Neste ano em que o lema é "ir para fora cá dentro", podemos enfim aproveitar para ver, ou rever, o que está mais perto de nós e também vale muito a pena ser visitado.
Há já muitos anos tinha estado por aqui, mas foi há tanto tempo que pouca coisa recordo. Por isso, esta visita teve o sabor de uma primeira vez, embora isso não fosse totalmente verdade.
Naquele nosso vício de fazer comparações, há quem diga que Braga é a "Roma portuguesa", como há quem tente aproximar Aveiro de Veneza. Percebo a ideia, mas parece-me, ainda assim, desajustada. Porque não se comparam lugares, como não se comparam pessoas. Cada uma tem uma individualidade própria, que a torna diferente das demais e essa singularidade é, em parte, o que faz o seu encanto. Assim, eu que não gosto nada do Porto, tive em Braga uma agradável surpresa, tal como em Março me acontecera em Aveiro, ou em 2016 em Viana do Castelo.
Braga é uma cidade magnífica, antiga e moderna ao mesmo tempo, animada, cheia de luz, de história e de vida, com um forte cunho religioso, não só pelo grande número de igrejas, por ter a mais antiga diocese de Portugal, que data do século XI, o que está na origem da expressão "isso é mais velho que a Sé de Braga" como também pelos dois santuários relativamente próximos do centro da cidade, o do "Bom Jesus do Monte" e o do "Sameiro".
E porque o número de turistas se reduziu drasticamente, agora sabe ainda melhor visitar estes lugares de paz e de silêncio, situados no alto de um monte verdejante e de onde, olhando a cidade lá em baixo, se tem um pouco a sensação de pairar sobre o tumulto citadino, ou de estar mais perto do céu e recuperar a tranquilidade que apazigua todos os males.
E mesmo para quem, como eu, gosta muito da sua cidade e nunca se cansa de passear pelas suas ruas, praças e jardins, é bom de vez em quando deixar-se seduzir pela beleza de outros lugares, respirar outro ar, conhecer pessoas, ver como se vive noutros sítios. E voltar renovado, com mais vontade e alento para enfrentar todas as contrariedades deste novo quotidiano tão estranho, desconcertante e insólito a que temos de nos habituar e ajustar, com toda a paciência do mundo.
E eu que tenho a mania da Europa e das suas cidades cosmopolitas, que adoro França e Espanha de diferentes maneiras e por razões diversas, posso agora - porque não há muitas alternativas - aproveitar para conhecer um pouco melhor o meu país, o que acaba por ser, também, uma interessante descoberta.
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