terça-feira, 30 de setembro de 2014

O que aí vem...


Não queria falar disto, porque nos últimos dias tem sido uma verdadeira "overdose". E porque já chega de protagonismo e tempo de antena desta gente que, no fundo, tem tão pouco para dizer.
Mas, hoje, na minha habitual leitura do DN, encontrei um texto do jornalista Pedro Tadeu de que gostei, porque diz o que me parece óbvio, mas tem sido omitido por quase todos os que tenho ouvido e lido e que, em geral,  vêem em AC uma espécie de "salvador da pátria" (como é que é possível que mesmo pessoas inteligentes possam acreditar nisto?) e AJS como um "coitadinho" qualquer.
O artigo, do qual não resisto a transcrever um excerto, tem o título: Costa é mesmo melhor que Seguro? E diz assim:

O carácter dos líderes políticos é importante? É. Mas quando essa é a única matéria que a política submete ao voto dos eleitores, então estamos perante uma fraude democrática.
Aquilo que se passou no domingo, que deixa o Partido Socialista contente, dada a elevada participação nas suas eleições primárias para primeiro-ministro, aquilo que deixa inúmeros analistas políticos a implorar repetição noutros partidos, por ser um suposto aprofundamento da participação dos cidadãos nos destinos do Estado, vai transformar-se em mais um veneno para a fé democrática do eleitorado.
Que acontecerá quando se repetirem, uma e outra vez, as escolhas abertas à população em geral do ator político mais articulado, mais convicto e mais telegénico de um mesmo e único enredo partidário? Da escolha, em suma, do melhor papagaio para cantar as ideias comuns, os projetos comuns e os programas comuns duma mesma e única organização profissional de conquista do poder? Que acontecerá quando aqueles que, generosamente, acorreram agora às assembleias de voto do PS começarem a perceber que o valor do seu ato cívico é equivalente ao da eleição da Miss Portugal - a substância está, apenas, na aparência?
(...)
António Costa é melhor que António José Seguro? A maioria parece pensar que sim. É indiferente. A pergunta sufragada deveria ter sido outra: António Costa pensa melhor do que António José Seguro? A resposta, temo, acabaria por ser esta: nem pensa melhor nem pensa pior; na essência, pensa igual.
(...)
Por isso mesmo, vivaço, é que António Costa se recusou a detalhar um projeto para o País, pois se o melhor que tem para dar é um programa de reabilitação urbana, um Ministério da Cultura e uma "leitura inteligente" do Tratado Orçamental, percebe que está a oferecer aos portugueses, apenas e só, mais do mesmo. Igualzinho a Seguro... mas com outro carácter, claro.

Apesar do muito que possa haver de criticável neste governo (e eu de economia e finanças percebo zero e por isso não sei avaliar se o caminho tinha que ser este ou poderia ter sido outro), o que aí vem estou certa que será bem pior. E, se não for na aparência, sê-lo-á certamente na essência. Até gostava de estar enganada, mas os que agora aplaudem AC esquecem que foram exactamente estes os que nos deixaram na bancarrota, ou à beira dela. Será provavelmente o que vai voltar a acontecer. Será mais um "déjà vu". Mas, como alguém me dizia hoje, provavelmente temos apenas o que merecemos.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

domingo, 28 de setembro de 2014

BB


Depois de Leonard Cohen e Sophia Loren, na semana passada, hoje é  Brigitte Bardot que chega aos oitenta anos.
No entanto, ao contrário dos dois primeiros, BB, como sempre foi conhecida, é actualmente uma sombra da imagem sensual de outrora que, nas décadas de 50, 60 e mesmo ainda de 70, fez dela um símbolo sexual apenas comparável a Marylin Monroe
Mas somente a controvérsia une a BB de antes à de agora. Longe vão as cenas mais ousadas de Et Dieu créa la femme, o filme que em 1956 a tornou célebre, ou a beleza singular, simultaneamente inocente e rebelde, que a transformou num ícone de moda. Há muito que BB abandonou o glamour de então, trocando a moda, o cinema e a canção pela dedicação exclusiva, (mas também veemente e exacerbada), à defesa dos animais, e pela manifestação de polémicas opiniões políticas, como aconteceu recentemente no apoio público a Marine le Pen.
Seja como for, celeumas à parte, BB será sempre uma figura incontornável do século XX, não apenas francês, mas também europeu, e até mundial.
Eu, quando a vejo, hoje, confirmo  a convicção de que pode envelhecer-se bem ou menos bem, e a certeza de que, na verdade, não é só para mim que o tempo passa...

sábado, 27 de setembro de 2014

Invenções Fantásticas (I)


O papel higiénico, dizem, foi inventado por um americano, no século XIX, que apenas o comercializou, porque na realidade ele já existia na China desde o ano 875.
Quando, onde e porquê surgiram outros produtos do género, em papel, - guardanapos, lenços, rolos de cozinha, - não faço ideia.
O que sei é que estes rolos são uma fantástica invenção e já nem imagino como seria a vida sem eles, assim como acontece com tantas outras coisas a que nos habituamos de tal maneira, que passam a parecer-nos absolutamente imprescindíveis.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Tonterías


De vez em quando, também há os dias em que me apetece ver um filme menor, daqueles que apenas divertem e fazem passar um bom bocado. Hoje, era uma desses dias. Por isso, ao decidir ir ver esta comédia espanhola, já sabia mais ou menos o que me esperava.
O filme Ocho apellidos vascos (incompreensivelmente traduzido como "Namoro à espanhola") começa logo com uma sevilhana num tablao andaluz (isto promete, pensei!) e conta uma história de amor entre um rapaz do sul que se apaixona por uma basca, e um sem fim de peripécias e quiproquós com um toque burlesco, onde estão presentes todos os estereótipos e ideias feitas sobre uns e  outros, para terminar em final feliz, ligeiramente folclórico até, com os Del Río a cantar Sevilla tiene un color especial, enquanto o par principal se dirige para  Triana numa típica carroça, ao melhor estilo dos contos de fadas e do y fueran felices...
Claro que não é um grande filme. No entanto, confesso que, apesar de tudo isto, superou as minhas expectativas. Porque há nele, mesmo sob a forma de caricatura, uma crítica implícita aos preconceitos e à reacção mais ou menos visceral ao que é diferente e nos causa estranheza. Porque, ainda que em tom jocoso e levezinho, aborda questões pertinentes. Porque, ao ver Sevilha no ecrã, tive a mesma sensação de estar "em casa" que tenho quando vejo filmes que têm Paris como décor e me surge de imediato a vontade de lá voltar. Mas, acima de tudo, porque me fartei de rir o tempo todo, e saí mais bem disposta do que tinha entrado.
E, afinal, não é também para isto que o cinema serve?

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Eventos desta Estação


A Ode Marítima voltou hoje ao Teatro S. Luís. Sobre este espectáculo excepcional, já falei aqui, em Março, quando o vi. E, no entanto, ele foi para mim tão marcante, que não descarto a hipótese de o ver uma vez mais.
Depois, em Novembro, o CCB volta a organizar um Ciclo de Conferências com a Professora Maria Alzira Seixo, tal como já aconteceu no ano passado. Desta vez sobre "o romance há cem anos". Durante seis semanas, sempre às terças, vai ser possível ouvi-la falar de Aquilino Ribeiro e de Raul Brandão, de Pinheiro Chagas e de Teixeira Gomes, de Almada e de Nemésio, de Miguéis e de Carlos de Oliveira, do valor da palavra e da importância que a literatura tem na vida. Imperdível, com a indiscutível qualidade que é imagem de marca desta Professora, que é para mim uma pessoa muito especial, de quem eu gosto mesmo muito.
Além de tudo isto, há ainda a habitual "Festa do Cinema Francês",  e todas as estreias cinematográficas, - as que já estão aí e que as que estão por vir; e os livros que quero ler, como este, por exemplo, que me deixou curiosa, entre muitos outros; e tanta, tanta coisa nova a acontecer...
Em geral é assim, cheia de acontecimentos, a temporada Outono / Inverno. Tenho um bocado a mania que temos sempre tempo para tudo aquilo que queremos fazer. Mas, perante uma oferta tão vasta é inevitável a necessidade de fazer opções. Até porque a vida não é só cultura e há também tudo o resto, que é imenso, onde cabem os deveres, o silêncio, os afectos.
 
(Fotografia de mfc, do blog Pé-de-Meia)

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Já é Outono



Dizem que chegou esta madrugada. No calendário, apenas; porque, na verdade, desta vez ele anunciou-se prematuro, a empurrar o Verão que teima em ficar e se lhe sobrepõe a espaços, revelando-se ainda aqui e ali, na temperatura amena de um sol morno a querer romper as nuvens e a fazer variar as horas e os dias, que ora são cinzentos, ora são azuis. 
Gosto do Outono, quase tanto como da Primavera, mas por diferentes razões. Porque aguça os sentidos e aumenta a comoção perante a beleza do mundo; e pela doce melancolia  que enche o ar,  que pinta tudo em tons de ocre, de vermelho e de dourado, misturando sensações de despedida e de novidade, de tristeza e de bem-estar.
Há qualquer coisa de profundamente poético no Outono, que é uma estação que eu associo à cidade, ao aconchego da casa, à intimidade de um abraço apertado.
 
(Fotografias de Maria Cristina Guerra)

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Memórias de outro tempo


Ainda antes de me perder de amores pelos olhos verdes do Jean-Loup, eu quis ser como a Pipi das Meias Altas, aquela miúda ruiva, sardenta, de tranças muito espetadas, que vivia sozinha com um cavalo e um macaco, que subia às árvores e fazia mil diabruras, numa irreverência que parecia não ter limites, permitindo-se quebrar todas as regras, e sair-se sempre bem.
Era uma personagem a meio caminho entre a realidade e a ficção, que alimentava o nosso imaginário infantil num tempo em que a televisão ainda era só a preto e branco. E lembro-me, vagamente, da desilusão que senti quando a actriz que fazia de Pipi na série passou por Lisboa e, vista assim, sem tranças e sem a habitual caracterização, me pareceu afinal uma rapariga como as outras.
Depois, acompanhei com paixão os Pequenos Vagabundos, a série de culto que na época fazia suspirar todas as meninas acabadinhas de entrar na adolescência, sonhando amores felizes e pueris, misturados com mistério e aventura. E fui também à procura do Tesouro dos Templários e do Chateau sans nom; e quis  estar num campo de férias como o Camp Vert, ser eu a Marion e cantar emocionada o Chant des Adieux, com a mão do Jean-Loup a segurar a minha mão (embora algumas amigas minhas preferissem o Cow-Boy, que isto, graças a Deus, sempre houve gostos para tudo...)
Já passou muito tempo. E nem sei por que razão me  fui lembrar disto agora. Ou talvez saiba: por causa do entusiasmo com que hoje de manhã ouvia  uma menina de treze anos falar(me) do filme dos One Direction e de eu ter pensado, por momentos, que  ainda que os tempos sejam outros e muita coisa seja diferente, há determinadas vivências, típicas da adolescência, que não mudam nunca.

domingo, 21 de setembro de 2014

O fim dos cadeados


Finalmente a Mairie de Paris lá se decidiu a acabar com a moda dos cadeados, que surgiu em 2008 e  rapidamente se tornou uma praga. Pior que isso, estava a transformar uma da mais bonitas e emblemáticas pontes desta cidade,  (Pont des Arts) num lugar perigoso.
Só para se ter uma ideia, em apenas alguns meses foram colocados setecentos mil cadeados em pontes. Nestas, principalmente: des Arts, de l'Archevêché, de Solférino e na Passerelle Simone de Beauvoir.
Quando em Junho estive em Paris pela última vez, uma parte do gradeamento da ponte des Arts havia cedido cerca de duas semanas antes com o peso dos cadeados. Mas, para meu grande espanto,  verifiquei que em vez de retirarem os cadeados em excesso, tinham optado por reforçar as grades, onde já se acumulavam tantos cadeados que não havia um único espacinho livre para colocar mais.
Porém, recentemente, quinze painéis de grades tiveram que ser removidos, porque estava em risco a própria estrutura da ponte. Em cada um de destes painéis havia cerca de 500 kg de cadeados, o que representa mais ou menos quatro vezes mais que o peso limite admitido.
Nessa altura, a Câmara de Paris parece ter por fim entendido a real dimensão do problema, tendo substituído as grades em falta por painéis de madeira, provisórios, ao mesmo tempo que lançava uma campanha apelando a que os cadeados fossem trocados por selfies,  - uma moda mais actual - e partilhadas no site www.lovewithoutlocks.paris.fr.
Por estes dias a Mairie está a experimentar a colocação de painéis em vidro na ponte des Arts, em vez das antigas grades, permitindo resolver a questão da degradação do património e do risco para a segurança dos passantes, mantendo a possibilidade de se poder desfrutar da magnífica paisagem. Se resultar, estender-se-á depois aos outros locais com cadeados.
Oxalá resulte! Na verdade, eu que até me considero uma romântica não tenho grande paciência para estas manifestações de amor estereotipadas e, quanto aos cadeados, vem-me à ideia aquele dito popular que diz que "tudo o que é demais, cheira mal."

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Amor incondicional



(...)
Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto.

                                                                                  
                                                                                    (José Carlos Ary dos Santos)

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Mãos


Uma grande parte do amor  é pele, toque, sensualidade pura.
Há muitas mãos nas nossas vidas, algumas verdadeiramente marcantes e inesquecíveis: há as que nos arrepiam e fazem estremecer de prazer, as que conhecem de cor cada recanto do nosso corpo, as que nos exaltam e aceleram o coração; há as que nos amparam e confortam em momentos de tristeza, e tantas, tantas outras.
Mas, antes e depois de todas elas, capazes de dizer mais que todas, mesmo no maior silêncio, estão as que primeiro pegaram em mim, me ensinaram o mundo e, ainda hoje, quando me afagam a cabeça ou me acariciam, me enchem de uma doce tranquilidade; e me dão a certeza que os afectos são o maior e o melhor que eu tenho e o que, mais que qualquer outra coisa, dá sentido aos meus dias.
Por isso, tantas vezes, um abraço apertado ou uma mão que segura a minha mão já bastam para me fazer imensamente feliz.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

De volta ao palco


Campaínha, algazarra, risos e vozes misturadas, livros, cadernos e canetas voltam a fazer parte do meu quotidiano. E por mais agitado e difícil que seja, às vezes excessivamente cansativo, tenho que admitir que gosto disto.
Nem tudo é perfeito (nunca é), mas voltar é bom. Melhor ainda quando é assim, depois de uma pausa mais ou menos demorada e por vontade própria. É como começar outra vez, já não com a inocência e a ilusão dos vinte anos, mas com a experiência do que ficou para trás e se foi construindo no tempo.
Vejo todos aqueles olhos na minha frente, expectantes e curiosos, a tentar perceber o que digo e entender, para lá das palavras, a pessoa que sou. Sinto-me observada até ao mais ínfimo detalhe, tal e qual como se estivesse no palco. Tudo importa e significa.
E sei que o que me espera é um desafio e uma responsabilidade sem tamanho e que muita coisa depende também de mim, num caminho que hoje começou e que temos que fazer juntos. Vamos a isso!

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Inquietude


 
Às vezes as palavras não chegam, outras vezes não são precisas. Ou as duas coisas...

domingo, 14 de setembro de 2014

Os nossos vizinhos

 
Completamente por acaso, descobri no ABC de hoje um interessante artigo de opinião sobre um assunto que me apaixona: as diferenças entre portugueses e espanhóis. Quem me conhece sabe como me identifico com a alma espanhola, na sua colorida exuberância e tremenda alegria de viver.
E, tal como a autora do texto, a correspondente do jornal em Lisboa, também eu acho que, apesar das nossas diferenças, há afinal imensa coisa que nos une e que, acima de tudo, temos muito a aprender uns com os outros.
Aqui fica um excerto. Para ler tudo, é aqui.

Hermanos, primos, amigos, vecinos, compañeros, socios, cómplices o aliados. Son muchas las formas de relacionar a españoles y portugueses, dos pueblos ibéricos que comparten un territorio y muchos años de historia. Evidentemente hay similitudes entre ambos, por tratarse de dos países fronterizos dentro de Europa, pero a veces se comete el error de pensar que somos en todo iguales o muy parecidos, porque tenemos nuestras diferencias. Existe siempre el riesgo de generalizar demasiado y no se debe olvidar que no hay ni dos españoles ni dos portugueses iguales, por lo que no se puede hacer de una generalidad una regla. Y al hablar de estos temas nos basamos también en nuestras propias vivencias y experiencias por lo que cada uno puede tener una visión distinta. Además de ser diferentes, unos y otros nos enfrentamos a mitos y estereotipos que se han ido creando a nuestro alrededor. Y no siempre es fácil acabar con esas ideas que pueden perjudicar nuestras relaciones.
Empezando por la forma de ser de cada uno, se tiende a definir al español como una persona alegre y al portugués como una persona triste. Pero ni todo es fiesta en España ni todo es fado en Portugal. Sin embargo, sí que hay rasgos muy diferentes al definirnos. Los españoles somos más extrovertidos, charlatanes, gritones, expresivos, informales y besucones. Expresamos más abiertamente nuestros sentimientos. Los portugueses por su parte, son más reservados, hablan mucho menos y más bajito, muy educados y formales. En esto de las formalidades nos ganan, sigue siendo el país de doctores e ingenieros, donde el título tiene mucha importancia, demasiada. Los españoles prefieren el tuteo y hasta nos ofendemos si nos tratan de usted.
(...)
Como forma de resumen, se puede decir que los españoles confiamos mucho en nosotros mismos, nos consideramos en muchas cosas los mejores. Somos, en pocas palabras, muy echados para adelante. El portugués suele ver la botella medio vacía, se lamenta de sus problemas, es bastante envidioso y se fija demasiado en lo que hacen los otros sin darse cuenta de las muchas virtudes que tiene. Y juntos podemos vernos como una mezcla interesante porque lo que en uno exagera el otro se queda corto. Logramos un buen equilibrio aunque normalmente no nos damos cuenta. Tenemos mucho que dar y recibir y sobre todo que aprender de los que están tan cerca de nosotros.

Simply the best

sábado, 13 de setembro de 2014

Woody Allen, outra vez


Quase sem excepções, vejo sempre os filmes de Woody Allen. Gosto mais de uns do que de outros, naturalmente. "Magia ao luar" (Magic in the Moonlight), o último com a sua assinatura, não estará entre os meus preferidos, mas é um filme encantador. Tem o charme e o talento de Colin Firth, Eileen Atkins no papel da deliciosa Tia Vanessa, diálogos fantásticos com o humor inteligente que é já imagem de marca do realizador e, como sempre, uma magnífica banda sonora. Tudo boas razões para justificar uma ida ao cinema. Eu gostei. E recomendo!

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Paulo


Tem a quem sair, claro. Educadíssimo, de olhar vivo e inquieto, esbanja classe, bom gosto e humor, em doses certas.
Gosto muito dele, da imensa capacidade comunicativa de quem sabe escolher as palavras exactas para cada circunstância,  da inteligência, da força e da determinação que o fazem destacar-se em tudo, e ser um excelente político; da coragem de não desistir, mesmo quando a conjuntura mostra que esse seria decerto um caminho mais fácil, ou pelo menos mais tranquilo; e, por tudo isso, é alvo de maledicência, de inveja e dos odiozinhos habituais num país onde, em todos os domínios, é cada vez mais a mediocridade que domina.
Mas isso pouco importa. O que conta é que hoje é dia de festa. E que a vida é sempre para celebrar. Parabéns, Paulo! 

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Boas iniciativas


Soube, pela Comunicação Social, que este ano a recepção aos caloiros, nas universidades, inclui uma campanha que alerta para a importância de denunciar todo o tipo de humilhações e informação sobre como proteger-se dos abusos.
Esta é uma iniciativa do Ministério da Educação que inclui, entre outras coisas, a distribuição de folhetos informativos aos alunos, um endereço electrónico para onde podem fazer denúncias de situações relacionadas com as praxes e recomendações às instituições de ensino superior para que incluam nos regulamentos normas  sobre os actos de violência susceptíveis de serem considerados infracções disciplinares, tais como coacção física ou psicológica, ou qualquer acção não consentida. As praxes não podem, pois, em caso algum, revestir natureza vexatória ou de ofensa de natureza física ou moral dos participantes ou de quaisquer outras pessoas, nem podem prejudicar o normal funcionamento da instituição, nomeadamente impedir ou dificultar a ida dos estudantes às aulas ou perturbar a sua participação nas demais actividades escolares.
Já é um bom começo. No entanto, convinha também fazer notar que a recepção aos caloiros deve durar apenas um curto período de tempo, no início do ano; e que o que têm que fazer, na verdade, depois disso, é estudar. Quem passa pelo Campo Grande todos os dias saberá, como eu, que as supostas "praxes" existem todos os dias, durante o ano inteiro. Um excesso, também.
 
(Não desgosto de Nuno Crato. Só acho que ele está muito mal rodeado. Eu, por exemplo, daria uma excelente assessora do Ministro da Educação. Ele é que ainda não descobriu isso...)

terça-feira, 9 de setembro de 2014

O fascínio da literatura


Ontem, depois de uma verdadeira overdose de escola, em horário já muito tardio relativamente ao que costumava ser até há pouco o momento de passar pelos "meus" blogs, encontrei mais um fantástico texto de Pedro Correia, da série "Penso rápido" no Delito de Opinião.
Dizia:

São inúmeros os casos de livros que mudam uma vida. Napoleão, ao que consta, nunca mais foi o mesmo depois de ler O Príncipe, de Maquiavel. Pessoa imitou um dos seus autores favoritos, Poe, em parte da obra e grande parte da vida. Marx influenciou as vidas de milhões de pessoas. E Nietzsche também -- dizem que até influenciou um certo cabo que combateu na I Guerra Mundial e usava um bigodinho ridículo. Ibsen influenciou legislação sobre os direitos das mulheres. Conan Doyle e Simenon influenciaram tanto (e tantos) que personagens saídos da sua imaginação, como Sherlock Holmes e o comissário Maigret, se tornaram mais conhecidos do que os autores. Romeu e Julieta, figuras de papel, seduziram mais do que inúmeras pessoas de carne e osso. E já nem falo dos mundos que se descobrem em cada livro da Bíblia...
Sabemos sempre de onde um partimos com um livro na mão. Mas somos incapazes de imaginar até onde ele nos conduz. É também isto -- é sobretudo isto -- que faz o fascínio da literatura.


Mesmo a propósito. Tinha levado o dia a pensar que ser professor não pode corresponder e ainda menos limitar-se a uma formatação qualquer, que vê no horizonte apenas o imediatismo do exame e se preocupa com isso de forma quase obsessiva.
Como ouvi dizer recentemente a literatura não resgata o mundo, mas ajuda a compreendê-lo e a suportá-lo. Se eu conseguir fazer entender que ela pode ser fascinante e modificar-nos, sentir-me-ei muito satisfeita.
E é uma tarefa gigantesca, complicadíssima mas, também por isso, apaixonante. A nota do exame? Apenas um pormenor do percurso.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Devaneio


Qué no daría yo por escaparme
A un cine de verano una tarde
Y me dieran el primer beso de amor
Qué no daría yo por sentarme
Junto a él en ese parque
Viendo cómo se ponía el sol

Que no daría yo por sentarme
Y junto a él en ese parque
Y oyendo el ruido del mar
Y oyendo el ruido del mar.

(Fotografia de Paulo Abreu e Lima)

domingo, 7 de setembro de 2014

Chuva

 
Eu que sou toda do sol, também gosto dos dias assim, ainda de Verão mas com o Outono a sobrepor-se. E dos aguaceiros fortes alternando com um sol tímido, do cheiro da terra molhada, de caminhar cautelosa pelo piso escorregadio, de chapinhar nas poças. Ou de ficar em casa, com as janelas entreabertas para ouvir chover  e poder ir espreitando as mutações do dia, que ora clareia ora escurece, em prolongada indecisão.
Hoje, dia de Verão e de Outono, quente e chuvoso ao mesmo tempo, despedida antecipada e chegada prematura, a convidar à saudade e à calma, lembrei-me desta canção já muito antiga e tão marcadamente anos oitenta.
 
 

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Utopia(s)


La utopia está en el horizonte.
Camino dos pasos, ella se aleja dos pasos
y el horizonte se corre diez pasos más allá.
Para que sirve entonces la utopia?
Para eso, sirve para caminar.

(Hoje, mais ou menos por acaso, descobri isto e Eduardo Galeano, um jornalista e escritor uruguaio. E achei que vinha a propósito.)

 
(Fotografia de José Manuel Durão)

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Em Setembro


Em Setembro, agita-se o mar e, aos poucos, esvazia-se a praia. E então volto a poder olhá-los em silêncio, arrebatada pelo cheiro forte da maresia e concentrada no clamor das ondas, que me embala os devaneios; e a soltar o pensamento na imensidão azul, subtilmente evanescente, como o tempo, fixando os olhos na junção de céu e mar que me faz acreditar em todos as possibilidades e, por momentos, esquecer a intranquilidade que nos cerca, limita, preocupa.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Sossego



 
Há dias de uma grande tranquilidade, em que o coração subitamente se apazigua e todas as coisas parecem estar no lugar certo. Nem são precisas muitas palavras. Basta demorar os olhos em serena e silenciosa contemplação e, na placidez desse encantamento, não dar pelo tempo a passar. Como no amor.
 
(Fotografias de Paulo Abreu e Lima, Maria Cristina Guerra e mfc, por esta ordem)