Faz hoje exactamente 7 anos que, numa segunda-feira, em Maio de 2012, dia mais ou menos tristonho e chuvoso, como este, decidi experimentar ter um blogue. O meu primeiro texto era sobre a poesia e a chuva. Chamava-se "Chove em Lisboa"; e dizia assim:
Da janela do meu 8º andar na Praça de Alvalade, olho a chuva lá fora, num tempo que devia ser de sol, e lembro-me de um poema de José Gomes Ferreira:
"Chove...
Mas isso que importa!
Se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
(...)
Chove
Mas é do destino
De quem ama
Ouvir um violino
Até na lama"
O que seria de nós sem os nossos poetas?
Sete anos depois, estou de novo na Praça de Alvalade, desta vez no 1º andar, deixando o olhar e o pensamento vaguear entre o computador que tenho à minha frente e a vida lá de fora, que frequentemente me distrai e alicia. E, no entanto, nada é igual ao que era nessa altura, porque em sete anos muda muita coisa, no mundo e em mim, como é natural.
Escrever sempre foi uma paixão, momento de dor de prazer e de libertação, de encontro comigo e com as palavras, que me acompanha a existência desde que, há muito tempo, aprendi a ler e a escrever. Escrever é não saber para saber. Mas (...) o que se encontra é ainda a procura, diz Vergílio Ferreira, o meu autor português preferido.
Tenho levado a vida a escrever, embora de forma irregular, sem nenhuma obrigação e apenas pelo gosto de arrumar as ideias e de (me) pensar. O blogue trouxe-me um mundo novo que me era até então totalmente desconhecido e, com o tempo, fui-me afeiçoando a ele, sentindo-o como uma parte de mim, lugar de interioridade e de partilhas, mas também de abertura e de exposição, com todos os riscos que isso comporta. Ainda assim, sete anos depois, continuo por aqui, mesmo se o entusiasmo inicial esmoreceu um pouco, e se o tempo e as voltas que a vida dá nem sempre me permitem dedicar-lhe tanta atenção como gostaria. O que dizer então do "meu mais novo", criado quase quatro anos depois, com uma vertente mais dirigida à língua portuguesa que eu tanto prezo, mas que ainda só tem 23 textos, um número bem diferente dos 1200 do seu "irmão mais velho"...
Enfim, com tudo o que de bom e mau me trouxe esta experiência, continua a ser positivo o balanço que faço deste tempo em que a data coincide com o número de anos (sete anos no dia sete, que é também o meu dia) - esta magia numérica tem de ser assinalada - e por isso, enquanto me apetecer, com maior ou menor presença, vou estando por cá...
E, porque foi com e por causa dos poetas que tudo começou:
Levam as frases sentido
que uma cadência lhes dá
É justo, injusto - o escolhido?
Como quereis que, vivido,
ele não seja o que será?
(Jorge de Sena)
Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar se esquece.
Chove. Nada apetece...
(Fernando Pessoa)
Ou se tem chuva e não se tem sol
Ou se tem sol e não se tem chuva!
(...)
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
(Cecília Meireles)
Da janela do meu 8º andar na Praça de Alvalade, olho a chuva lá fora, num tempo que devia ser de sol, e lembro-me de um poema de José Gomes Ferreira:
"Chove...
Mas isso que importa!
Se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
(...)
Chove
Mas é do destino
De quem ama
Ouvir um violino
Até na lama"
O que seria de nós sem os nossos poetas?
Sete anos depois, estou de novo na Praça de Alvalade, desta vez no 1º andar, deixando o olhar e o pensamento vaguear entre o computador que tenho à minha frente e a vida lá de fora, que frequentemente me distrai e alicia. E, no entanto, nada é igual ao que era nessa altura, porque em sete anos muda muita coisa, no mundo e em mim, como é natural.
Escrever sempre foi uma paixão, momento de dor de prazer e de libertação, de encontro comigo e com as palavras, que me acompanha a existência desde que, há muito tempo, aprendi a ler e a escrever. Escrever é não saber para saber. Mas (...) o que se encontra é ainda a procura, diz Vergílio Ferreira, o meu autor português preferido.
Tenho levado a vida a escrever, embora de forma irregular, sem nenhuma obrigação e apenas pelo gosto de arrumar as ideias e de (me) pensar. O blogue trouxe-me um mundo novo que me era até então totalmente desconhecido e, com o tempo, fui-me afeiçoando a ele, sentindo-o como uma parte de mim, lugar de interioridade e de partilhas, mas também de abertura e de exposição, com todos os riscos que isso comporta. Ainda assim, sete anos depois, continuo por aqui, mesmo se o entusiasmo inicial esmoreceu um pouco, e se o tempo e as voltas que a vida dá nem sempre me permitem dedicar-lhe tanta atenção como gostaria. O que dizer então do "meu mais novo", criado quase quatro anos depois, com uma vertente mais dirigida à língua portuguesa que eu tanto prezo, mas que ainda só tem 23 textos, um número bem diferente dos 1200 do seu "irmão mais velho"...
Enfim, com tudo o que de bom e mau me trouxe esta experiência, continua a ser positivo o balanço que faço deste tempo em que a data coincide com o número de anos (sete anos no dia sete, que é também o meu dia) - esta magia numérica tem de ser assinalada - e por isso, enquanto me apetecer, com maior ou menor presença, vou estando por cá...
E, porque foi com e por causa dos poetas que tudo começou:
Levam as frases sentido
que uma cadência lhes dá
É justo, injusto - o escolhido?
Como quereis que, vivido,
ele não seja o que será?
(Jorge de Sena)
Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar se esquece.
Chove. Nada apetece...
(Fernando Pessoa)
Ou se tem chuva e não se tem sol
Ou se tem sol e não se tem chuva!
(...)
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
(Cecília Meireles)
Parabéns e que continue por aqui muito tempo:))
ResponderEliminarObrigada Isabel. É muito bom saber e /ou sentir que há gente que passa por cá. :))
EliminarMuitos parabéns.
ResponderEliminarE que o nunca lhe falte o entusiasmo.
É um gosto vir aqui.
Muito obrigada, Malema. Também é um gosto recebê-la por aqui.
EliminarUm beijinho :)
Ler os seus texto sobre cinema, poesia, concertos, observações do quotidiano, sobre a cidade de Lisboa e outras cidades além fronteiras, o seu testemunho de perdas e mudanças na vida e muito mais, faz parte de um dos vários momentos agradáveis do meu dia. Obrigada e continue a fazer parte do meu dia.
ResponderEliminarMuito obrigada eu, pelas suas bonitas palavras, que são também um incentivo para mim. :)
EliminarO blog é muito bonito, mas, por falar em 0 dias, a nossa amiga ainda não se pronunciou sobre a bomba do momento...
ResponderEliminarSérgio, pois não. Não sei se já reparou, mas é raro eu pronunciar-me sobre as "bombas do momento". É que não tenho pachorra... Quem sabe, talvez um dia. :D :D
EliminarQuanto ao que diz do meu blog, gracias. :)
EliminarJá passou um mês sobre a comemoração, mas não posso deixar de a felicitar, Isabel. Que continue pela blogosfera por, pelo menos, outros tantos anos.
ResponderEliminarMuito obrigada, Luísa. Sim, sim, por aqui vamos andando... ;)
EliminarBeijinho