Tem o nome pomposo, com dois "tês" e tudo, de uma das mais ilustres figuras das letras e da política portuguesa, mas aqui na zona é sobretudo pela cor que se distingue; porque é como "escola azul" que é conhecida e que todos, ou quase todos, se lhe referem. Eu vou ainda mais longe: digo sempre "a escola" ou "a minha escola". É que este é um daqueles lugares a que ficou agarrada uma parte enorme da minha vida e que, tal como os grandes amores, que mesmo quando acabam deixam em nós uma marca que nunca poderemos apagar, esta escola está ligada a mim para sempre.
Talvez isso explique em parte o friozinho na barriga e o coração apertado com que passo o portão e desço as escadas de cada vez que volto. É como se, em cada regresso, numa estranha indistinção de saudade e de mágoa, de fascínio e desencanto, de indiferença e de amargura, que nem consigo explicar, se misturassem todas as recordações dos vinte e dois anos em que aquele era o meu mundo e quase a minha casa.
Olho à minha volta e tudo é o mesmo, aparentemente igual e, ao mesmo tempo, está já muito diferente. Vejo o cacifo fechado onde ainda está o meu nome e imagino-o outra vez cheio de livros, de cadernos, de fotocópias e de testes. E volto a sentir o cheiro forte da cera na abertura do ano lectivo e a ouvir o barulho de fundo dos alunos no pátio; e voltam as saudades das aulas e do nervoso miudinho do primeiro dia do ano; e passam-me pela cabeça todas as memórias, boas e más, divertidas ou dramáticas, tensas, doces, ternurentas, curiosas, inesquecíveis e inenarráveis de tantas histórias que ali passei, de tanto que aprendi e ensinei, e de tanta coisa tão diferente que fui vivendo e que fez de mim, também, muito do que sou. Hoje, a escola azul é este lugar assim, paradoxal, que me pertence e que já não é meu, onde eu quero e não quero voltar.
Talvez isso explique em parte o friozinho na barriga e o coração apertado com que passo o portão e desço as escadas de cada vez que volto. É como se, em cada regresso, numa estranha indistinção de saudade e de mágoa, de fascínio e desencanto, de indiferença e de amargura, que nem consigo explicar, se misturassem todas as recordações dos vinte e dois anos em que aquele era o meu mundo e quase a minha casa.
Olho à minha volta e tudo é o mesmo, aparentemente igual e, ao mesmo tempo, está já muito diferente. Vejo o cacifo fechado onde ainda está o meu nome e imagino-o outra vez cheio de livros, de cadernos, de fotocópias e de testes. E volto a sentir o cheiro forte da cera na abertura do ano lectivo e a ouvir o barulho de fundo dos alunos no pátio; e voltam as saudades das aulas e do nervoso miudinho do primeiro dia do ano; e passam-me pela cabeça todas as memórias, boas e más, divertidas ou dramáticas, tensas, doces, ternurentas, curiosas, inesquecíveis e inenarráveis de tantas histórias que ali passei, de tanto que aprendi e ensinei, e de tanta coisa tão diferente que fui vivendo e que fez de mim, também, muito do que sou. Hoje, a escola azul é este lugar assim, paradoxal, que me pertence e que já não é meu, onde eu quero e não quero voltar.
São tantas as boas memórias destas aulas!
ResponderEliminarUm grande beijinho,
Rita Moore
Só quem as viveu pode entender, não é, Ritinha?
EliminarUm beijinho enorme, também ;)