(Étienne Cabran)
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Soneto do amor difícil
A praia abandonada recomeça,
logo que o mar se vai, a desejá-lo:
é como o nosso amor, somente embalo
enquanto não é mais que uma promessa...
Mas se na praia a onda se espedaça,
há logo a nostalgia duma flor
que ali devia estar para compor
a vaga em seu rumor de fim de raça.
Bruscos e doloridos, refulgimos
no silêncio de morte que nos tolhe,
como entre o mar e a praia um longo molhe
de súbito surgido à flor dos limos.
E deste amor difícil só nasceu
Desencanto na curva do teu céu.
(David Mourão-Ferreira)
Bom dia.Que belíssimo poema, parabéns pela escolha.Abraço.
ResponderEliminarDavid Mourão-Ferreira é um dos maiores poetas da língua portuguesa. Mais especial ainda para quem, como eu, pôde conhecê-lo também como professor.
EliminarObrigada Vinicius