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Hoje é um daqueles dias, ou melhor, uma daquelas noites em que nos sentimos obrigados a ser felizes, contentes e cheios de boas intenções. A rir muito, a dançar e a saltar, a comer e a beber excessivamente.
Eu tenho uma aversão desmedida por alegrias generalizadas, com data marcada no calendário, como uma inevitabilidade a que não se pode escapar. Irritam-me as festas impostas em determinado dia e hora. Esta é para mim uma noite como as outras. É a última do ano. E então? Temos que nos despedir? É um ano que acaba porque tudo tem um tempo de existir. Apenas isso.
E, no entanto, gosto da ideia de recomeço associada ao novo ano, e além do primeiro dia de Janeiro há no ano outros recomeços: o da rentrée, em Setembro, ou o dos meus anos e o da chegada da Primavera, quase coladinhos um ao outro, no mesmo mês.
Guardo a minha euforia para esses dias em que, por um motivo meu e não do mundo inteiro, ou até sem uma razão aparente, sinto que tenho alguma coisa para comemorar, ou fico feliz repentina e inesperadamente.
No fim do ano, prefiro recolher-me no meu espaço de intimidade e reduzir ao mínimo as palavras sem significado e os gestos de circunstância, tantas vezes vazios de sentido. Ainda assim, para todas as pessoas de quem eu gosto e quero saber, para as que trago no coração, para as que estão comigo de algum modo, mesmo quando estão fisicamente longe, para as que têm também por mim afecto e consideração, eu quero muitas coisas boas, mas acima de tudo saúde, que é a melhor de todas elas. Porque o resto vamos nós procurando pelo caminho, que é feito de escolhas e incertezas, de luzes e de sombras, de avanços e recuos, de esperas e desejos, e promessas e vontades.