYSQsndZmS-S-PeSldfpMWlK0pENwUznsYPMikHVe1KyLkXuCVMYkW8lZrgkiEDBRCDtNNorvd8WMd6EWvPHXGc5da7ELiq8er9nRu0Q7kDCvWBpfO-9fHngyImgpGtK9ctL4/s2048/foto1.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1536" data-original-width="2048" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFoZRw5xFYSQsndZmS-S-PeSldfpMWlK0pENwUznsYPMikHVe1KyLkXuCVMYkW8lZrgkiEDBRCDtNNorvd8WMd6EWvPHXGc5da7ELiq8er9nRu0Q7kDCvWBpfO-9fHngyImgpGtK9ctL4/w353-h265/foto1.jpg" width="353" /></a></div><br /><p style="text-align: justify;">Retomar o trabalho presencial ao fim de um ano não deixa de ser uma estranha sensação, em muito semelhante à do primeiro dia de aulas. É de novo o toque do despertador quando ainda está escuro lá fora e o Outono já vai fazendo notar a sua presença, são os transportes ainda não muito cheios, é um sem fim de rotinas e de gestos recuperados depois de uma longa interrupção.</p><p style="text-align: justify;">Quase tudo "normal", ou talvez nem por isso. Para mim, que sou uma grande defensora do teletrabalho, este sistema que mistura os dois mundos, é a maneira suave de voltar à vida de antes, e dá-me a possibilidade de ir aproveitando o que há de bom nas duas maneiras de funcionar.</p><p style="text-align: justify;">Com Outubro a chegar ao fim e a mudança para a hora de Inverno de amanhã, chegam novos tempos de roupas mais quentes, dias mais sombrios e vontade de aconchego. Tudo no seu sítio, claramente.</p>Isabel Mouzinhohttp://www.blogger.com/profile/11264467553300934847noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3148258896975657664.post-27841065327183035362021-09-29T17:53:00.006+01:002021-09-29T17:54:43.624+01:00O poder da música<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgs8C8VUnwMjH8PBvofEsBlCs7qky3-B2kCI01yJciT3kUAnFxDy6R5gd3pVH8hBIg6nIfE7iRYF-LQrhBAySf4Y2w2VkrJzEhyXcwHT8-QpMA9JWHQ_c-5t-N-fngefXVDXrSiJxazBEo/s749/flavio.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="673" data-original-width="749" height="316" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgs8C8VUnwMjH8PBvofEsBlCs7qky3-B2kCI01yJciT3kUAnFxDy6R5gd3pVH8hBIg6nIfE7iRYF-LQrhBAySf4Y2w2VkrJzEhyXcwHT8-QpMA9JWHQ_c-5t-N-fngefXVDXrSiJxazBEo/w351-h316/flavio.jpg" width="351" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgd4Bw8vXq4tUdvKmR23ruJMM2zSdBpGPCFpRSGRi-KFdmG0IbZbYK8NfD-EG2oNL0OtbTWRSxPDOCBXl5brCadDxWHx0urgh6CAMxKqC2_ynR_BFhuGpHqGqfTDczSgiJW__KX-WC41ww/s1067/flavio+2.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1038" data-original-width="1067" height="325" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgd4Bw8vXq4tUdvKmR23ruJMM2zSdBpGPCFpRSGRi-KFdmG0IbZbYK8NfD-EG2oNL0OtbTWRSxPDOCBXl5brCadDxWHx0urgh6CAMxKqC2_ynR_BFhuGpHqGqfTDczSgiJW__KX-WC41ww/w350-h325/flavio+2.jpg" width="350" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Foi um fim de semana de sentimentos fortes, que me trouxe a certeza de que ao vivo a emoção é sempre maior e que a música tem essa fantástica força, que é também magia, de aproximar as pessoas, de sarar feridas e de tornar a vida ainda mais bonita.</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"> Fotografia de <i>Verónica Méndez López</i></div><p></p>Isabel Mouzinhohttp://www.blogger.com/profile/11264467553300934847noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3148258896975657664.post-61081830034800051832021-09-14T16:16:00.005+01:002021-09-14T20:15:54.015+01:00Virar a página e seguir<p> <br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3svK-8jT2Q2qc508nXMkOInrrxH7x_IQ3xZyHvmnRj31s8dTFHXBBHJ11O7zGoFZgq3SL14tDrMfXtsD1n5tcrpawARQl5kjyPmLjX3Kbm5CaKSv1FLs0JMpVMubnhwODvtVnTA1ZxjM/s450/muxote.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="450" height="442" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3svK-8jT2Q2qc508nXMkOInrrxH7x_IQ3xZyHvmnRj31s8dTFHXBBHJ11O7zGoFZgq3SL14tDrMfXtsD1n5tcrpawARQl5kjyPmLjX3Kbm5CaKSv1FLs0JMpVMubnhwODvtVnTA1ZxjM/w403-h442/muxote.jpg" width="403" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Foram três meses de dias atarefados e intensos, cheios de emoções e de papéis, de assuntos a tratar e de sentimentos por gerir, na surpresa absurda do que fica para lá do fim e na certeza de que o tempo não pára e que a vida segue sempre o seu caminho, inexoravelmente.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">E, no entanto, não houve um só dia em que uma imagem, uma palavra, um pensamento ou uma canção não me levassem de volta ao tempo de estarmos juntas, às nossas conversas e risos, a tantas cumplicidades tão nossas. Nem houve nenhum passo ou decisão que tenha tomado sem pensar primeiro no que diria, ou na forma de a fazer sentir-se orgulhosa de mim.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Mas, como diz uma amiga minha "não tenho vocação para o martírio"; e, por isso, talvez, valorizo mais o que vivemos juntas, a alegria de nos podermos ter tido durante tantos anos, que guardo comigo para sempre, do que a inevitável saudade, ou a dor da perda. </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Há, naturalmente, risos, e olhos, e colos que não se esquecem, e é essa a glória da imortalidade: o que dos nossos sonhos e anseios, de tudo o que fomos e quisemos, perdura nos outros, para além de nós. E há, também, a tranquilidade de saber que fiz sempre tudo o que esteve ao meu alcance, multiplicando cuidados e carinhos para que se sentisse aconchegada, amparada e feliz, sobretudo nos últimos anos e nos momentos de maior fragilidade, em que lhe segurei a mão e lhe devolvi em amor e mimos grande parte do que me deu, a vida toda.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Há quem diga que se sai sempre melhor de uma dor, ou de um desgosto. Pode, talvez, ser verdade. Depois do silêncio, de um tempo em que parece que todas as palavras fogem ou deixam de fazer grande sentido, começa o tempo da aceitação. Porque aceitar que a morte faz parte da vida é, provavelmente, a mais difícil e dolorosa aprendizagem com que vamos sendo confrontados. </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Dos que partem ficam as recordações, as ideias, as acções, os ensinamentos e tudo o que de bom e mau fomos vivendo ao longo do tempo, fica a marca fortíssima e indelével que deixam em nós. É com ela que vivo. E julgo que essa será a mais bonita e singela forma de a continuar a ter pertinho de mim, no pensamento e no coração. É bom saber que, entre nós, pode o amor modificar-se, mas será sempre, sempre, infinito. E ir aprendendo a viver com esta nova realidade, que não é melhor nem pior; é só diferente.</div><p></p>Isabel Mouzinhohttp://www.blogger.com/profile/11264467553300934847noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3148258896975657664.post-20237960833244875122021-08-09T15:53:00.001+01:002021-08-09T15:57:20.369+01:00O inconcebível mundo das traduções <p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0kHrJkg7VSqffunFDfP3l4O4vTzg_kyS_uDq3DxDkqvCEos5LVNkoKtS3FVxYPlZPR_qmrgyJsi8ypz5PhA-92MVR6PigErBHTgF50Zyx6bNQeOvQqWQ9w6aGob9M2EWNcNgkzn9Vj4w/s1000/1136_antoinette-dans-les-cevennes.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="691" data-original-width="1000" height="353" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0kHrJkg7VSqffunFDfP3l4O4vTzg_kyS_uDq3DxDkqvCEos5LVNkoKtS3FVxYPlZPR_qmrgyJsi8ypz5PhA-92MVR6PigErBHTgF50Zyx6bNQeOvQqWQ9w6aGob9M2EWNcNgkzn9Vj4w/w473-h353/1136_antoinette-dans-les-cevennes.jpg" width="473" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Que um filme que se chama no original <i>Antoinette dans les Cévennes</i> apareça no cartaz nacional com o inacreditável título de "O meu burro, o meu amante e eu" pode fazer toda a diferença, já que à partida parece sugerir um daqueles filmes completamente estúpidos a que eu chamo "comédia alarve", do género de "Um sogro do pior", que não me distraem, nem divertem, nem nada.</div><div style="text-align: justify;">Não é de todo o caso aqui. <i>Antoinette das les Cévennes</i> é um filme delicioso, terno e divertido, daqueles que sem pretensão alguma nos dispõem bem e nos entretêm durante duas horas. Dizer que é uma "comédia romântica" é também uma classificação de certo modo redutora, pois embora esse seja o ponto de partida, o filme é muito mais que isso. </div><div style="text-align: justify;">Inspirado num livro de <i>Robert-Louis Stevenson </i>"Viagem com um burro pelas Cevenas", de 1879, que relata a travessia feita pelo autor por esta cadeia montanhosa do centro-sul de França, que faz parte do <i>Massif Central,</i> acompanhado por uma jumenta chamada <i>Modestine</i>, o filme retoma esse mesmo percurso, desta vez feita por uma mulher e por um burro chamado <i>Patrick, </i>numa viagem cheia de divertidas peripécias, com <i>Laure Calamy</i> no papel de <i>Antoinette, </i>que é também o retrato de uma mulher independente e sensível, entusiasta e impulsiva, que não se deixa abater pelas contrariedades do caminho nem da vida e que nesse encontro consigo e com a natureza tendo por companheiro apenas Patrick, o burro, ouvinte silencioso e atento das sua reflexões sobre os amores e a existência, redefine o rumo a seguir com o novo olhar sobre si que a introspecção lhe proporciona.</div><div style="text-align: justify;">Pouco importa, pois, que esta seja a segunda longa metragem da realizadora <i>Caroline Vignal</i> (com 20 anos de diferença da primeira), ou que os actores não sejam muito conhecidos. Com muitas situações cómicas, bons diálogos e magníficas imagens das<i> Cévennes</i>, este é um filme leve e despretensioso, mas que vale a pena ver. Eu gostei. Muito.</div><p></p>Isabel Mouzinhohttp://www.blogger.com/profile/11264467553300934847noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3148258896975657664.post-48911748775222024232021-08-04T15:35:00.005+01:002021-08-04T16:16:22.206+01:00(Re)centrar-se<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh35Hq4d1RpvHXXpyMXha8B__bXS0o6sfByjm5xujfoJNnKAf9qfCaqtca_fNd_djpizgwN4nbhumFDmfaQHoiiFvPwjfSw9TNV6pFGOZMyMLiQJOAr08k14axuMdFAUuM-gukSB0YoYmM/s577/enfocar.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="577" data-original-width="567" height="399" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh35Hq4d1RpvHXXpyMXha8B__bXS0o6sfByjm5xujfoJNnKAf9qfCaqtca_fNd_djpizgwN4nbhumFDmfaQHoiiFvPwjfSw9TNV6pFGOZMyMLiQJOAr08k14axuMdFAUuM-gukSB0YoYmM/w366-h399/enfocar.jpg" width="366" /></a></div> <div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Há acontecimentos da nossa vida que marcam para sempre, que nos fazem repensar(nos) , começar de novo, alterar focos e preocupações, objectivos ou anseios.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Os momentos de dor podem, pois, ser também de certo modo redentores, já que implicam rever todas as prioridades e sermos capazes de seguir caminho, com tudo o que aprendemos e nos fez amadurecer.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Enfim, para lá de todas as tristezas, mágoas ou pesares, há que continuar a acreditar que apesar dos dias e horas de solidão e desamparo, sai-se de um desgosto uma pessoa diferente, mas não necessariamente pior, que as as feridas e vulnerabilidades não são um sinal fraqueza, que as cicatrizes podem até tornar-nos mais fortes, e que são os que amamos e também gostam de nós, onde quer que estejam e façamos o que fizermos, que estão sempre connosco a fazer do nosso caminho um tempo e espaço para ser feliz e acreditar que nada acontece por acaso e que tudo vale a pena: o bom e o mau, o alegre e o triste, o fácil e o difícil que vai aparecendo ao longo do percurso e que temos que saber aceitar e agradecer como nos chega, porque a vida não é só risos, alegria e felicidade e porque é provavelmente nessa variação entre claro e escuro, dia e noite, sombra e luz, que ela se nos revela ainda mais bonita e valiosa.</div><p></p>Isabel Mouzinhohttp://www.blogger.com/profile/11264467553300934847noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3148258896975657664.post-8455979536148246172021-07-06T16:16:00.004+01:002021-07-06T16:20:09.851+01:00Uma cidade ao pé do mar<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZqRICrhl7qoRR52IYO-vhICLxafg-r968DDy3xYrlNWzoUECK6mBkfSH2tHo6tVy5-Uf_Ak5DU7qGBSf3V2NECLs8xGtzf_EQyt5IKQtOqzEX5A6jaOqD74PwF5ZaqxSTq9lC75YTZqA/s2048/20210614_123230.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1484" data-original-width="2048" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZqRICrhl7qoRR52IYO-vhICLxafg-r968DDy3xYrlNWzoUECK6mBkfSH2tHo6tVy5-Uf_Ak5DU7qGBSf3V2NECLs8xGtzf_EQyt5IKQtOqzEX5A6jaOqD74PwF5ZaqxSTq9lC75YTZqA/s320/20210614_123230.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiH4mv0jkWyyAa3-RFvdb4nvdBaG767tS04N5QJNhCVEFTYU2XreBbc9BqyH1LMZf0Ut6p8TUM4VhnEGGFkkhEAwQFmns1qGzD12k1AOF39PpmlmB0jRxFqBmsrgHf0eVpNl0N3u_BbQ1U/s2012/vista+recortada.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1493" data-original-width="2012" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiH4mv0jkWyyAa3-RFvdb4nvdBaG767tS04N5QJNhCVEFTYU2XreBbc9BqyH1LMZf0Ut6p8TUM4VhnEGGFkkhEAwQFmns1qGzD12k1AOF39PpmlmB0jRxFqBmsrgHf0eVpNl0N3u_BbQ1U/s320/vista+recortada.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Às vezes parece que todas as palavras fogem para um lugar escuro, fundo e distante onde as emoções se vivem apenas em silêncio e solidão. </div><div style="text-align: justify;">Estou nessa fase meio melancólica, virada para dentro, entre lembranças e tranquilidade, sozinha comigo e com os meus pensamentos, vontades, desejos, sensações, pousando os olhos por momentos na maravilhosa vista da minha janela, ou na calma quietude do mar de Verão.</div><div style="text-align: justify;">É, por agora, o que serena o meu coração inquieto, que ora se acelera, ora está em paz, bendizendo a graça de poder viver assim; e ser feliz; porque a saudade também pode ter um lado bom, e porque por maiores que sejam as nossas feridas e mágoas são as cicatrizes que nos fazem crescer e sentir que, no fundo, tudo vale a pena.</div><p></p>Isabel Mouzinhohttp://www.blogger.com/profile/11264467553300934847noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3148258896975657664.post-8252084010087512032021-06-26T12:44:00.006+01:002021-06-26T12:49:48.582+01:00Uma Rainha (republicação)<br /><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqVYV0xWQzPXIWPv8eP3rg_nVfEjQDQGGl-BKetCjmDDlELEDnbcPc6lxCw5LhVXshzhX18ZxvnNNVPEWRBT2lRdI4lrD9wncxjhGk4jyXqNIVFGYWIi5mb9tJeSsrsGw3UMKU0S7QyAc/s2048/mummy.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1300" height="395" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqVYV0xWQzPXIWPv8eP3rg_nVfEjQDQGGl-BKetCjmDDlELEDnbcPc6lxCw5LhVXshzhX18ZxvnNNVPEWRBT2lRdI4lrD9wncxjhGk4jyXqNIVFGYWIi5mb9tJeSsrsGw3UMKU0S7QyAc/w250-h395/mummy.jpg" width="250" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Para o bem e para o mal somos sempre marcados por quem nos dá a vida. São os primeiros braços que nos abraçam e embalam, o colo que nos aconchega, a voz e o olhar que nos ensinam o mundo e guiam o caminho. Habituamo-nos assim a um amor e apoio incondicionais e a um presença forte e serena, que julgamos poder durar para sempre, sem sequer pensar nisso.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Depois desentendemo-nos e discordamos, porque também há uma idade própria de ser assim.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Mas hoje sei a quem devo a maior parte do que sou, sei da honra e da dignidade a sobrepor-se aos inevitáveis erros a que ninguém escapa, porque somos humanos, falhamos e sofremos; sei da coragem de optar pela generosidade e a alegria, quando teria sido bem mais fácil cruzar os braços e desistir, ou escolher o caminho da amargura e do cansaço. Foi no bom humor, no riso e na limpidez dos seus olhos verdes que aprendi o lado bom de todas as coisas; e herdei essa vontade imensa de aceitar e aproveitar muito bem o que nos chega, como o que fazemos chegar.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Aos noventa anos, mesmo quando se é apenas uma sombra do que se foi um dia, perde-se a pose, o corpo verga-se, provavelmente sobram poucas memórias de um percurso muito longo e muito cheio, mas fica tudo o que se construiu e o reflexo do efeito que se provocou nos outros. </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Perdem-se os gestos e as palavras, mas ficam as emoções e os afectos, que transparecem ainda em olhares cúmplices e silenciosos, em risos fortuitos, em esboços de mimos, em prazeres simples e antigos: nas mãos que se tocam e se apertam, na delícia de saborear uma madalena, e em tudo aquilo que ainda nos mantém junto dos que amamos. E até talvez felizes...</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Chegar aos noventa é só mais uma vitória. Por isso, se pudesse, hoje, coroava-a rainha. E concedia-lhe o dom da infinitude.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">(Este texto foi escrito há exactamente seis anos. E hoje, quando por quinze dias já não chegou aos 96, decido republicá-lo, porque continua a ser inteiramente verdade e porque, mesmo se já não podemos abraçar-nos e rir-nos juntas, no meu coração o nosso amor será sempre infinito).</div>Isabel Mouzinhohttp://www.blogger.com/profile/11264467553300934847noreply@blogger.com8