O tema é complexo e delicado. O impacto da proibição das visitas de amigos e familiares a lares de idosos levanta questões de difícil resolução. Se é verdade que se evita, por um lado, a propagação do contágio numa população especialmente vulnerável, há que ter em conta, também, as fragilidades de todo o tipo inerentes a esta faixa etária, o que implica não apenas as satisfação das necessidades mais básicas, de higiene, alimentação e cuidados de saúde, mas tudo o que tem a ver com o bem-estar, a dignidade e os afectos, que não é menos importante. Porque é em situações de extrema debilidade que um abraço, um beijo, ou qualquer outra manifestação de meiguice e de amor pode fazer toda a diferença.
Assim, mais do que partir para a proibição dos contactos de forma generalizada, haverá, julgo eu, que ver a questão caso a caso, abrindo excepções, com todos os cuidados necessários, mas que permitam, de igual modo, minorar os efeitos psicológicos do isolamento obrigatório e do sentimento de abandono e distância a que estão sujeitos todos os que vivem nessas circunstâncias tão difíceis, privados por demasiado tempo da presença dos que lhes são queridos.
E porque ninguém pode saber com exactidão o tempo que tudo isto ainda vai durar, encontrar soluções pontuais e quase cirúrgicas é a única hipótese de minorar o risco de, para os poupar a um morte causada pelo coronavirus, os matar aos poucos, de uma forma mais lenta e mais cruel, de solidão, de desamparo, de saudade, de tristeza, de desconsolo, de aflição e de desgosto.
Mas disto, infelizmente, quase não se fala...
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