quinta-feira, 13 de junho de 2019

"Nous finirons ensemble", ou a força da amizade



Nove anos depois de Les Petits Mouchoirs, estupidamente traduzido por "Pequenas Mentiras entre Amigos" Guillaume Canet decidiu reunir de novo o elenco que inclui alguns dos nomes maiores do cinema francês (François Cluzet, Marion Cotillard, Gilles Lelouche, Laurent Laffite, por exemplo) e no mesmo cenário de Cap Ferret, continuar a história. A iniciativa era arriscada. Porque o filme de 2010 foi um sucesso de bilheteira, com 5 milhões de espectadores em França e meses a fio em cartaz em Lisboa; e porque tendemos a olhar com uma certa desconfiança para qualquer sequela, considerando quase sempre que "a primeira obra era melhor".
E, no entanto, trata-se de um desafio mais que conseguido. Tal como no anterior, o filme trata sobretudo de amizade, com todas as suas ambiguidades, conflitos, alegrias e desilusões. As personagens, que na ficção estiveram distantes durante três anos, reencontram-se amadurecidos e modificados pela passagem do tempo, como acontece com todos nós. E rapidamente percebem como o essencial se mantém, e como a apoio e o afecto dos que nos são queridos nos são fundamentais. Assim, para lá de todos os amuos, remorsos ou lamentos, é no belíssimo título original que encontramos a verdade que este filme encerra, a mensagem que quer (e consegue) fazer passar: nous finirons ensemble, para lá de todas as imperfeições, egocentrismos, cobardias e pequenos defeitos que têm os que amamos. Essa é, de resto a beleza e a grandeza do amor.
É esta dimensão humana das personagens que faz com que elas nos toquem tanto. Estes amigos são também os nossos amigos; qualquer um de nós podia pertencer àquele grupo; e para quem viu o primeiro filme, há nove anos, é como se tivéssemos amadurecido todos juntos. E por isso este filme, que não é moralista nem "cor-de-rosa", mas antes pleno de humor e de emoção, como a vida, é tão bom como o primeiro (ou melhor ainda...). A ver, pois claro.

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