No Verão, tenho o hábito da leitura em versão original das línguas que domino, e já não é a primeira vez que sigo sugestões dadas em programas de televisão credíveis. Foi assim que decidi ler o livro espanhol da moda, ao que parece, já que para além do número de exemplares vendidos, o que não quer dizer nada, ou talvez sim, vi pelo menos duas espanholas na praia a ler o mesmo livro que eu.
A autora, Elisabet Benavent, era para mim uma total desconhecida: espanhola, da zona de Valencia, 34 anos, com formação na área da comunicação, uma coluna na revista Cuore, um blogue/site chamado @BetaCoqueta e dezassete livros publicados desde 2013, com grande sucesso editorial.
Fuimos Canciones, publicado no início de Abril de 2018, é o primeiro volume de uma história que continua em Seremos Recuerdos, publicado cerca de um mês depois, que eu já não li.
A história desenvolve-se em em cerca de 500 páginas e não é mais que o dia-a-dia de três amigas na casa dos trinta, com o sexo como leitmotiv.
O livro lê-se rapidamente, mas não convence. E, acima de tudo, as cenas libidinosas, que ocupam cerca de 85% da história, são detalhadas até ao mais ínfimo pormenor, com um grau de minúcia que me parece excessivo e escusado. Vejamos um excerto, escolhido ao acaso:
(...) pero por alguna razón Jimena no quería que parara. Y le fallaba la voz de tanto pedirle que no lo hiciera, de pedirle que hiciera más fuerza con sus dedos alrededor de sus muñecas y de desear que el cinturón siguiera golpeándola con el vaivén de las caderas de Samuel. (...) Qué más daba que ella "no se hubiera ganado" que él se desnudase del todo? No quería. Quería que siguiera montándola durante toda la noche de aquella manera, usándose el uno al otro sin importar los detalles(...).
Cuando se corrió, el alivio fue casi doloroso. Él soltó una de sus manos, mientras sussurraba en su oído que quería que se tocara para él, que se corriera y le empapara la ropa. Y ella obedeció hasta que no quedó una gota de su excitación por compartir..., obedeció hasta que el orgasmo se esfumó y tocarse le dolía. Hasta que él paró, salió de ella, se quitó el condón y terminó sobre su pubis, en sus muslos, y salpicó su estómago de semen.
Tudo o resto me parece, também, francamente medíocre. Até a relação do título com a história é forçada e ineficaz: cada capítulo tem o nome de uma canção conhecida, seguindo aquele princípio de que para cada momento há sempre uma canção. Enfim, tudo muito poucochinho...
E enquanto lia este livro não pude deixar de pensar em Mario Vargas Llosa, que consegue escrever páginas do mais profundo erotismo sem necessitar ser demasiado explícito, ou vulgar. Provavelmente é isso que distingue a literatura enquanto forma de arte daquilo que não o é, e que será, quando muito, apenas puro entretenimento, de melhor ou pior gosto.
Fuimos Canciones, publicado no início de Abril de 2018, é o primeiro volume de uma história que continua em Seremos Recuerdos, publicado cerca de um mês depois, que eu já não li.
A história desenvolve-se em em cerca de 500 páginas e não é mais que o dia-a-dia de três amigas na casa dos trinta, com o sexo como leitmotiv.
O livro lê-se rapidamente, mas não convence. E, acima de tudo, as cenas libidinosas, que ocupam cerca de 85% da história, são detalhadas até ao mais ínfimo pormenor, com um grau de minúcia que me parece excessivo e escusado. Vejamos um excerto, escolhido ao acaso:
(...) pero por alguna razón Jimena no quería que parara. Y le fallaba la voz de tanto pedirle que no lo hiciera, de pedirle que hiciera más fuerza con sus dedos alrededor de sus muñecas y de desear que el cinturón siguiera golpeándola con el vaivén de las caderas de Samuel. (...) Qué más daba que ella "no se hubiera ganado" que él se desnudase del todo? No quería. Quería que siguiera montándola durante toda la noche de aquella manera, usándose el uno al otro sin importar los detalles(...).
Cuando se corrió, el alivio fue casi doloroso. Él soltó una de sus manos, mientras sussurraba en su oído que quería que se tocara para él, que se corriera y le empapara la ropa. Y ella obedeció hasta que no quedó una gota de su excitación por compartir..., obedeció hasta que el orgasmo se esfumó y tocarse le dolía. Hasta que él paró, salió de ella, se quitó el condón y terminó sobre su pubis, en sus muslos, y salpicó su estómago de semen.
Tudo o resto me parece, também, francamente medíocre. Até a relação do título com a história é forçada e ineficaz: cada capítulo tem o nome de uma canção conhecida, seguindo aquele princípio de que para cada momento há sempre uma canção. Enfim, tudo muito poucochinho...
E enquanto lia este livro não pude deixar de pensar em Mario Vargas Llosa, que consegue escrever páginas do mais profundo erotismo sem necessitar ser demasiado explícito, ou vulgar. Provavelmente é isso que distingue a literatura enquanto forma de arte daquilo que não o é, e que será, quando muito, apenas puro entretenimento, de melhor ou pior gosto.
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