Esta é a altura dos balanços e dos bons propósitos, dos desejos desmedidos e das intenções insensatas, de projectos e resoluções que se sabe que nunca serão cumpridos.
Não sou dada a grandes comemorações no final do ano. O primeiro dia de um novo ano não é para mim mais do que um novo dia, como cada um dos outros dias do ano. Sempre me irritaram um pouco as alegrias obrigatórias, aqueles dias em que todos se sentem mais ou menos forçados a mostrar-se contentes, a rir, saltar, comer, beber e dançar exageradamente, mesmo que a alegria seja de plástico e o brilho da festa sirva para mascarar o que não se quer enfrentar.
Gosto de deixar a minha felicidade e a minha euforia para os dias e momentos em que, por motivos meus e não de toda a gente, ou até sem razão aparente, ou por qualquer situação repentina, sinta que tenho alguma coisa para celebrar.
Agrada-me, no entanto, a ideia de ter mais 365 dias inteirinhos, com 8760 horas e mais minutos, com aquela carga de desconhecido que simultaneamente atrai e assusta, como tudo o que desejamos sem ter bem a certeza de como é. Mas preciso de pouco: ter saúde - que é sempre o principal; e é imenso! - ter junto de mim os que amo e me são essenciais, conseguir ir fazendo de cada dia uma festa como a da passagem do ano, mas vivida pelo lado de dentro.
E continuar a acreditar que o amor é o que mais importa e o que faz a vida valer a pena, nas suas milhentas formas, facetas e manifestações.