Passado quase um mês do "confinamento", que tenho seguido de forma rigorosa, com saídas apenas para ir ao supermercado e à farmácia, hoje, pela primeira vez, o sol e o maravilhoso dia de Primavera acabaram por se me impor com mais intensidade e cedi à tentação de dar uma pequena volta no bairro. Havia algumas pessoas na rua, levadas, provavelmente, por um propósito semelhante ao meu de esticar as pernas, respirar o ar "lá de fora", caminhar um pouco sem destino certo, ou apenas porque sim.
Que estranhos tempos os que vivemos: com vagar para tudo, desacelerámos os gestos, demoramo-nos em pequenas tarefas que antes fazíamos a correr, percebemos a importância do que outrora tínhamos como garantido e agora nos parece um sonho por concretizar.
E enquanto esperamos pelos abraços que nos fazem ver o mundo de pernas para o ar e pela possibilidade de andar outra vez livremente pelo mundo, sem luvas, sem máscaras, sem afastamentos nem proibições, pensamos em todos os que sofrem ou lutam para vencer tudo isto que aconteceu e, naturalmente, não podemos deixar de nos sentir, ainda assim, privilegiados só por poder ir ali e voltar.
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