terça-feira, 15 de julho de 2014

Mais além, numa tarde quente...


Em certas tardes de Verão, até eu que sou acima de tudo da cidade e do azul, seja céu, mar, ou rio, sinto uma súbita vontade de abandonar todas as obrigações e incumbências e, simplesmente, partir. 
E sonho então um lugar amplo, sossegado e verdejante, onde possa alongar-me preguiçosamente numa sombra qualquer e só ficar quieta, esquecida das horas e de tudo o que me limita e condiciona, na languidez entorpecida e quase lasciva que o calor alimenta, sem pensar em nada, a sentir a frescura da brisa suave que faz o cabelo esvoaçar devagarinho e o mundo parecer um lugar sem pressa.
Depois, na claridade límpida do dia que me inunda os olhos e a vida, maravilhar-me com o feitiço do que vejo, e me serena, e pacifica a alma, e faz acreditar que tudo é grande e bom e que não há impossíveis; e entregar-me ao sonho assim, embalada pelas mais doces fantasias e por um longínguo rumorejar de água, no incessante e perpétuo movimento de tudo sempre a transformar-se.

(Fotografia de Maria Cristina Guerra)

4 comentários:

  1. Respostas
    1. Ora, obrigada, Madalena.
      Bem gostaria de ter mais tempo para dedicar à "prosa" que me vai passando pelo coração e pela cabeça... ;)

      Beijinho

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  2. Olá Isabel,
    Eu também tenho sonhos desses... e não só nas tardes de verão, nas manhãs, no inverno...
    Ah... deixem-nos por míseras horas, que sejam, um bocadinho a sonhar, relaxadas, que bem merecemos.
    Bjo amigo

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    1. Acho que todos temos, Carmem... E é bom!

      A mim, nas tardes quentes como a de hoje, quando olho o movimento da rua o a sol lá fora, quase como naquele famoso poema de Sophia, anseio
      " planícies mais vastas
      Que o mais vasto desejo,". Mais ou menos isso...


      Beijinho também para si

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