domingo, 29 de junho de 2014

Uma má escolha

 
Eu, que embirro solenemente com aquele ar de "pãozinho sem sal" de Juliette Binoche, devia ter suspeitado. Mas enfim, também sei que o meu lado mais romântico às vezes me prega algumas partidas e, sabe-se lá porquê, fui achar que um filme chamado "Por falar em amor" podia ser interessante. Até porque o título original (Words and pictures), muito mais de acordo com aquilo de que se trata, também tinha algo que me cativava. A questão das palavras, que me diz tanto, a mim que sou toda das literaturas...
E depois havia ainda Clive Owen e o seu charme. Motivos mais que suficientes para achar que podia "esquecer" a Binoche e as carinhas de quem está sempre a precisar de levar com um pano encharcado, e ir ver o filme.
Decisão errada. O filme é de um australiano de que confesso que nunca tinha ouvido falar, Fred Schepisi, e, apesar de partir de uma ideia interessante - a de pôr em confronto a importância das palavras e a das imagens e também, de certo modo, o impacto que a arte pode ter na nossa vida -, é um sem fim de lugares-comuns e uma tremenda maçada, onde não falta o cliché do artista falhado, alcoólico e cheio de problemas pessoais, a desgraçadinha que tem uma doença incapacitante, e a historinha de amor cor de rosa e com final feliz, depois de uma passagem pelos AA e uma operação que deixa a outra menos coxa e mais livre para amar e ser feliz para sempre.
Na verdade, para a piroseira ser completa, só faltaram os passarinhos a cantar e uns corações à mistura. Mas esteve quase lá... Ora eu, que já  não ia ao cinema há algum tempo, e sai-me logo uma xaropada destas!...
Aqui está, pois, um filme que desaconselho vivamente, mesmo sabendo que há dias assim, em que nem tudo corre muito bem...

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