Woody Allen é um daqueles realizadores de que se gosta muito, ou não se gosta nada. Pertenço ao primeiro grupo. E acho mesmo que, para quem gosta de cinema, é um autor incontornável. Vi quase todos os filmes e gostei de alguns mais do que de outros, naturalmente. Assim de repente lembro-me de uns muito antigos, Annie Hall, ou Interiors, por exemplo, e de outros mais recentes, como Match Point, ou o fabuloso Midnight in Paris, que eu adorei, e não só por se passar em Paris. Creio, aliás, que o filme ganhou o Óscar do Melhor Argumento Original.
Blue Jasmine, o seu último filme, é também magnífico. É um filme no feminino, construído à volta de Cate Blanchett, inesquecível e genial como Jasmine, mas brilhantemente secundada por Sally Hawkins, no papel da irmã, Ginger, enternecedora na sua quase ingénua simplicidade.
O que há de extraordinário nestas personagens é a sua humanidade. É isso, de resto que as torna credíveis, a ponto de nos perturbarmos com o drama de Jasmine, cujo delírio, sempre a pisar a linha de fronteira da insanidade, desperta a nossa compaixão. E são tão autênticos os seus monólogos, é tão genuinamente verdadeiro o seu olhar vago, que nos comovemos com a tragédia do seu infortúnio e a acompanhamos perdida em si mesma, a caminho da loucura; e quase nos sentimos à deriva com ela, na procura da redenção.
Este é, sem dúvida, um dos filmes do ano, que dará provavelmente a Cate Blanchett um Óscar mais do que merecido. E nem que fosse apenas por isto, já valeria a pena vê-lo. Porque ela enche o filme todo, embora o filme seja mais que isso: é também a sua brilhante construção, que vai alternando passado e presente, tudo docemente embalado pela cadência do jazz e dos blues. A não perder...
"Woody Allen é um daqueles realizadores de que se gosta muito, ou não se gosta nada"
ResponderEliminarOra aí está uma frase indiscutível mas, por estranho que possa parecer, sempre estive numa 'zona cinzenta'.
O defeito será meu, sem dúvida, mas não consigo dizer apenas bem ou mal de Allen.
Eu gosto de Woody Allen, mas não digo só bem. Há coisas que ele faz que eu acho francamente pouco inspiradas. Por exemplo, o filme anterior a este, o de Roma, não gostei nada... Mas este vale a pena ver!
EliminarNão perdi e raramente perco as realizações do W .A. Costumo ,também, rever os seu filmes antigos. Há uma história do caneco que não consigo lembrar-me do seu título. Nem em inglês, nem traduzido para português. Sei que é à volta de uma a mãe que atormenta o filho,no papel do Woody Allen, aparecendo nas nuvens e por todo o lado sempre lhe dando conselhos, mesmo depois de morta! Deve ter servido para especialistas do for psíquico.(risos) Se souber o nome deste filme fico-lhe agradecida! Pronto, estou na lista dos que não o detestam !...
ResponderEliminarGostei da sua análise ao Blue Jasmine. O Midnight in Paris tem a banda sonora 5* para mim que são músicas das minhas preferências.
Beijinhos, Isabel!
Não me consigo lembrar que filme é esse de que fala, Madalena! Mas já vi tantos, que os mais antigos até, às vezes, os baralho ;)
EliminarEu gostei muito deste, mas "Midnight in Paris", dos últimos, é um dos meus preferidos.
Beijinho Madalena.
Peço desculpa pela intromissão.
EliminarPor acaso sabe, D. Manuela Amaral, em que década foi feito o filme que refere?
Obrigado
Observador, agradeço a sua intromissão. Acho que fazia o mesmo. Pois, não sei exactamente o ano.Vi o filme nos anos noventa na televisão.
EliminarSe souber fico-lhe muito agradecida!
Madalena(não Manuela) Amaral
Que lapso, D. Madalena!!!
EliminarEstou desculpado? Obrigado.
Experimente visualizar o site que se segue.
Depois diga se encontrou.
http://www.locatetv.com/person/woody-allen/28979
Muito Obrigada, sr Observador, pela sua disponibilidade! Nem imagina ao tempo que busco o filme em questão.Depois de alguma persistência e vossa ajuda, finalmente encontrei-o! Chama-se, "Histórias de Nova Iorque" (New York Stories). Fácil, fácil de decorar, mas enfim!...É do ano 1989, com realização do W. A. e outra grande figura do cinema,Francis Ford Coppola!
EliminarMuito agradecida também à Isabel por ter sido, de alguma forma, o veículo da descoberta!...
Anda bem que encontrou. Por acaso também tinha pensado nesse, mas nem cheguei a dizer-lho, porque como não era só Woody Allen, achei logo que esse não seria.
EliminarEsteja à vontade. Não me importo nada de ser o "veículo da descoberta". É um prazer. ;)
Beijinho
Espreitei o site que lhe indiquei e li a sinopse de alguns dos filmes.
EliminarFiquei quase com a certeza de que seria o 'New York Stories' mas preferi dar a possibilidade de ser a Madalena a confirmar.
Não tem que agradecer. Disponha.
Isabel, num País de descobridores até fica bem ser-se um "veículo da descoberta".
Cumprimentos a ambas.
:))) Obrigada. Igualmente ;-)
EliminarNa altura em que li este post ainda não tinha visto o filme. Estou perfeitamente de acordo como de resto já comentamos os dois por aí :)
ResponderEliminarBeijinho :)
:)) Pois, Paulo, mais palavras para quê?
EliminarBeijinho :)