segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

(Des)ligados


Se olharmos em volta, o que vemos por todo o lado são cabeças inclinadas sobre um écran, figuras cada vez mais ensimesmadas e sós, ausentes do mundo real, da Primavera a chegar, do canto dos pássaros, do calor do sol sobre o corpo, de olhares e gestos alheios, do tempo que não volta atrás e da vida a passar.
Somos cada vez mais dependentes da tecnologia, e raramente nos apercebemos de que, ainda que possa às vezes ser de grande utilidade, também vivemos muito bem sem ela.
Mas, se por acaso esquecemos o telemóvel e ficamos impedidos de o usar até à noite compreendemos então com maior clareza que, afinal, não nos fez falta nenhuma.
E o dia parece até mais luminoso... 

4 comentários:

  1. Há uns (vários) anos atrás, fazia parte da minha atividade estar 100% contactável 24 horas por dia, normalmente durante uma semana, isto porque podia ser chamado de urgência. Isto significava que não podia ir para lugares sem rede, ao cinema, tinha de tomar banho com o telemóvel à mão, dormir com aquilo ao lado, etc. Por um lado recebia-se um valor bastante razoável, especialmente porque 90% ou mais das semanas aquilo nunca tocava, por outro lado era uma prisão. E gostava especialmente do dia seguinte, em que podia dormir e tomar banho descansado... Era uma libertação...

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    1. Não me importava nada de estar também 24h contactável se recebesse em troca "um valor bastante razoável".
      É que no fundo tudo tem um preço, ou o mais importante será "a relação custo-benefício", como diz uma amiga minha. Mas compreende-se: ela é economista... ;)

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  2. Quando eu tinha a idade dos meus filhos, ou quando era ainda mais jovem, e estava fora de casa em colónia de férias ou visita de estudo, não havia forma de contactar telefonicamente com os meus pais como hoje acontece com os meus filhos. E estava tudo muito bem, sem stress nem angústias, ao contrário do que agora se passa. Se telefono e não me atendem já começo a imaginar o pior. E isto é realmente uma dependência pouco saudável. :)

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    1. Mas nem nos apercebemos disso, Luísa.
      E quando, por exemplo, diante de uma paisagem extraordinária ou num espectáculo, ou festa, as pessoas se preocupam mais em registar o momento do que em vivê-lo...
      Enfim, há milhões de exemplos.:)

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