Passavam os anos e tudo seguia igual. No mais fundo de si, sabia que não havia nada mais maravilhoso que a harmonia secreta que existia entre eles e aquele afecto tão forte e inabalável, que o tempo só tinha fortalecido.
Sabia que esses laços não se explicam nem devem tentar entender-se, e que a sua história era o melhor exemplo disso, com tudo o que tinham vivido juntos ao longo dos anos, num caminho lento e sinuoso, bonito e secreto, feito de intimidade e de partilhas, que só eles conheciam pelo lado de dentro, sem querer saber do que os outros diziam ou pensavam sem perceber coisa nenhuma.
Ambos sabiam que nem sempre tinha sido fácil, mas que, com o tempo, tinham conseguido compreender e aceitar os seus lados mais inquietos e obscuros e sabido despertar um no outro o melhor de cada um deles. Que juntos tinham rido e chorado, amuado, sofrido e sido felizes. Que até em momentos de tudo ou nada, de dor ou raiva, de risos ou lágrimas, de coragem ou desânimo, tinham podido agarrar-se um ao outro e ser colo, amparo e aconchego, sem nunca se perder nas voltas da vida, sem nunca poder zangar-se deveras, sem nunca separar-se.
Por isso, agora, era como se se conhecessem desde sempre, como se já tivessem nascido e crescido juntos. E tinham a certeza de que a vida era muito melhor por se terem um ao outro, que haveriam de se importar e cuidar sempre, para lá de tudo e de todos, porque estavam perto mesmo quando estavam longe, e porque já não precisavam de muitas palavras para se entender. Bastava um olhar, uma mão, um abraço, para saberem tudo o que não precisava de ser dito e perceber que há pessoas que enchem de encanto a nossa vida, que se levam para sempre coladas ao coração, e que a cumplicidade e o entendimento que tinham sabido criar eram um pouco daquilo a que se chama felicidade.
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