(Fotografia de Neuza Ayres)
Ontem, uma vez mais, estive no lançamento de um livro de Helena Sacadura Cabral, que é sempre um momento de festa.
Não costumo simpatizar especialmente com aquelas pessoas muito consensuais, de quem toda a gente gosta muito. Em geral, tenho tendência para preferir as personalidades controversas, que se amam ou odeiam com semelhante intensidade.
A Helena é, porém, uma excepção; talvez a única. Porque ela é, de facto, um ser humano extraordinário, que consegue, para lá do inevitável aparato mediático, fazer de cada um destes lançamentos um verdadeiro encontro de amigos, com toda a alegria que é lhes é própria. E que é, também, capaz de se emocionar e de emocionar-nos pela maneira sincera como abre o coração e fala do Miguel e do que sente e do que pensa; e do seu "caminho das pedras." E como mantém sempre o sorriso, e a força, e alegria de viver. É que, como ela diz, a vida vai-se vivendo em cada dia, em cada hora. E tem às vezes um lado muito negro. Mas é possível, ainda assim, "realizarmo-nos e ter prazer com isso".
O livro tem um título lindíssimo: Vida e Alma, é em formato mais pequeno do que o habitual, e de capa dura. Diferente dos outros, diz a Helena. Porque o que ela quis fazer, inicialmente, foi um livro de orações. E depois achou que ainda não era a altura. Este é um livro de sentimentos e de pensamentos, de um caminho de encontro consigo e de tudo o que a ajudou a viver este difícil ano e meio. É por isso que o dedica ao padre Tolentino de Mendonça.
"Espero que goste!", disse-me. Ainda não o li, apenas o folheei, mas sinto e sei, no fundo do coração, que sim. Vou gostar, Helena! Porque é "o olhar íntimo de que tanto necessitamos"; e porque também eu "acredito no valor das palavras" e que é "através delas que o mundo se muda". As palavras da Helena transmitem-(me) sempre sabedoria, sensatez e serenidade. E, cada vez que estou com ela, sinto que a Helena é já uma amiga. Estou certa de que muitos sentirão o mesmo.
É talvez isso que explica que para a ouvir e lhe dar um abraço haja sempre gente de todas as idades e das mais diversas proveniências, que ela recebe com o seu magnífico sorriso, inteira disponibilidade e afecto genuíno. Ontem, até o Pai Natal lá esteve; vejam só...