segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Memórias de Infância





Não quero falar do 1º de Dezembro, nem da comemoração do dia da restauração. Não me apetece. No entanto, acho que é ainda no rescaldo desse muito debatido assunto que o blogue Malomil publica hoje uma série de postais antigos da Praça dos Restauradores.
Não é, de modo algum, um dos "meus" blogues, mas calhou passar por lá. E a visão antiga de uma Praça consideravelmente diferente da que agora existe trouxe-me de volta uma parte da minha infância. Do tempo em que íamos a pé a casa dos avós, que moravam na Baixa, e voltávamos no autocarro 5, que saía dos Restauradores e ia para o Areeiro.
Naquela altura, os autocarros eram verdes, tinham dois andares e no tecto uma campainha redonda, vermelha, no meio de um círculo prateado, que produzia sonoros "plins" e que era motivo de inúmeras brigas entre nós duas, sempre em permanente desacordo sobre qual seria contemplada com  o momento, quase solene, de "tocar". A entrada fazia-se por uma abertura na parte traseira, onde não havia porta. E os bilhetes compravam-se a um senhor que passava por todos os lugares com uma malinha de couro à tiracolo, cheia de bilhetes cor-de-rosa, verdes, amarelos, brancos, consoante o preço e o destino.
Havia também as frases típicas, repetida todas as vezes, como um refrão: Ó pai, podemos ir lá para cima? Quando chegarmos ao Saldanha, sou eu que toco. Não! Hoje, sou eu! Ó pai, da última vez foi ela!...
Não sou saudosista, nem tenho nenhuma nostalgia desse passado que tinha coisas boas e más, como é próprio de todos os tempos. Mas revisitá-lo, de vez em quando, e recordar lugares, pessoas, histórias e momentos nossos, não faz mal nenhum. Porque a memória também é uma coisa boa.
E hoje, dia de uma estúpida greve de autocarros, que me fez estar quase meia hora ao frio na paragem ainda antes das sete da manhã, soube-me bem relembrar os autocarros da Lisboa da minha infância.

2 comentários:

  1. Recordo-me de tudo isso, Isabel.
    E dos cinemas? O Éden, à esquerda, onde está, agora a Loja do Cidadão, e o Condes, à direita, onde se aposta, actualmente, no Hard Rock.

    E o edifício, onde trabalhei 25 anos, visível na foto de cima, logo no início da Avenida da Liberdade, a seguir ao então Condes.

    Saudades? Talvez.

    Beijinho e boa semana.

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  2. Também me lembro dos cinemas, mas acho que só entrei no Condes. É um tempo que já passou, que faz parte das nossas memórias (individuais e colectivas).
    Enfim, tudo evolui e, de certo modo, ainda bem.

    Obrigada. Boa semana também para si. Beijinho

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