São tempos estranhos os que vivemos. Depois de cerca de dois meses fechados em casa, isolados do resto do mundo e, muitas vezes, também, longe dos que mais amamos, num demorado e mais ou menos penoso confinamento - uma das palavras que aprendemos à força - a vida vai retomando a normalidade possível, embora nada seja ainda como dantes. É mais a "anormalidade" possível: andamos na rua com a cara tapada, mantemo-nos à distância de todos incluindo os que tanto queríamos abraçar, e vamos vivendo assim, a meio-gás, sentindo falta de tudo e mais alguma coisa, do que nos parecia óbvio e inquestionável, ou tão natural como respirar.
E assim vamos "desconfinando" aos poucos, em segurança, a acreditar no que nos dizem, e sempre com o sabor agridoce de tudo aquilo de que fomos de repente privados, e que tarda em voltar.
Por mim, enquanto espero pelos beijos, os abraços e os colos, pelo toque da pele e pelas mãos que seguram outras mãos, pelas viagens e passeios sem limites nem fronteiras, pelo cinema e pelos concertos ao vivo, pela Romaria do Rocío, pela possibilidade de ir a Espanha e a França sempre que me apetecer, por andar sem máscara e pela proximidade sem medo, consolo-me com tudo o que tenho de bom, e é tanto: a saúde, a música, as flores, a Primavera, alheia a "bichos maus", e o mar, imensamente azul, fresco e apaziguante, aqui mesmo ao pé para nos deslumbrar.
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