É o professor e não o escritor que recordo, com mais clareza, no dia da sua partida. Porque tive o privilégio de ser sua aluna. E a imagem mais nítida que dele me ficou foi, além da figura esguia e discreta, que aparentava até uma certa fragilidade, a de uma imensa delicadeza, o seu modo de ser doce e gentil, falando invariavelmente em voz baixa e nós escutando-o em silêncio, como uma espécie de avô de quem ouvimos as histórias e seguimos os conselhos.
O Urbano Tavares Rodrigues deixou-nos hoje, com quase noventa anos de uma vida cheia e muitíssimo activa, até ao fim. Ficam-nos as suas palavras, a sua obra e, muito mais que isso, para mim, ficam os vários textos que escrevi na época em que fui sua aluna e as anotações que ele lhes fez, na sua caligrafia pequena, e eu guardei até agora, todas de uma extrema amabilidade e sempre a "puxar por mim". O Urbano foi uma das pessoas que mais me elogiou a escrita e mais me incentivou a escrever, escrever, escrever. E me disse que eu não deveria desistir nunca. Tão querido! É disso, sobretudo, que hoje me lembro mais...
(No blogue "Delito de Opinião", pela mão de Patrícia Reis, pode ler-se o último texto de UTR para a "Egoísta")
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