Era improvável ir ver este filme, mas ainda bem que aconteceu. O título, Mon bébé, não me seduzia particularmente e, com excepção de Sandrine Kimberlain, a protagonista, nem o restante elenco, nem a realizadora, Lisa Azuelos, me diziam alguma coisa.
A história retrata a relação cúmplice de uma mãe e de uma filha em fim de adolescência, prestes a "fazer-se à vida". E aquilo que poderia ser uma imensa xaropada, com todos os ingredientes lamechas e dramáticos que conseguimos imaginar, revela-se afinal uma hilariante comédia, simultaneamente divertida e tocante, sobre a qual cada um de nós tem a sua própria história e pode pois rever-se em algumas passagens.
Nota muito alta para o excelente papel de Sandrine Kimberlain em mãe simultaneamente preocupada, compreensiva e ternurenta, cheia de defeitos e qualidades, e para a verosímil cumplicidade que consegue estabelecer com Thais Alessandrin, a filha, que é, de resto, filha da própria realizadora na vida real.
Na verdade, ao contrário das minhas baixas expectativas iniciais, gostei bastante do filme. Mas talvez este seja um assunto que me diz muito, por estar numa fase da vida em que "mãe" é sinónimo de amor sem fim, de colo e de porto de abrigo, como sempre foi, mas também de preocupação constante, de fragilidade, de mimos vários, de amparo em fim de caminho.