Há filmes assim, que uma pessoa vai ver sem saber bem porquê, realizados por alguém de quem não se sabe quase nada e protagonizados por actores sem nomes sonantes ou demasiado mediatizados. E que depois, talvez por não termos em relação a eles expectativas nenhumas, acabam por ser boas surpresas. É o caso do último filme que vi, Little men ("Homenzinhos", na versão portuguesa), de Ira Sachs.
É um filme passado em Nova Iorque, a história de dois adolescentes, Jake e Tony, da sua amizade, e das suas famílias, que trata também das relações entre pais e filhos, de educação, de afectos e de fragilidades. O que há nele de mais surpreendente é talvez a humanidade das personagens, que são gente comum e, como todos nós, se enganam, erram, hesitam e tentam adaptar-se a novas circunstâncias, boas ou más.
É um filme que, na sua subtil delicadeza, nos toca e incomoda, e nos põe a pensar também nos nossos dilemas e escolhas. Que sendo centrado em dois adolescentes é da grandeza e da pequenez de todos nós que nos fala, de uma maneira não ostensiva, mas fazendo parte da fluidez narrativa, para o que muito contribui a excelente interpretação de todos os actores.
E continua a ser isto que mais me fascina no cinema: a capacidade de me contar uma história e de me deixar a pensar sobre ela, sobre mim, sobre a vida.
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