Habituámo-nos às novas circunstâncias com a naturalidade de quem sabe que é esta a lei da vida, e procurámos adaptar-nos a outra realidade. Agora, entendemo-nos no silêncio e no toque da pele, como aprendemos a fazê-lo pelo cordão umbilical desde tempos de que não temos memória. No amor, muitas vezes, as palavras sobram; e connosco também foi sempre mais ou menos assim.
Sabe bem sabermos que nos temos uma à outra. E não precisar de o dizer. E acreditar que o amor pode tudo. Esta é a mais avassaladora experiência do amor total, que nos dá a certeza de que é infinito o elo que nos liga, feito de generosidade e de despojamento, de entendimento e de cumplicidade, de aconchego e de mimo, em perfeita reciprocidade.
E mesmo se agora tudo de certo modo se inverteu na nossa forma de existir, se agora me cabe a mim acompanhar a fragilidade e procurar suavizá-la e devolver em amor, em carinho e em cuidados tanto do que recebi a vida toda, a verdade é que a transparente tranquilidade desses olhos verdes que são tudo para mim continua a saber-me a colo e a casa. Nunca serei capaz de retribuir o que recebi, e recebo ainda, nesses momentos só nossos em que sou outra vez "pequenina", ainda que seja eu a decidir tudo.
É bom, muito bom, apesar de tudo, estarmos as duas do lado de cá de vida, e rirmo-nos juntas sem querer saber quantas horas, dias, meses ou anos nos sobram, porque o que nos une é tão forte que existirá para lá do tempo e será sempre só nosso.
Nestes quatro anos mudou tudo. Só o nosso amor permanece igual.
Estou numa situação parecida desde há cerca de três anos. Gostei muito do texto:))
ResponderEliminarUm bom fim-de-semana:))
Toca-nos a quase todos, Isabel. Chega um altura em que temos que cuidar dos nossos pais como eles antes também cuidaram de nós. E é natural, por mais estranho que nos possa parecer...
EliminarObrigada. Um beijinho e bom fim de semana também para si. :)