segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O fascinante mundo da blogosfera

 
Durante muito tempo resisti ao mundo virtual.  Só no fim de 2009 aderi à mais popular das redes sociais, quando já toda a gente "facebookava" a torto e a direito. E, ainda assim, moderadamente. Era a época áurea do farmville, que nunca me entusiasmou, assim como também não  experimentei outros joguinhos similares, nem nunca tive a mínima paciência para as várias aplicações do tipo: "Qual é hoje o teu grau de excitação sexual?"
O facebook permitia-me estar em contacto mais directo com quem, de outro modo, estaria mais tempo sem notícias. Era uma forma de me aproximar de algumas pessoas de quem gosto e com as quais,  por razões várias, não falo muito. Por isso não aceitei adicionar muitos conhecidos daqui e dali, que me enviavam pedidos. Porque não me interessava nada do que diziam e faziam, nem sequer virtualmente. E já "apaguei" outros, pelos mais diversos motivos.  Também foi raro incluir na minha lista de "amigos" pessoas que não conhecia, a não ser três ou quatro que, apesar de tudo, vinham referenciadas. Conheci no facebook o Diogo Moura, a Isabel Santiago Henriques, a Ana Paula Almeida, por exemplo, antes de os conhecer em pessoa. Não me arrependi. Quando nos vimos pela primeira vez havia a estranha sensação de que, na verdade, já nos conhecíamos. E achei imensa piada a essa novidade.
O blog surgiu muito depois. E é, para mim, muito diferente. Dir-se-ia que o facebook é talvez mais social e o blog mais intimista. Esta é uma paixão recente, que me tem trazido  encantada desde Maio, quando, sem mais nem menos, decidi criar um blog, não tendo a mais pequena ideia de como isso se fazia. Não perguntei nada a ninguém, fui experimentando, até surgir "isto e aquilo" (o nome não é grande coisa, reconheço!), - o meu blog -  como a materialização de uma daquelas vontades irresistíveis, que me atacam de repente e que não descanso enquanto não consigo concretizar, uma daquelas paixões repentinas e assolapadas, que não importa sequer se vão durar.
A blogosfera proporcionou-me, em primeiro lugar, o gosto da escrita - que me acompanha desde sempre - de novo à flor da pele. Passou a ser uma maneira de trazer à luz sentimentos, pensamentos e tantas outras coisas que dantes ficavam escondidas no fundo escuro da minha gaveta, ou,  em silêncio, semi-ocultas dentro de mim. E tentar encontrar as palavras certas para dizer o que está cá dentro e às vezes só se consegue sentir. Ao início, teve um efeito quase libertador. 
Depois, ao mesmo tempo, fui conhecendo outros blogues.  E isso é que tem sido verdadeiramente enriquecedor. E fascinante, também. Comecei pelo da Helena Sacadura Cabral, que é um exemplo e uma inspiração, uma mulher extraordinária e querida, uma pessoa que admiro como poucas, que me ensina, pelo seu olhar sábio e experiente, a pensar, a pensar-(me), sei lá, até a viver melhor. E, a partir do blog da Helena, dos comentários que ia lendo, fui conhecendo outros; e, através desses, outros ainda, numa enorme e infinita teia de partilha de opiniões e pensamentos, de sentimentos e de gostos, semelhantes ou diferentes dos meus,  que foram criando cumplicidades e afectos. Há blogues pelos quais  desenvolvi mesmo uma espécie de "carinho". São os meus preferidos! E descobri, com surpresa, que  havia também pessoas que liam o meu blog. Melhor: que até o comentavam! Tudo isto é novo e emocionante.
Falam-me, às vezes, de "perigos", de um lado menos positivo, feito de insultos, cobardias e falta de genuinidade, que me é, por agora, (e espero que sempre) desconhecido. Seis meses e 79 posts depois, são vários os blogues que que leio e sigo com maior frequência. E gosto do que leio. De todos eles, além do da Helena, destaco dois, que são para mim os mais bonitos e aqueles de que me sinto mais próxima: o do Paulo Abreu e Lima, lindíssimo e absolutamente encantador; e o da Virgínia, artístico e ternurento. E adivinho as pessoas fantásticas que se escondem por trás das palavras, das fotografias e das músicas destes blogues, que também já fazem parte do meu quotidiano e da minha vida.
Hoje, estive com a Helena Sacadura Cabral, na apresentação do seu último livro: Os nove magníficos. É a terceira vez que estou com ela no "mundo real". A Helena é linda e a sua presença é ainda mais forte quando estamos perto dela, incrível na rapidez da sua gargalhada fácil, do sentido de humor que a caracteriza e na sua capacidade de, no minuto seguinte, nos emocionar pela maneira como se refere aos filhos e ao Miguel em especial. Quando lhe falei, a Helena sabia muito bem quem eu era e identificou-me automaticamente com a blogosfera. Para mim, foi tão simples  e tão bonito como (re)encontrar uma amiga de há muito tempo. É ou não  é magnífico, tudo isto?


8 comentários:

  1. Realmente o mundo dos blogues é fantástico. Quando o meu irmão em 2009 me convenceu a abrir um - foi ele próprio que montou o esquema com as cores que pedi - só pensava no que poderia eu escrever e quem estaria interessado nisso. Hoje tenho 300 visitas por dia e ainda me pergunto quem é que me lê, onde estão ...

    Comoveu-me muito ler este post. Obrigada, Isabel. Continuarei aqui...sinto-me bem.

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    1. Eu também gosto muito de ler o seu blog, sou portanto uma das suas 300 visitas... E gosto muito que esteja por aqui.
      Um grande beijinho
      Isabel

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  2. Muito lisonjeado, e bem acompanhado, com a referência, Isabel. Ando pela blogosfera desde 2001; conheço muitas poucas pessoas pessoalmente (feitio e indiponibilidade), mas todas as que conheci são ou foram minhas amigas. A blogosfera é exactamente como a vida: afectos, afinidades e outras coisas menos boas. Como tudo na vida. Não se assuste com a minha desassombração, é mais um "conselho" de veterano do que um desincentivo. Muito a sério.

    (Foi um diabo de trabalhos descobrir onde estavam os seus imerecidos comentários lá no blogue, mas já por lá andam e respondidos)

    A Helena Sacadura Cabral é uma força da Natureza...

    Beijinhos! :)

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  3. Adorei ler este post. Diz muito do que senti e ainda sinto, pois ainda tenho muito que percorrer. E explorar - é muito bem ler os outros e aprender com eles, inspiramo-nos. A Isabel escreve muito bem, e é isso, isto é um mundo de afetos e de outras coisas mais (como diz o Paulo). Também sou visita do blogue do Paulo e vou espreitar o da Virgínia. Beijos para todos

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  4. Eu também vou lendo o seu, Fátima! É isso: um mundo de afectos, que se vai alargando. E é bom! :)
    Beijinho

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  5. Um gosto ter chegado ao seu blogue. Concordo com o texto deste
    seu post e subscrevo o que diz de Helena Sacadura Cabral.
    Voltarei sempre que possa.
    Bj.
    Irene Alves

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    1. Obrigada, Irene! O círculo vai-se alargando, seja bem-vinda.
      Beijinho
      Isabel Mouzinho

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