Na semana passada assisti, em dias seguidos, a dois espectáculos. Muito diferentes no género e também no impacto que tiveram em mim. Um de música e outro de dança. Um de um cantor consagrado, que já vi muitas vezes; o outro de um artista controverso e premiadíssimo, de quem ouvira falar, mas que ainda nunca tinha podido ver ao vivo.
Caetano Veloso é, juntamente com Simone, um dos cantores brasileiros de quem vi mais concertos. O último tinha sido já há anos; e, por isso, a ocasião parecia-me imperdível, apesar do preço um pouco exagerado dos bilhetes. Era tudo como eu gosto: um concerto intimista, só com "voz e violão", no Coliseu, que é para mim a mais encantadora das salas de espectáculo de Lisboa, não apenas pelas memórias de muitas noites bem passadas, mas também pelo toque da magia da sua forma circular, que a torna mais especial e aconchegante.
O cartaz anunciava uma primeira parte com uma tal Teresa Cristina, que ninguém conhecia, mas não parecia constituir problema. Não estávamos, no entanto, preparados para assistir a um concerto de Teresa Cristina, com a participação de Caetano, que foi no fundo o que aconteceu.
Ela é sem dúvida dona de uma bonita voz e cantou essencialmente canções de Cartola, um antigo compositor e cantor brasileiro. Mas meia hora teria chegado, até porque ao fim da quarta ou quinta canção o registo era sempre igual. Foram muitas. E depois lá veio Caetano, igual a si mesmo. Com os êxitos esperados, onde apenas faltaram "Terra", "Sampa", "Menino do Rio" e "Alegria, alegria". A voz continua a de sempre, como se o tempo não passasse por ela; e viajar através dela por aquelas canções que sabemos de cor é deixar-se levar para um universo de sonho e de emoção.
Mas foi só uma horita, talvez nem tanto. Deu o espectáculo por encerrado e voltou ao palco com a dita Teresa Cristina pela mão, que cantou durante mais quarenta e cinco minutos, pontuados aqui e ali por um coro com Caetano. No fim, ficou a sensação de termos sido de certo modo ludibriados. Não havia necessidade...
Já o espectáculo de Israel Galván foi uma experiência única. Avassaladora. Um daqueles raros espectáculos que mexem connosco e modificam alguma coisa em nós. Pelo que há neles original e de surpreendente. Mesmo para mim, que já vi muito flamenco. E que achava que, tendo visto Rocío Molina, na sua imensa genialidade, já tinha visto tudo. Afinal não. Faltava isto. O espectáculo, chamado "fla.co.men" diz logo no nome uma parte do que é, pois ao fazer este jogo com a palavra "flamenco", vai desconstrui-lo e recriá-lo na mais absoluta liberdade.
Pena que a sala do CCB estivesse apenas a metade. Mas quem lá esteve saiu de alma cheia e com uma visão diferente do flamenco e até, se calhar, da vida. Assim, sim...
Caetano Veloso é, juntamente com Simone, um dos cantores brasileiros de quem vi mais concertos. O último tinha sido já há anos; e, por isso, a ocasião parecia-me imperdível, apesar do preço um pouco exagerado dos bilhetes. Era tudo como eu gosto: um concerto intimista, só com "voz e violão", no Coliseu, que é para mim a mais encantadora das salas de espectáculo de Lisboa, não apenas pelas memórias de muitas noites bem passadas, mas também pelo toque da magia da sua forma circular, que a torna mais especial e aconchegante.
O cartaz anunciava uma primeira parte com uma tal Teresa Cristina, que ninguém conhecia, mas não parecia constituir problema. Não estávamos, no entanto, preparados para assistir a um concerto de Teresa Cristina, com a participação de Caetano, que foi no fundo o que aconteceu.
Mas foi só uma horita, talvez nem tanto. Deu o espectáculo por encerrado e voltou ao palco com a dita Teresa Cristina pela mão, que cantou durante mais quarenta e cinco minutos, pontuados aqui e ali por um coro com Caetano. No fim, ficou a sensação de termos sido de certo modo ludibriados. Não havia necessidade...
Já o espectáculo de Israel Galván foi uma experiência única. Avassaladora. Um daqueles raros espectáculos que mexem connosco e modificam alguma coisa em nós. Pelo que há neles original e de surpreendente. Mesmo para mim, que já vi muito flamenco. E que achava que, tendo visto Rocío Molina, na sua imensa genialidade, já tinha visto tudo. Afinal não. Faltava isto. O espectáculo, chamado "fla.co.men" diz logo no nome uma parte do que é, pois ao fazer este jogo com a palavra "flamenco", vai desconstrui-lo e recriá-lo na mais absoluta liberdade.
Pena que a sala do CCB estivesse apenas a metade. Mas quem lá esteve saiu de alma cheia e com uma visão diferente do flamenco e até, se calhar, da vida. Assim, sim...
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