Tenho pena que em Portugal não se celebre o Dia de Reis como acontece em Espanha e em França, por exemplo, e que este dia, que é afinal o que assinala o fim das festas seja, entre nós, um dia como outro qualquer.
Em Espanha, a ideia de fazer coincidir a troca de presentes com o Dia de Reis confere a este dia uma magia e encantamento que, para mim, se aproxima muito mais do que se celebra nestas festas. E mesmo se, por causa da pandemia, não há este ano a "Cabalgata de Reyes", a que costumo sempre assistir pela televisão, este é um dia que permite viver a emoção de regressar ao mundo de ilusão da infância e de, por momentos, voltar a acreditar num mundo melhor.
A comemoração do Dia de Reis, de tradição cristã, baseia-se numa passagem do evangelho de S. Mateus, (capítulo 2, versículos 1 a 12), a qual terá dado origem à criação da lenda dos três reis magos e, impôs, posteriormente, o costume dos presentes no Natal. Pouco importa a veracidade da história, tantas vezes posta em causa, por não haver, em Mateus, nenhuma informação que permita concluir sobre a realeza das personagens; e o mesmo quanto ao seu número e aos nomes de Belchior, Gaspar e Baltazar, com que nos habituámos a designá-los, desde aquele longínquo momento da infância em que a ouvimos contar pela primeira vez.
De acordo com a tradição católica, 6 de Janeiro é o dia da Epifania, uma das celebrações litúrgicas mais antigas, que se refere à revelação do Menino Jesus ao mundo pagão, representado pelos Reis Magos. E há qualquer coisa de verdadeiramente poético na ideia daquela viagem solitária e demorada, em camelo, através do deserto, apenas guiados por uma estrela, que os iluminava e lhes indicava o caminho.
Amanhã, já se sabe, é dia de arrumar os presépios e todas as decorações natalícias e de deixar o ano retomar o seu curso habitual, esperando que os dias que aí vêm decorram sem sobressaltos e sejam bons de verdade.
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