Devia ter dezassete anos e não sabia que caminho escolher. A minha preferência ia naturalmente para as letras, mas dividia-me entre a Filosofia e a Literatura, porque ambas me fascinavam, sem ignorar a opinião dos que defendiam que, face à minha visível capacidade de síntese e de argumentação, seria Direito a opção mais acertada.
Eu ouvia e duvidava. Na verdade também achava que conseguia exprimir-me com razoável clareza na escrita, mas sabia que não era uma comunicadora nata. E, sem certezas, o Direito parecia-me demasiado rígido e pouco adequado ao meu lado mais introspectivo e sonhador. Faltava-lhe a vertente estética, criativa, que me parecia dever fazer parte do meu quotidiano.
Ainda hoje penso que foram os livros que me levaram a decidir-me finalmente pela literatura e, de uma forma muito particular, este livro: Aparição, de Vergílio Ferreira. Não sei explicar porquê. Sei que, naquela altura, me tocou mais que os outros. Mas, no fundo, estou certa que o que motivou a decisão final foi um conjunto de factores. Foi, por exemplo, também, um excelente professor de Português que me deu aulas nos dois últimos anos do liceu, que me ensinou a ver a literatura muito para além das palavras no seu sentido mais imediato, que me fez amar tantos autores de língua portuguesa, que me deu a conhecer Eugénio de Andrade e alguns poemas que ainda recordo, que quase sei de cor e que me encantam até hoje: Já gastámos as palavras pelas ruas, meu amor...
Escolhi o meu curso sabendo o que me estava destinado no final, mas posso dizer que ser professora foi mais uma consequência do que uma motivação. O que eu sabia que gostava e queria fazer era ler e escrever. E isso dava-me tanto prazer, que achava que podia transmiti-lo aos outros. É o que tenho tentado fazer: ensinar como pode ser bom ler. E escrever. Como podem ser apaixonantes as palavras e as línguas. Como a literatura nos permite conhecer o mundo, conhecermo-nos e sonhar. Espero, nalguns casos pelo menos, tê-lo conseguido.
Quando acabei o curso, achei que se calhar ainda podia ir fazer o de Comunicação Social. Mas não cheguei a concretizar essa ideia. E, hoje, tenho a certeza que fiz uma escolha acertada, da qual não me arrependo de todo.
Na minha vida, os livros tiveram sempre um lugar central. Sempre me lembro de ler muito e de gostar de o fazer. Houve muitas coisas que vivi nos livros antes de as viver na realidade. Mas há sempre aqueles que nos marcam.
Destaco, entre muitos outros que ajudaram a formar a minha personalidade e mundividência, além deste, mais dois: Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Marquez, que li pela primeira vez com 18 anos e, muito recentemente, As Travessuras da Menina Má, de Mário Vargas Llosa.
Escolhi o meu curso sabendo o que me estava destinado no final, mas posso dizer que ser professora foi mais uma consequência do que uma motivação. O que eu sabia que gostava e queria fazer era ler e escrever. E isso dava-me tanto prazer, que achava que podia transmiti-lo aos outros. É o que tenho tentado fazer: ensinar como pode ser bom ler. E escrever. Como podem ser apaixonantes as palavras e as línguas. Como a literatura nos permite conhecer o mundo, conhecermo-nos e sonhar. Espero, nalguns casos pelo menos, tê-lo conseguido.
Quando acabei o curso, achei que se calhar ainda podia ir fazer o de Comunicação Social. Mas não cheguei a concretizar essa ideia. E, hoje, tenho a certeza que fiz uma escolha acertada, da qual não me arrependo de todo.
Na minha vida, os livros tiveram sempre um lugar central. Sempre me lembro de ler muito e de gostar de o fazer. Houve muitas coisas que vivi nos livros antes de as viver na realidade. Mas há sempre aqueles que nos marcam.
Destaco, entre muitos outros que ajudaram a formar a minha personalidade e mundividência, além deste, mais dois: Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Marquez, que li pela primeira vez com 18 anos e, muito recentemente, As Travessuras da Menina Má, de Mário Vargas Llosa.
Passsados todos estes anos, Vergílio Ferreira continua a ser um dos meus autores preferidos, mas nunca mais li este livro e presumo que, se o fizesse, provocaria em mim um efeito totalmente diferente. O que sei é que há livros que ninguém pode deixar de ler. E que há, também, os nossos livros... E que, sem eles, a nossa vida não seria a mesma.
Não sei o que teria sido de mim, se não tivesse crescido com livros por todos os lados. Na minha casa, havia-os no escritório do meu pai, que era mesmo uma biblioteca, a saleta da minha Mãe, cheia de romances maravilhosos que formaram a minha personalidade e os nosso quartos, onde só não havia livros em cima das camas!! Somos oito irmãos e os livros eram lidos por todos.
ResponderEliminarTambém me influenciaram na minha escolha, embora desde miuda já dissesse que queria ser professora e ter ido directamente para o estágio, a seguir à defesa da tese de licenciatura, sem qualquer experiência de ensino, o que era rao na altura.
Nunca me arrependi.
Ainda ontem comprei um romance da Inês Pedrosa para ler esta semana.
Bom fim de semana!
Eu também estou sempre a ler e muitas vezes leio mais que um livro ao mesmo tempo. Bom fim de semana também para si, Virgínia!
ResponderEliminarBeijinho