quarta-feira, 30 de dezembro de 2020
O adeus a um ano difícil
quarta-feira, 23 de dezembro de 2020
Quando só o amor importa
Esta é a canção de Natal ("villancico", em espanhol) que ouço sem parar por estes dias, e que traduz muito claramente o sentimento e a emoção que nos marcam neste ano tão peculiar. Talvez, apesar da loucura que se tem vivido nos lugares mais comerciais na última semana, - igual à de sempre -, no momento de sentirmos a falta de alguns abraços e de alguns rituais de proximidade que tínhamos como certos, possamos dar-nos conta que não há, afinal, nada maior nem mais bonito do que o amor, que é o que nos une, o que nos fortalece, o que faz a vida valer a pena.
domingo, 20 de dezembro de 2020
Sons de outros tempos
domingo, 13 de dezembro de 2020
A vida entre parênteses
Sem cinema, sem concertos, sem viagens, sem jantares de amigos, sem abraços apertados, sem beijos e sem mimos, sem a presença e a proximidade dos que nos são mais especiais, sem um Natal e Ano Novo como os de antes, sem quase tudo o que sempre tivemos, 2020 ficará para sempre como ano em que a nossa vida mudou e em que o que nos parecia natural e inquestionável ficou num imenso parênteses. Tivemos de reinventar-nos, de aprender a viver de outra maneira e a valorizar tantos detalhes que nos pareciam insignificantes, de adaptar-nos a novas realidades, feitas de cautelas, de máscaras, de desinfecções e de distanciamentos vários, enquanto esperamos por dias melhores, que queremos que voltem depressa, e vamos fazendo projectos, grandes ou pequenos, para quando tudo isto tiver enfim passado, e desejamos que 2021 venha carregadinho de boas novidades...
quarta-feira, 9 de dezembro de 2020
Segredos de Lisboa (II): Tapada das Necessidades
sábado, 5 de dezembro de 2020
Faltas de aqui e agora
O tempo tinha mudado muita coisa. A frescura da juventude dera lugar à maturidade com rugas à volta dos olhos e a todos os detalhes, segredos, defeitos e qualidades um do outro, que já conheciam de cor. Havia tranquilidade onde antes tudo era inquietação, sofrimento, paixão desenfreada, ou medo de se perder definitivamente nas voltas do caminho. Para trás tinham ficado mágoas e amuos, lágrimas e tristezas, desconsolo e desacertos. Agora sobrava a cumplicidade de quem se tem e se quer uma vida inteira, a certeza de que, por muito que aquele fosse um amor não convencional, havia qualquer coisa que não podia compreender-se nem explicar-se e que nem a rotina e o passar dos anos haviam podido apagar.
Tinham crescido juntos, aprendido devagar o que importa e o que faz falta, aproveitando o que a vida traz de bom, assumindo vontades, sem se escusar nunca ao prazer. Também houvera as vezes em tudo parecia dizer que não, em que tinham hesitado entre ficar e partir, entre o prazer e a dor, entre tudo ou nada, questionando o sentido que fazia continuar assim. Mas logo percebiam que aquele amor, por mais antigo que fosse, era uma inevitabilidade das que nos marcam para sempre e que devem aceitar-se como nos chegam, viver-se sem limites nem pressas, entender-se como uma benção sem fim. E era então que lhes nascia no peito a vontade de se apertarem com força nos braços um do outro, de se olharem no fundo dos olhos, e de se dizerem, sem palavras, a falta que sentiam.
Queriam-se sem precisar um do outro, às vezes não, às vezes sim, de maneira insensata e desmedida, mas no fundo sabiam que se tinham e isso bastava para os sossegar, redimir todos os males e fazer felizes.