domingo, 19 de julho de 2020

Inconcebível


Que há pessoas em Portugal a passar por enormes dificuldades, que incluem o mais básico, que a ninguém devia faltar é, infelizmente, uma realidade que não é nova, mas que a pandemia e o confinamento vieram potenciar.
De então para cá, perto de mim, forma-se uma enorme fila à porta da Academia Militar para recolher comida à hora de almoço e de jantar. Quando, da minha janela, vejo toda aquela gente à espera de recolher uma refeição, arrepio-me sempre a imaginar como deve ser duro viver assim e quase me sinto mal de reclamar pelas limitações do nosso quotidiano actual, pelo tédio de não poder ir onde quero livremente, ou de estar há muito tempo sem ver pessoas de quem gosto muito, por força das circunstâncias. E então, tomo consciência de forma mais clara de que sou uma privilegiada e de como, tantas vezes, me queixo, ou aborreço, "de barriga cheia".
No entanto, há uns tempos, encontro com frequência na minha rua, e nas imediações da Academia Militar, pães, sopas e pequenas caixas plásticas com comida, junto dos caixotes de lixo, na beira dos passeios, ao pé das árvores, ou largadas de qualquer maneira, um pouco por todo o lado. E pergunto-me o sentido que faz ir buscar comida para depois a deixar pela rua, desperdiçando aquilo que seguramente fará falta a tantas outras pessoas que não o conseguem ter.
Enfim, tratando-se de situação tão recorrente, deveria ser de algum modo controlada, porque é um verdadeiro escândalo e uma imoralidade, que não pode deixar de indignar-nos.

Sem comentários:

Enviar um comentário