Este Sábado, num Coliseu repleto de gente de diversas proveniências e faixas etárias desiguais que subitamente se remeteu ao mais profundo silêncio para ouvir cantar o fado, pude perceber, talvez pela primeira vez na vida, a sua força unificadora como elemento caracterizador de um povo. E deixar-me levar pela magia da música, também...
É difícil ser português e não se emocionar com o fado. Mesmo se esse não é o nosso género musical favorito. Mesmo se não é essa a nossa primeira opção nos momentos em que não sobra espaço para as palavras e queremos que só a música e os sentidos tomem conta da nossa vida.
Falo por mim: contam-se pelos dedos de uma mão os discos de fado que tenho. Há fados e fadistas, mesmo reconhecidos nacional e internacionalmente, que não me dizem nada. E este foi só o segundo grande concerto de fado a que assisti. Porque gosto da Carminho e de a ouvir cantar. Porque, para mim, se distingue das demais. Porque há naquela voz grave e fresca uma mistura de tradição e de não sei quê de inovador. Porque há, sobretudo, na sua forma apaixonada de cantar, uma entrega que me toca, que arrepia, como se vinda do mais fundo de si a sua voz nos leve também ao mais fundo de nós e sintetize na perfeição o paradoxo entre contenção e arrebatamento que nos caracteriza na nossa essência, simultaneamente heróicos e receosos, nostálgicos de uma glória passada que sabemos que não regressa e crentes no destino para justificar a inércia do presente.
Ali, na escuridão e no silêncio daquela sala imensa, palco para mim de tantas memórias de outras noites de fortes emoções e puro encantamento, senti, como nunca, que na melancolia e na dolência que transmite o som da guitarra portuguesa está muito do que somos. E assim, na profundidade de emoções e sentimentos que ela evoca, é possível esquecer um país que tantas vezes nos desilude e envergonha, é possível sentir orgulho na alma portuguesa.
É difícil ser português e não se emocionar com o fado. Mesmo se esse não é o nosso género musical favorito. Mesmo se não é essa a nossa primeira opção nos momentos em que não sobra espaço para as palavras e queremos que só a música e os sentidos tomem conta da nossa vida.
Falo por mim: contam-se pelos dedos de uma mão os discos de fado que tenho. Há fados e fadistas, mesmo reconhecidos nacional e internacionalmente, que não me dizem nada. E este foi só o segundo grande concerto de fado a que assisti. Porque gosto da Carminho e de a ouvir cantar. Porque, para mim, se distingue das demais. Porque há naquela voz grave e fresca uma mistura de tradição e de não sei quê de inovador. Porque há, sobretudo, na sua forma apaixonada de cantar, uma entrega que me toca, que arrepia, como se vinda do mais fundo de si a sua voz nos leve também ao mais fundo de nós e sintetize na perfeição o paradoxo entre contenção e arrebatamento que nos caracteriza na nossa essência, simultaneamente heróicos e receosos, nostálgicos de uma glória passada que sabemos que não regressa e crentes no destino para justificar a inércia do presente.
Ali, na escuridão e no silêncio daquela sala imensa, palco para mim de tantas memórias de outras noites de fortes emoções e puro encantamento, senti, como nunca, que na melancolia e na dolência que transmite o som da guitarra portuguesa está muito do que somos. E assim, na profundidade de emoções e sentimentos que ela evoca, é possível esquecer um país que tantas vezes nos desilude e envergonha, é possível sentir orgulho na alma portuguesa.
Sinto exactamente o mesmo pelo fado, que me habituei a ouvir desde adolescente. O meu Pai gostava muito de Carlos Ramos. Eu, mais tarde apreciava o Fado de Coimbra porque o meu namorado estudava lá e aquela música cheia de nostalgia enchia-me de saudades. Gosto de alguns cantores, como o João Braga, o Camané, Mafalda Arnaud, etc. Não conheço bem a Carminho, mas vou tentar ouvir.
ResponderEliminarA Amália às vezes, faz-me arrepiar...
Preferia que fôssemos mais enérgicos e menos agarrados ao passado:)
:))
EliminarAdmiro com entusiasmo a voz de Carminho; uma voz forte que vem de um corpo frágil, como a de um Povo brando que se encendeia no forte sentimento de pertença. Pessoalmente, acho-a um charme, uma menina-mulher cheia de garra e encanto. Uma pessoa bonita.
ResponderEliminarBeijinhos
Concordo inteiramente consigo, Paulo!
ResponderEliminarBeijinho