Quando eu era pequena e tinha medo do escuro só no colo da minha mãe me sentia protegida daquele imenso negrume por onde eu acreditava virem monstros e perigos, escorregando misteriosamente no rasto de luar que se introduzia pelas mais pequenas frinchas e me iluminava partes do quarto, avolumando as sombras e adensando os recantos mais negros, que pareciam buracos vazios.
Na altura bastava-me chamá-la, bastavam-me os seus braços fortes e o calor da sua mão para acalmar e voltar a adormecer em paz.
Na altura bastava-me chamá-la, bastavam-me os seus braços fortes e o calor da sua mão para acalmar e voltar a adormecer em paz.
Hoje, chamamo-nos uma à outra sem palavras, sentamo-nos em silêncio junto de uma janela sem vermos o que está para além dela, e apertamos as mãos na inquietação e no desconforto do que fica para lá do horizonte visível.
Agora já não há monstros imaginários e o desamparo parece bem maior. Mas na vulnerabilidade do fim como na do início da vida é também o amor que nos tranquiliza e amplia a certeza de que o medo e a morte não se intrometem na vida; fazem parte dela.
É isto mesmo! A morte faz parte da vida, mas custa muito saber que um dia temos todos o mesmo fim, principalmente de quem gostamos!...Pior do que a morte é o sofrimento da angustia ! Beijo, Isabel.
ResponderEliminarNa verdade tudo faz parte da lógica da vida, por mais duro que seja vivê-lo e até às vezes difícil aceitá-lo.
EliminarObrigada Madalena.
um beijinho também para si.