O Anfiteatro 1 da Faculdade de Letras foi hoje demasiado pequeno para acolher todos os que quiseram estar presentes no Fórum/Debate pela defesa da Língua Portuguesa e contra a aberração do AO de 1990.
Durante mais de três horas foram muitos os escritores, jornalistas, professores e alunos dos ensinos universitário e secundário, tradutores, intérpretes, cidadãos, que se manifestaram contra este aviltamento da língua e as suas consequências. Foram muitos, de igual modo, os que não podendo estar presentes, fizeram chegar a sua opinião e adesão à iniciativa, como João Braga, Bagão Félix, ou Garcia Pereira, por exemplo. Naturalmente, Vasco Graça Moura foi um nome muito citado. Nada mais justo! É por isso que o título deste post lhe presta também homenagem, citando as suas palavras, sempre certeiras.
Na impossibilidade de dar conta de tudo o que ali que foi dito, nas mais diversas e pertinentes intervenções, e enquanto aguardamos que o filme do encontro chegue ao Youtube, aqui fica a moção hoje aprovada:
O chamado "Acordo Ortográfico" ("AO") contradiz-se já na sua designação, porque nem é acordo (só válido se ratificado por todas as partes assinantes) nem ortográfico (uma vez que o seu texto prevê a existência de facultatividades). Implementado sem discussão pública, contra o parecer de conceituados linguistas e docentes de língua e literatura portuguesa, só por via de uma imposição autoritária é que tem sido possível a sua adopção, nunca consequente devido à destruição de uma normatividade articulada com a herança etimológica.
Após três anos e três meses da sua imposição no ensino e na administração Pública, os resultados estão à vista, traduzindo-se numa arbitrariedade de cortes de consoantes mesmo quando são pronunciadas. O chamado "AO" falhou assim os seus autoproclamados objectivos, nomeadamente a unificação das variantes do Português e uma alegada "simplificação" que corresponde a uma total insegurança ortográfica.
Por isso, os cidadãos reunidos no Fórum organizado por um grupo de docentes e alunos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 14 de Abril de 2015, exigem a imediata suspensão da obrigatoriedade do uso do "AO" nas escolas e na Administração Pública, bem como a organização de um referendo cujos resultados reflictam o modo como todos os utentes da língua pensam qual a opção ortográfica que melhor corresponde a um uso sustentado da mesma, no quadro das línguas europeias da mesma família.
Enfim, por enquanto, a todos quantos gostamos suficientemente da nossa língua para não poder aceitar vê-la assim maltratada e destruída, e colaborar nisso, resta-nos o direito à objecção de consciência e a resistência activa a esta ignomínia. Por mim, sei muito bem o que fazer; e manter-me-ei fiel àquilo em que acredito.
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