Mesmo quem, como eu, sofre de urbanidade aguda, encontra no espaço de um jardim em plena cidade um encanto muito peculiar. Há nele uma paz revigorante, um silêncio e um sossego que nos permitem descansar, uma magia de beleza e serenidade que nos fazem sentir um conforto semelhante ao de um colo grande e bom.
E então, é como se o tempo se suspendesse e pudéssemos parar e permanecer quietos, pensar em nada, deixando-nos simplesmente arrebatar pela perfeição de um momento puramente contemplativo e, naquela sensação de beatitude que nos dá uma alma nova, sentir como pode às vezes ser boa a preguiça.
E então, é como se o tempo se suspendesse e pudéssemos parar e permanecer quietos, pensar em nada, deixando-nos simplesmente arrebatar pela perfeição de um momento puramente contemplativo e, naquela sensação de beatitude que nos dá uma alma nova, sentir como pode às vezes ser boa a preguiça.
Destes lugares maravilhosos onde me sinto em harmonia com o mundo, o Luxembourg é talvez o mais especial de todos. Em traços gerais a história é mais ou menos assim: Marie de Médicis, a viúva de Henri IV e mãe de Louis XIII, farta das intrigas da corte, decidiu retirar-se para um pavilhão de caça (hoje Palais du Luxembourg, sede do Senado, no interior do Jardim), que mandou arranjar e, ao mesmo tempo, construir os jardins. Isto por volta de 1600 e tal. E, por isso, há no Jardim a Fontaine de Médicis.
O Jardin du Luxembourg, em pleno Quartier Latin, Paris, é
para visitar sempre que se quiser, mas eu prefiro-o ao entardecer. Seja em que estação do ano for. Porque o
entardecer, ali, é diferente. Os parisienses, que adoram abreviaturas, chamam-lhe,
de modo familiar: “Le jardin du lugo”.
E contrariamente ao que se passa
connosco, os franceses aproveitam de forma quase exaustiva os inúmeros e
extensos espaços verdes da cidade. É comum encontrar os jardins cheios de
gente, a qualquer hora. E também no Inverno, mesmo quando a temperatura não é
superior a cinco graus. Ao final do dia, em todo o caso, quase ao pôr-do-sol, o
“Lugo” costuma ser tranquilo e silencioso. Por isso me sabe tão bem
sentar-me nas cadeiras de ferro verde e deixar-me estar, apreciando a luz e o
sossego em volta. Ah, que saudades...
Il y avait un jardin qu'on appelait la terre,
Il brillait au soleil comme un fruit défendu.
Non, ce n'était pas le paradis ni l'enfer
Ni rien de déjà vu ou déjà entendu.
Il y avait un jardin, une maison, des arbres
Avec un lit de mousse pour y faire l'amour
Et un petit ruisseau roulant sans une vague
Venait le rafraîchir et poursuivait son cours
Il y avait un jardin grand comme une vallée
On pouvait s'y nourrir à toutes les saisons
Sur la terre brûlante ou sur l'herbe gelée
Et découvrir des fleurs qui n'avaient pas de nom.
Também eu sempre fico pasmada como em algumas cidades europeias por onde tenho passado, eles tão bem aproveitam e vivem os seus jardins, e nós por cá tão mal os tratamos e é pena.
ResponderEliminarPor cá prefere-se o Centro Comercial... Mas temos também magníficos jardins: o da Estrela, ou o da Gulbenkian, por exemplo.
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