Finalmente o encontro, há tanto tempo esperado. Até custava a acreditar que agora era real e não apenas um desejo adiado, daqueles que se aguardam no pressentimento que, mesmo não sendo para já, vai valer a pena. Sempre achara que as coisas melhores, boas e importantes, demoram a acontecer. E agora ali estavam, só os dois, naquele momento único em que nada mais importava, nem existia sequer.
Então, num descarado abandono, deitava-se na areia mole e despia-se aos poucos, com os gestos lentos de um amor sem pressa; e entregava-se inteira às carícias do sol, regalando-se com o seu toque quente e macio; fechava os olhos para sentir melhor o calor e a luz a penetrar-lhe na pele, avançando devagar pelo corpo fora até chegar ao mais fundo da alma, num encantamento impetuoso e desmedido, uma vaga de bem-estar e de prazer que, apesar de repetida, nunca é igual e apetece prolongar sem fim.
Depois abria os olhos para os encher do azul à sua volta, ainda não refeita do assombro de como a natureza e o amor podem emocionar tão excessivamente e deixava-se ficar naquele torpor de uma sonolência contemplativa e extasiada, num enlevo insensato que torna tudo possível, alternando sonho e realidade, a nostalgia de amores perdidos e a esperança em amores por vir.
Sentia-se confortada pela certeza doce de haver na verdade coisas tão simples e aparentemente banais que podiam fazê-la feliz àquele ponto, tal e qual como sugeria o título, misterioso e promissor, do romance que andava a ler: La felicidad es un té contigo.
(Fotografia de Virgínia Barros)
E, depois, apanhou... um escaldão! :))
ResponderEliminar(estou a brincar, claro)
Texto muito bonito, Isabel!
Beijinho :)
ahah! Não, que sou muito cuidadosa nisso e também muito morena, o que torna os "escaldões" mais difíceis ;)
EliminarObrigada, Paulo!
Beijinho :)