Por causa da pandemia, esta foi a primeira vez que passámos separadas este dia a que tu sempre deste tanta importância. Ser mãe sempre foi a tua melhor vitória, aquilo a que te dedicaste de alma e coração, dando o melhor de ti em cada instante. Por isso nos sabia tão bem celebrar o tempo de estarmos juntas e todos os gestos, conversas, risos e cumplicidades de mãe e filha, que ninguém mais pode entender.
Hoje, não te levei flores da florista "Malmequer", como aconteceu a vida toda, nem demos beijinhos, nem apertámos as mãos, nem dissemos com os olhos tudo o que não chega às palavras. E até aquela vídeo chamada - única maneira de nos vermos agora - nos soube a pouco. Por estes dias, imagino como sentirás a falta da minha voz e da minha presença, dos meus mimos e das minha parvoíces, e até das minhas canções desafinadas, que só tu consegues suportar.
Eu nunca saberei agradecer-te tanto que fizeste, e ainda fazes, por mim. O teu exemplo desde logo. A tua garra, energia e boa disposição. A alegria e a superação. O teu coração enorme, sempre ao serviço dos outros, sem nunca se deixar subjugar. E o teu colo enorme, meu refúgio, amparo e força de todas as horas boas e más, mesmo quando recorri a ele em lágrimas e em silêncio e tu percebeste tudo sem eu ter que contar.
Mas, no fundo, somos felizes por nos termos e por, no coração, continuarmos sempre agarradinhas uma à outra, a dar-nos mimos, e colo, e energias boas.
Em circunstâncias normais, as pessoas tendem a achar que têm a "melhor mãe do mundo". Peço desculpa, mas a melhor é mesmo a minha. Até com as sua fraquezas e vulnerabilidades. Ou, se calhar, também por causa delas.
E apesar de, este ano, as comemorações terem sido totalmente "atípicas", apesar de não nos termos podido ver fisicamente, o mais importante de tudo é o que guardamos no coração. E isso, está para lá de todas as contingências e condicionalismos; e será nosso para sempre.
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