Leu e releu a mensagem até se dissiparem as dúvidas, as letras se embaciarem e apagarem de vez e os olhos se fecharem, vencidos pelo sono e pela emoção, vacilando entre o que, depois de tanto esperar, não sabia se queria realmente ou temia não ser mais que uma tremenda decepção.
Mas a vontade sempre se lhe sobrepusera ao medo, confiando de maneira quase cega na intuição que a levava muitas vezes por caminhos que nem sabia bem onde iam dar.
Havia pouca gente na praia naquele fim de tarde fora de época. Sentou-se com vagar, procurando sossegar o coração que teimava em bater acelerado, distrair-se com o que a rodeava, o espectáculo da luz do dia brilhando ainda sobre o mar, a inexplicável cor do pôr do sol e a lua branca a erguer-se já, luminosa, e a deixá-la serena e maravilhada.
E depois foi tudo tão repentino e natural que quase lhe parecia difícil de acreditar: estar por fim nos braços do homem que durante tanto tempo amara em segredo, sem saber o que fazer diante do seu carinho e sensibilidade, abandonando-se com uma pluma levada pelo vento, soltando o desejo imoderado que lhe alimentara os mais loucos desvarios, nos momentos em que transigia e se entregava inteira aos caprichos da paixão.
Abraçaram-se com o sobressalto e a curiosidade com que se abraça o primeiro amor, sentiu o seu corpo quente que quase parecia queimar-lhe a pele e o primeiro beijo, que tinha o sabor de um triunfo marcado de glória ante esperas e desilusões, conquistas várias, excesso de palavras e a agonia de querer e não ter. Então veio a língua a saborear a sua e deu-se toda aos beijos ardentes e incontáveis, que não podiam separar-se uns dos outros, o arrepio da boca no pescoço, no peito, descendo lentamente pelo corpo, o cuidado com que lhe desapertava a camisa, o toque dos dedos abrindo caminho pelo decote e o corpo aceso desde a sua chegada, a querer amar com fúria e com ternura aquele homem esquivo, fugidio e misterioso, que aos poucos lhe roubava o coração.
Amaram-se como duas feras, confundindo vontades, risos, suspiros e gemidos, deixando falar os olhos e as mãos entre beijo e beijo, entre o susto do que os tomava de assalto e a ilusão do que estava para vir, no silêncio da luz da lua, interrompido pela explosão de alegria esfusiante e deslumbrada, como fogo de artifício lançado em direcção ao céu estrelado.
Mas a vontade sempre se lhe sobrepusera ao medo, confiando de maneira quase cega na intuição que a levava muitas vezes por caminhos que nem sabia bem onde iam dar.
Havia pouca gente na praia naquele fim de tarde fora de época. Sentou-se com vagar, procurando sossegar o coração que teimava em bater acelerado, distrair-se com o que a rodeava, o espectáculo da luz do dia brilhando ainda sobre o mar, a inexplicável cor do pôr do sol e a lua branca a erguer-se já, luminosa, e a deixá-la serena e maravilhada.
E depois foi tudo tão repentino e natural que quase lhe parecia difícil de acreditar: estar por fim nos braços do homem que durante tanto tempo amara em segredo, sem saber o que fazer diante do seu carinho e sensibilidade, abandonando-se com uma pluma levada pelo vento, soltando o desejo imoderado que lhe alimentara os mais loucos desvarios, nos momentos em que transigia e se entregava inteira aos caprichos da paixão.
Abraçaram-se com o sobressalto e a curiosidade com que se abraça o primeiro amor, sentiu o seu corpo quente que quase parecia queimar-lhe a pele e o primeiro beijo, que tinha o sabor de um triunfo marcado de glória ante esperas e desilusões, conquistas várias, excesso de palavras e a agonia de querer e não ter. Então veio a língua a saborear a sua e deu-se toda aos beijos ardentes e incontáveis, que não podiam separar-se uns dos outros, o arrepio da boca no pescoço, no peito, descendo lentamente pelo corpo, o cuidado com que lhe desapertava a camisa, o toque dos dedos abrindo caminho pelo decote e o corpo aceso desde a sua chegada, a querer amar com fúria e com ternura aquele homem esquivo, fugidio e misterioso, que aos poucos lhe roubava o coração.
Amaram-se como duas feras, confundindo vontades, risos, suspiros e gemidos, deixando falar os olhos e as mãos entre beijo e beijo, entre o susto do que os tomava de assalto e a ilusão do que estava para vir, no silêncio da luz da lua, interrompido pela explosão de alegria esfusiante e deslumbrada, como fogo de artifício lançado em direcção ao céu estrelado.
A medalha que trazia no peito, anjo da guarda que os unia para sempre, devolvia-lhe o beijo, a praia, a cor do mar, o calor da mão aberta sobre a sua barriga nua e o céu onde a lua parecia mais próxima e resplandecente que nunca.
E ela que sempre fora incapaz de juras dessas de se amar na saúde e na doença, na alegria e na tristeza todos os dia da sua vida; que sabia que ninguém pertence a ninguém e que nunca alardeara sentimentos de posse, sentia que não havia mais salvação que o seu beijo, mais redenção que o seu amor, mais céu que a sua companhia; que aquele fora o melhor fim de tarde e a melhor noite da sua vida; e que nada a fazia mais feliz que estar com ele.
E queria ficar assim muito tempo, naquele feitiço que a paralizava e impedia de voltar à realidade quotidiana; e poder olhar o mundo na mesma emoção daquele primeiro beijo, sempre repetida.
E queria ficar assim muito tempo, naquele feitiço que a paralizava e impedia de voltar à realidade quotidiana; e poder olhar o mundo na mesma emoção daquele primeiro beijo, sempre repetida.
À parte a beleza do texto, nunca se ama em segredo um homem misterioso. Um homem, como uma mulher, quer-se livre de brumas, límpido e transparente. Um homem quer-se táctil e sempre presente.
ResponderEliminarBeijinho:)
Também concordo "quer-se táctil e sempre presente". Mas sabe, às vezes, tantas vezes, avida troca-nos as voltas e a realidade é um pouco diferent desse "querer" que se idealiza.
EliminarJá quanto ao "livre de brumas", eu diria que a trasnpar~encia total é inatingível e por melhor que e maior que seja a intimidade haverá sempre 8em nós e nos outros) alguns recantos secretos.
Mas isto seria uma conversa muito mais longa que talvez possamos retomar outro dia.
Quanto "à beleza do texto", só lhe posso dizer que ele foi arrancado do mais fundo de mim, numa daquelas misturas de muita coisa qu se desatam de repente.
Obrigada.
Beijinho :)