segunda-feira, 28 de julho de 2014

Uma leitura empolgante


Gosto dos autores sul-americanos. Mais dos homens do que das mulheres, sem que haja para isso uma razão objectiva. Não aprecio Isabel Allende, por exemplo, mas gosto de Borges, Sepúlveda, Neruda, Paz, García Marquez, Vargas Llosa... E de muitos outros, também, que não me ocorrem  agora.
Este livro, Travesuras de la niña mala, li-o há meia dúzia de anos, pouco antes do Nobel, de 2010.  Gostei tanto dele, que já o recomendei a várias pessoas. Que também gostaram. Na verdade, do que li nos últimos anos, esta foi uma das histórias que mais me tocou.
A acção, que passa por Lima, Paris, Londres, Tóquio ou Madrid, começa em 1950 e estende-se por quatro décadas, percorrendo as mudanças políticas e sociais do mundo, na segunda metade do século XX. Mas, acima de tudo, o que nos conta é uma lindíssima história de amor, daquelas que marcam a vida inteira, na sua complexidade e encantamento, com todas as mágoas e alegrias, encontros e desencontros, proximidades e distâncias, que lhes são, inevitavelmente, inerentes.
E nem sei se o que nela mais me prendeu e entusiasmou foi o lado mais inconstante, misterioso e fugidio da niña mala, o amor que lhe dedica Ricardito, na sua pureza comovente, que é quase devoção, se o facto de o protagonista concretizar aquele que é também, de certo modo, um sonho meu - viver em Paris -, ou o incomensurável talento de Vargas Llosa, que consegue prender-nos do princípio ao fim. Será, provavelmente, um pouco de tudo isso.
Aqui fica então o incipit, e um pequeníssimo excerto de um livro que vale mesmo a pena ler:

Aquél fue un verano fabuloso. (...) Ocurrieron cosas extraordinárias en aquel verano de 1950.(...)
Se dejó besar, acariciar, desnudar, siempre con esa curiosa actitud de prescindencia, sin permitirme acortar la invisible distancia que guardaba frente a mis besos, abrazos y cariños, aunque me abandonara su cuerpo. Me emocionó verla desnuda, sobre la camita colocada en el rincón del cuarto donde el techo se inclinaba y apenas llegaba el resplandor de la única bombilla. Era muy delgada, de miembros bien proporcionados, con una cintura tan estrecha que, me pareció, yo hubiera podido ceñirla con mis dos manos. Bajo la pequeña mancha de vellos en el pubis, la piel lucía más clara que en el resto de su cuerpo. Su piel, olivácea, de reminiscencias orientales, era suave y fresca. Se dejó besar largamente de la cabeza a los pies, manteniendo la pasividad de costumbre, y escuchó como quien oye llover el poema "Material nupcial," de Neruda, que le recité al oído, y las palabras de amor que le balbuceaba, de manera entrecortada: ésta era la noche más feliz de mi vida, nunca había deseado a nadie tanto como a ella, siempre la querría.

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