quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Génios da música


Salvador Sobral é, para mim, um artista maior, um músico inquieto e até alvoroçado, cheio de talento e de bom gosto, capaz de inovar e de (nos) surpreender em cada actuação. Já o vi pelo menos cinco vezes ao vivo, em diferentes registos; e não só nunca desilude, como sempre surpreende.
Vem tudo isto a propósito do concerto a que assisti no último fim de semana, um espectáculo singular do grupo Alma Nuestra, que inclui Salvador Sobral, Victor Zamora, Nelson Cascais e André Sousa Machado, que nos apresentou alguns clássicos cubanos adornados por arranjos em tons de jazz, acompanhados pela orquestra La Remolacha, o que significou 20 músicos em palco e ainda dois bailarinos, que também ajudaram à "festa".
Trata-se, indiscutivelmente,  de um caso excepcional: Seja como Salvador Sobral, Alexander Search ou Alma Nuestra, o que nos toca não é apenas a magnífica voz que possui e a excepcionalidade das suas interpretações,  mas também a sua transformação em palco, que faz com que de repente se agigante diante dos nossos olhos; e a perfeita noção de que um espectáculo inclui muito mais que um simples e belo desempenho, e que é isso que faz a magia do momento, que torna único e especial cada encontro do músico com o público a que é capaz de emocionar e comover, até chegar àquele lugar onde já não há palavras.
Salvador Sobral é amado e odiado em proporções quase iguais, como de resto só costuma acontecer com quem é demasiado grande. Os seus detractores deveriam, no entanto, assistir à entrega de corpo e alma que dá a cada concerto um aura de luz e de magia, de ternura e de aconchego, que se instala no mais fundo de nós, que nos deixa plenos de satisfação, de felicidade, e de vontade de mais.
E é, de facto, essa diferença e a extraordinária capacidade da música de nos levar ao mais profundo dos nossos sonhos, acrescentando alguma coisa à nossa vida, que é a essência da arte, e de que só os grandes artistas são capazes.

7 comentários:

  1. Não gosto da musmús do senhor. Não tem nada de ódio ou de detração (esta palavra existe)? Simplesmente não gosto. Não me cativa.

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    1. Como dizem os espanhóis "para gustos, los colores", o que me parece bem mais interessante do que o nosso "gostos não se discutem". porque eu acho que os gostos se discutem, sim, apesar de cada um ter os seus. A palavra "detracção" existe sim, e quer dizer difamação ou maledicência. Quanto ao Salvador Sobral, a maior parte das pessoas que diz não gostar dele nunca o ouviu como deve ser e apenas conhece "amar pelos dois". Pior: não gosta dele por questões que nada têm a ver com música, mas com personalidade, classe social e postura (não digo que seja esse o teu caso).
      Eu detesto a fadista Mariza, por exemplo; não gosto de a ouvir, mas reconheço que tem uma excelente voz.É que são coisas diferentes...

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  2. Concordo plenamente consigo, só assistindo a um espetáculo é que se consegue captar a grandeza deste artista. Tive o privilégio de, no mesmo fim de semana, assistir a dois espetáculos do Salvador Sobral no Funchal, foram momentos inesquecíveis. A entrega dele em palco é tão genuína e autêntica que emociona.
    Recomendo o tema “Noite Serena” uma pérola da música tradicional madeirense interpretada por ele.

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    1. Estamos de acordo, Fátima. Obrigada pela recomendação. Vou procurar... :)

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  3. Salvador Sobral é aquilo que eu chamo "uma pedrada no charco" na música portuguesa !!!

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    1. É um grande artista. Temos muitos, felizmente; e todos diferentes...

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  4. Um dos maiores cantores deste século. Ainda hoje arrebatou Malmo. Também em sueco...

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