quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

É o que é

Por estes dias em que se aproximam os meus anos, dou comigo a pensar como a vida se vai construindo consoante as opções, boas ou más, que vamos tomando ao longo dos anos, em função da nossa maneira de ser e de circunstâncias várias. É nesta altura do ano em que os dias ficam maiores e a temperatura amena nos faz sonhar com evasões e outras paragens, que eu páro para pensar no que tenho, no que sou, de onde venho e para onde quero ir.

E apesar de ser já considerável o caminho percorrido, não me vejo muito diferente do que sempre fui, apesar das cicatrizes e nódoas negras que se vão ganhando, do que a experiência nos modifica e o tempo nos ensina, de corrigirmos e alterarmos algumas formas de ser e estar. Mas nem o vivido me pesa, nem me posso queixar. Vou encontrando encanto em cada nova etapa e continuo a gostar de ser como sou, imperfeita e inquieta, sensível e emotiva de forma imoderada apesar de poder parecer uma "durona" à primeira vista, muito dada a mimos e a meiguices, organizada e desconcertante, razoável e excessiva, alegre  e arrebatada, "bocazas" e amalucada, leal e sonhadora, cheia de virtudes e de defeitos como toda a gente, "senhora do seu nariz", conservadora e ousada, convicta e apaixonada, com muito que melhorar, com todos os afectos que a vida me trouxe, que são a minha maior riqueza, e incluem também quem ficou pelo caminho e os laços que não quero nem posso desatar e me são fundamentais para me sentir querida e feliz. 

Amo as cores pastel, com o azul claro em destacadíssimo primeiro lugar, as línguas, as artes e as letras, tal como gosto de pessoas e de cidades, de mar e de sol, de ouvir chamar o meu nome e de andar a pé, de abraços apertados e de festas no cabelo, de regressar a casa, de conversas entre amigos noite dentro e de manhãs de preguiça, do primeiro café do dia, de voltar a Paris e a Sevilha, do dia dos meus anos.

Assumo os meus defeitos, medos e vulnerabilidades, procuro sempre mais e melhor e sei que, no fundo, sou boa pessoa e, modéstia à parte, sei também que quem me descobre os "encantos secretos" gosta de mim de verdade.

Agora que o meu mês de Março está quase aí, vejo-me outra vez mais perto do sol e do mar e sonho com as minhas cidades, - as de sempre, que são casa e colo, e as que espero poder conhecer pela primeira vez e descobrir devagar,  - porque ver, experimentar e aprender continua a ser o que me move e apaixona. E espero que seja sempre assim.