sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Amor sem limite


Já passaram quatro anos. Diz-se que as datas dos acontecimentos tristes e dos dias maus não são para recordar, mas na verdade é impossível esquecer aquele 7 de Dezembro que mudou as nossas vidas para sempre. Era Domingo, o que parece quase uma "ironia do destino". Domingo era o "nosso" dia. Agora, todos os dias são nossos. Para trás ficou o desespero e a incerteza do "e agora?", o sofrimento, a solidão.
Habituámo-nos às novas circunstâncias com a naturalidade de quem sabe que é esta a lei da vida, e procurámos adaptar-nos a outra realidade. Agora, entendemo-nos no silêncio e no toque da pele, como aprendemos a fazê-lo pelo cordão umbilical desde tempos de que não temos memória. No amor, muitas vezes, as palavras sobram; e connosco também foi sempre mais ou menos assim.
Sabe bem sabermos que nos temos uma à outra. E não precisar de o dizer. E acreditar que o amor pode tudo. Esta é a mais avassaladora experiência do amor total, que nos dá a certeza de que é infinito o elo que nos liga, feito de generosidade e de despojamento,  de entendimento e de cumplicidade, de aconchego e de mimo, em perfeita reciprocidade.
E mesmo se agora tudo de certo modo se inverteu na nossa forma de existir, se agora me cabe a mim acompanhar a fragilidade e procurar suavizá-la e devolver em amor, em carinho e em cuidados tanto do que recebi a vida toda, a verdade é que a transparente tranquilidade desses olhos verdes que são tudo para mim continua a saber-me a  colo e a casa. Nunca serei capaz de retribuir o que recebi, e recebo ainda, nesses momentos só nossos em que sou outra vez "pequenina", ainda que seja eu a decidir tudo.
É bom, muito bom, apesar de tudo, estarmos as duas do lado de cá de vida, e rirmo-nos juntas sem querer saber quantas horas, dias, meses ou anos nos sobram, porque o que nos une é tão forte que existirá para lá do tempo e será sempre só nosso.
Nestes quatro anos mudou tudo. Só o nosso amor permanece igual.

2 comentários:

  1. Estou numa situação parecida desde há cerca de três anos. Gostei muito do texto:))

    Um bom fim-de-semana:))

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    1. Toca-nos a quase todos, Isabel. Chega um altura em que temos que cuidar dos nossos pais como eles antes também cuidaram de nós. E é natural, por mais estranho que nos possa parecer...
      Obrigada. Um beijinho e bom fim de semana também para si. :)

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