quarta-feira, 7 de março de 2018

"Nesta data querida uma salva de palmas"



Este não é um dia qualquer. Hoje, o dia é todo meu. Quem me conhece sabe bem a importância que lhe dou e como, em cada ano, o preparo que esmero e antecedência, como se fosse sempre o primeiro. Porque gosto muito de ter nascido, gosto de mim e da minha vida, com todas as suas imperfeições, incompletudes, fragilidades e inquietações. Talvez, também, justamente por causa delas.
Fazer anos é para mim uma coisa boa, natural, digna de festejo apropriado, pois é sinal da passagem do tempo e há em mim muitas marcas do caminho percorrido. Agora que já "sou crescida", conheço-me bem, com todas as qualidades e defeitos de que sou feita, e também as sensibilidades, matizes, segredos, manias, sonhos, gostos  e maluqueiras. E acho que, no fundo, sou boa pessoa; e que fazer parte do meu círculo de amigos deve ser bom.
Gosto deste meu dia que traz consigo a Primavera, o sol, as cores e os perfumes intensos, a força e a alegria, como novas promessas de recomeço e de bem-estar.  Gosto do número 7, que é tão especial, e que acredito que me tem abençoado a vida toda.
É por tudo isto que, neste dia, dispenso sempre os formalismos e clichés típicos, o bolo de velas e o "hoje é dia de festa cantam as nossa almas", mas nunca trabalho, rodeio-me de flores (são-me indispensáveis as frésias amarelas que me dava a minha mãe) e das pessoas que me são mais queridas, e recebo todos os mimos, beijos e abraços que continuam a aquecer-me o coração como quando era "pequenina"; e celebro-o sempre em grande estilo, porque me parece que mereço e porque a vida tem sido boa para mim e tenho sabido, dentro da medida do possível, aproveitar o que realmente importa e esquecer o resto.
A idade também ajuda: ensina-nos muita coisa, apesar de, na cabeça e no coração, continuar a ter todas as idades e a vontade de experimentar e de ir mudando aqui e ali. Lembro-me, às vezes, da Duquesa de Alba, porque não me importava nada de vir a ser assim, como ela, uma espécie de "velha gaiteira"...

2 comentários:

  1. Um texto delicioso. Gostei da forma como não tem qualquer tipo de receio de escrever com todas as letras e mais algumas, que gosta de si e da sua vida. Sem falsas modéstias.

    Também gostei da parte da frésias, são flores de que gosto muito, também foi a minha mãe que me deu a conhecer as frésias num dia que foi o do meu casamento. Um ramo curto, pequeno, com frésias brancas aconchegadas em folhas de aparência forte e tom verde escuro. O cheiro da frésias apesar de intenso, acaba por suavizar conforme as horas passam.

    'Velha gaiteira' como foi Duquesa de Alba, não deve ser tarefa fácil, mas que a vida seja celebrada da forma que melhor o entendermos, sem quaisquer julgamentos de terceiros.

    Beijinho, Isabel, parabéns e muitos anos de vida :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Muito obrigada, Maria. De facto um dos benefícios da idade é mesmo isso de assumirmos o que pensamos e o que somos sem querer saber de "qué dirán". ;)

      Eliminar