Não queria falar disto, porque nos últimos dias tem sido uma verdadeira "overdose". E porque já chega de protagonismo e tempo de antena desta gente que, no fundo, tem tão pouco para dizer.
Mas, hoje, na minha habitual leitura do DN, encontrei um texto do jornalista Pedro Tadeu de que gostei, porque diz o que me parece óbvio, mas tem sido omitido por quase todos os que tenho ouvido e lido e que, em geral, vêem em AC uma espécie de "salvador da pátria" (como é que é possível que mesmo pessoas inteligentes possam acreditar nisto?) e AJS como um "coitadinho" qualquer.
O artigo, do qual não resisto a transcrever um excerto, tem o título: Costa é mesmo melhor que Seguro? E diz assim:
O carácter dos líderes políticos é importante? É. Mas quando essa é a única matéria que a política submete ao voto dos eleitores, então estamos perante uma fraude democrática.
Aquilo que se passou no domingo, que deixa o Partido Socialista contente, dada a elevada participação nas suas eleições primárias para primeiro-ministro, aquilo que deixa inúmeros analistas políticos a implorar repetição noutros partidos, por ser um suposto aprofundamento da participação dos cidadãos nos destinos do Estado, vai transformar-se em mais um veneno para a fé democrática do eleitorado.
Que acontecerá quando se repetirem, uma e outra vez, as escolhas abertas à população em geral do ator político mais articulado, mais convicto e mais telegénico de um mesmo e único enredo partidário? Da escolha, em suma, do melhor papagaio para cantar as ideias comuns, os projetos comuns e os programas comuns duma mesma e única organização profissional de conquista do poder? Que acontecerá quando aqueles que, generosamente, acorreram agora às assembleias de voto do PS começarem a perceber que o valor do seu ato cívico é equivalente ao da eleição da Miss Portugal - a substância está, apenas, na aparência?
(...)
António Costa é melhor que António José Seguro? A maioria parece pensar que sim. É indiferente. A pergunta sufragada deveria ter sido outra: António Costa pensa melhor do que António José Seguro? A resposta, temo, acabaria por ser esta: nem pensa melhor nem pensa pior; na essência, pensa igual.
(...)
Por isso mesmo, vivaço, é que António Costa se recusou a detalhar um projeto para o País, pois se o melhor que tem para dar é um programa de reabilitação urbana, um Ministério da Cultura e uma "leitura inteligente" do Tratado Orçamental, percebe que está a oferecer aos portugueses, apenas e só, mais do mesmo. Igualzinho a Seguro... mas com outro carácter, claro.
Apesar do muito que possa haver de criticável neste governo (e eu de economia e finanças percebo zero e por isso não sei avaliar se o caminho tinha que ser este ou poderia ter sido outro), o que aí vem estou certa que será bem pior. E, se não for na aparência, sê-lo-á certamente na essência. Até gostava de estar enganada, mas os que agora aplaudem AC esquecem que foram exactamente estes os que nos deixaram na bancarrota, ou à beira dela. Será provavelmente o que vai voltar a acontecer. Será mais um "déjà vu". Mas, como alguém me dizia hoje, provavelmente temos apenas o que merecemos.
O carácter dos líderes políticos é importante? É. Mas quando essa é a única matéria que a política submete ao voto dos eleitores, então estamos perante uma fraude democrática.
Aquilo que se passou no domingo, que deixa o Partido Socialista contente, dada a elevada participação nas suas eleições primárias para primeiro-ministro, aquilo que deixa inúmeros analistas políticos a implorar repetição noutros partidos, por ser um suposto aprofundamento da participação dos cidadãos nos destinos do Estado, vai transformar-se em mais um veneno para a fé democrática do eleitorado.
Que acontecerá quando se repetirem, uma e outra vez, as escolhas abertas à população em geral do ator político mais articulado, mais convicto e mais telegénico de um mesmo e único enredo partidário? Da escolha, em suma, do melhor papagaio para cantar as ideias comuns, os projetos comuns e os programas comuns duma mesma e única organização profissional de conquista do poder? Que acontecerá quando aqueles que, generosamente, acorreram agora às assembleias de voto do PS começarem a perceber que o valor do seu ato cívico é equivalente ao da eleição da Miss Portugal - a substância está, apenas, na aparência?
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António Costa é melhor que António José Seguro? A maioria parece pensar que sim. É indiferente. A pergunta sufragada deveria ter sido outra: António Costa pensa melhor do que António José Seguro? A resposta, temo, acabaria por ser esta: nem pensa melhor nem pensa pior; na essência, pensa igual.
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Por isso mesmo, vivaço, é que António Costa se recusou a detalhar um projeto para o País, pois se o melhor que tem para dar é um programa de reabilitação urbana, um Ministério da Cultura e uma "leitura inteligente" do Tratado Orçamental, percebe que está a oferecer aos portugueses, apenas e só, mais do mesmo. Igualzinho a Seguro... mas com outro carácter, claro.
Apesar do muito que possa haver de criticável neste governo (e eu de economia e finanças percebo zero e por isso não sei avaliar se o caminho tinha que ser este ou poderia ter sido outro), o que aí vem estou certa que será bem pior. E, se não for na aparência, sê-lo-á certamente na essência. Até gostava de estar enganada, mas os que agora aplaudem AC esquecem que foram exactamente estes os que nos deixaram na bancarrota, ou à beira dela. Será provavelmente o que vai voltar a acontecer. Será mais um "déjà vu". Mas, como alguém me dizia hoje, provavelmente temos apenas o que merecemos.