Teria de ser um filme francês a marcar o meu regresso ao cinema pós confinamento, seis ou sete meses depois da última vez. Com as devidas seguranças, claro está.
Agora não nos podemos sentar atrás, à frente, nem ao lado de ninguém - à excepção das pessoas que nos acompanham - o que não me faz muita diferença, pois já era o que eu antes procurava, para estar mais em sossego. E temos de estar sempre de máscara, naturalmente.
Havendo um filme de André Téchiné em cartaz, pareceu-me, pois, que tudo se conjugava para recuperar um pouco mais da antiga "normalidade". Com Catherine Deneuve, a sua actriz fétiche como protagonista, melhor ainda: aposta (quase) segura.
O filme, L'adieu à la nuit, trata um assunto muito actual - a radicalização religiosa, - na perspectiva do amor parental. Toda a história gira à volta da relação entre Muriel, a avó, e Alex, o neto (Kacey Mottet Klein), e de como ao descobrir que este está prestes a partir para a Síria o tenta desesperadamente "salvar", tal como todos fazemos, de certo modo, com os que amamos, quando vemos que se perdem, se enganam, ou seguem um "mau caminho" qualquer.
É um filme um pouco melancólico e até de algum modo perturbador. Mas Catherine Deneuve personifica magnificamente a inquietação e o desespero diante do fanatismo, e a perplexidade perante a impenetrabilidade de uma juventude que vive a angústia de um futuro incerto e que se alimenta de solidão diante de um computador. É ela que faz o filme valer a pena, porque, afinal, uma diva é sempre uma diva.
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