quinta-feira, 8 de setembro de 2022
Rainha(s)
quinta-feira, 18 de agosto de 2022
Deliciosamente terno
quinta-feira, 4 de agosto de 2022
A voz
Impossível deixar passar esta data. Mesmo se o entusiasmo bloguístico esmoreceu muito nos últimos tempos; mesmo se já escrevi inúmeros textos, - mais de dez -, sobre o assunto, e em particular sobre este dia "histórico" de 4 de agosto.
Mas há coisas que não podem explicar-se. Por isso não encontro as palavras certas para dizer o efeito que esta voz tem em mim desde que, há muitos anos, a ouvi pela primeira vez. E na vida só encontrei, bem mais recentemente, outra voz capaz de me enamorar, de me embalar e de me emocionar tanto, companhia de todos os dias, sejam eles mais felizes ou mais sombrios, como uma luz capaz de chegar ao mais fundo de mim, de aproximar pessoas e de unir corações, de curar desgostos e de sarar feridas, dizendo daquela maneira doce que só a magia da música conhece, o que não conseguimos expressar de nenhum modo.
Nas suas redes sociais Luís Represas veio hoje relembrar-nos a efeméride: "Faz hoje 46 anos que a Música tomou conta de mim. 16 anos de Trovante e mais 30 a Solo. E o caminho continua." Pois para mim é um pouco menos. Não são 46, mas também são muitos: são 39 anos ao longo quais esta voz me acompanha e me seduz, me fascina e arrebata. Imoderadamente.
Que continue a ser assim por muito tempo. E que bom é haver artistas e vozes que trazem leveza e harmonia aos nossos dias e que nos fazem sentir mais felizes.
Parabéns Luís Represas!
(Fotografia de Manuela Santos Silva)
quarta-feira, 8 de junho de 2022
Eiffel : um filme aquém do esperado
terça-feira, 10 de maio de 2022
Uma ferida no coração de Paris
segunda-feira, 9 de maio de 2022
Aniversário de "isto e aquilo"
domingo, 1 de maio de 2022
Juntos outra vez
Era um dos seus grande prazeres. Era assim há muitos anos. Sentava-se na sua frente e durante cerca de duas horas era como se o mundo e o tempo parassem e a realidade fosse só aquela viagem a um lugar de sonho, uma viagem de emoções, percorrendo histórias e sensações, sentimentos e memórias, feita de música e de palavras que a levavam por muitos lugares; e sentia-se bem, porque tudo era doce e bonito como aquela voz que a embalara a vida inteira, que era casa e conforto, que apesar da passagem do tempo continuava única e límpida, que sempre a hipnotizava como se houvesse nela uma luz ou um feitiço qualquer, que era capaz de a levar até ao mais fundo de si. Por isso os momentos assim eram inexplicáveis para quem não os vivia; por isso, num instante se passava do riso à cumplicidade, à memória, à comoção, tudo só sensibilidade à flor da pele, tudo tão verdade, que até parecia mentira. Poucas coisas a faziam tão feliz.
Mas naquela noite do último dia de Abril a magia do que se passou fora ainda mais especial. Talvez porque o que se passara nos dois anos em que não tinham podido olhar-se e sorrir ou abraçar-se sem medo, nem máscaras, nem distanciamentos prudentes parecia agora ter terminado, talvez porque havia naquele ambiente de festa uma alegria implícita de celebração da vida, ou porque os anos e as vivências em comum tinham apertado os laços e aprofundado sentimentos, e o que começara por ser uma voz de que se gosta se tornara com o tempo parte da família afectiva, aquela que é para levar para sempre coladinha ao coração, ou também porque em véspera de um "Dia da Mãe" vivido em ausência pela primeira vez, aquela noite inesquecível lhe tinha sabido a colo e a amor.
Obrigada, Luís Represas!
quinta-feira, 7 de abril de 2022
Palavras que já não se aguentam (I) - O "empoderamento"
Há palavras que de tão repetidas, a propósito ou a despropósito, se vão gastando e chegam ao ponto de já não se poder ouvir, perdendo por isso o seu valor, significado, força.
O "empoderamento" é um desses casos. Recentemente muito associado à causa feminista e à defesa da igualdade de género, o termo tem servido para tudo e mais alguma coisa e tem sido usado de forma excessiva e indiscriminada por quem se pretende fazer notar, com razão ou sem ela. Nada contra o princípio subjacente, nem contra qualquer tipo de autonomia associado a poder de decisão próprio sobre liberdades várias após muitos anos de machismo, de desigualdades, e de luta para os combater.
Mas, sinceramente, é uma palavra, entre muitas outras, daquelas que já não posso ouvir e que me fazem sempre olhar com certa desconfiança para quem a profere a propósito de tudo e mais alguma coisa. É que o seu uso imoderado pode até levar a acentuar aquilo contra o que se quer lutar.
Pior que o empoderamento, mas na mesma linha, só mesmo a "sororidade". E da mesma maneira que me irritam muito as pessoas que dizem não gostar de homens ou de mulheres, mas de "pessoas", também não aprecio nada esta ideia de "mulheres unidas jamais serão vencidas" numa espécie de conspiração contra o sexo oposto, porque creio na verdade que os homens precisam das mulheres na mesma medida do seu contrário e acredito que só juntos (as "pessoas") podemos mudar alguma coisa.
segunda-feira, 7 de março de 2022
Aniversário
quinta-feira, 3 de março de 2022
Bardem: um actor sublime
Quase vinte anos depois do memorável Los Lunes al Sol (2002), a dupla Fernando Léon Arenoa (o realizador) e Javier Bardem (o protagonista) voltam a reunir-se num filme que tem como pano de fundo o mundo laboral e que já lhes valeu seis prémios Goya: melhor filme, melhor actor, melhor realizador, melhor montagem, melhor música, melhor guião original.
Javier Bardem é um dos mais notáveis actores espanhóis e, na verdade, todo o filme é ele. Aqui, como o "patrão", dono de uma empresa familiar de balanças industriais, "Basculas Blanco", numa interpretação magistral que nos faz conseguir empatizar com a personagem, apesar do seu lado cínico, manipulador e sem escrúpulos, disposto a tudo para atingir determinados fins e manter as aparências.
Há actores que fazem qualquer filme valer a pena. Javier Bardem é um deles. E, mesmo muito bem acompanhado, como é o caso, com Manolo Solo, Almudena Amor, Óscar de la Fuente, é por ele, sobretudo, que vale a pena ver esta sátira social, plena de humor e malícia, um comédia negra deliciosa, muito divertida e com momentos verdadeiramente hilariantes.
E que bom que é voltar ao cinema!
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022
É o que é
Por estes dias em que se aproximam os meus anos, dou comigo a pensar como a vida se vai construindo consoante as opções, boas ou más, que vamos tomando ao longo dos anos, em função da nossa maneira de ser e de circunstâncias várias. É nesta altura do ano em que os dias ficam maiores e a temperatura amena nos faz sonhar com evasões e outras paragens, que eu páro para pensar no que tenho, no que sou, de onde venho e para onde quero ir.
E apesar de ser já considerável o caminho percorrido, não me vejo muito diferente do que sempre fui, apesar das cicatrizes e nódoas negras que se vão ganhando, do que a experiência nos modifica e o tempo nos ensina, de corrigirmos e alterarmos algumas formas de ser e estar. Mas nem o vivido me pesa, nem me posso queixar. Vou encontrando encanto em cada nova etapa e continuo a gostar de ser como sou, imperfeita e inquieta, sensível e emotiva de forma imoderada apesar de poder parecer uma "durona" à primeira vista, muito dada a mimos e a meiguices, organizada e desconcertante, razoável e excessiva, alegre e arrebatada, "bocazas" e amalucada, leal e sonhadora, cheia de virtudes e de defeitos como toda a gente, "senhora do seu nariz", conservadora e ousada, convicta e apaixonada, com muito que melhorar, com todos os afectos que a vida me trouxe, que são a minha maior riqueza, e incluem também quem ficou pelo caminho e os laços que não quero nem posso desatar e me são fundamentais para me sentir querida e feliz.
Amo as cores pastel, com o azul claro em destacadíssimo primeiro lugar, as línguas, as artes e as letras, tal como gosto de pessoas e de cidades, de mar e de sol, de ouvir chamar o meu nome e de andar a pé, de abraços apertados e de festas no cabelo, de regressar a casa, de conversas entre amigos noite dentro e de manhãs de preguiça, do primeiro café do dia, de voltar a Paris e a Sevilha, do dia dos meus anos.
Assumo os meus defeitos, medos e vulnerabilidades, procuro sempre mais e melhor e sei que, no fundo, sou boa pessoa e, modéstia à parte, sei também que quem me descobre os "encantos secretos" gosta de mim de verdade.
Agora que o meu mês de Março está quase aí, vejo-me outra vez mais perto do sol e do mar e sonho com as minhas cidades, - as de sempre, que são casa e colo, e as que espero poder conhecer pela primeira vez e descobrir devagar, - porque ver, experimentar e aprender continua a ser o que me move e apaixona. E espero que seja sempre assim.
segunda-feira, 31 de janeiro de 2022
Sabores de infância : a pêra-rocha
Por motivos vários, tenho andada arredada da escrita e deste mundo bloguístico, que caiu um pouco em desuso nos tempos apressados que vivemos, em que o instantâneo e o imediato se nos impõem como uma condenação.
Regresso hoje aqui, pela primeira vez em 2022, mas evito o assunto do momento. Não, não vou comentar os resultados eleitorais, nem que seja por gostar de escapar ao mais óbvio.
Hoje, uma pêra-rocha à hora de almoço, soube-me a praia. Parece uma estranha associação, mas não é assim tão descabido. A minha mãe, sempre atenta à comida saudável, na qual a fruta tinha lugar de destaque, costumava muitas vezes levar pêra-rocha para a praia. Era pois frequente, depois do banho de mar, sentarmo-nos nas toalhas, ao sol, a trincá-las vagarosamente.
Não havia cá "bolas de Berlim" para ninguém, apenas as batatas fritas nos eram permitidas, mas não sempre, e/ou um "Olá fresquinho", muito de vez em quando. É talvez por isso que não sou de todo fã das "Bolas de Berlim", nem percebo o sentido que faz comê-las especificamente na praia.
É que, para mim, para além do cheiro do creme Nívea, é o sabor adocicado das pêras - rochas que me leva de volta à praia e de certo maneira me evoca esses dias em que o tempo parecia passar mais lento, e todas as manhã e tardes de Verão, com sabor a despreocupação, a sol, a vento e a mar.
Ai meu Deus, parece-me que estou um pouco Proustiana. Ou talvez não...