Entregara-se-lhe inteira, na rendição de corpo e alma que deixara neles a marca definitiva dos amores sem limite nem pressa que se acredita serem para a vida inteira, e que tornam os dias mais luminosos e mais bonitos.
Mas quando tudo parecia perdido, nas noites de maior solidão e desamparo, quando sentia precisar de colo e de mimo, recordava às vezes o primeiro beijo e o primeiro toque, naquela noite já muito distante que fora a primeira de muitas noites boas. E queria voltar à emoção de outrora, que sabia irrepetível, porque o tempo não volta para trás. E vinha a nostalgia do calor do seu corpo, do conforto do seu abraço silencioso, o sabor dos beijos demorados e uma saudade doce e magoada dos instantes mágicos de vontades e corpos em sintonia, tudo só desejo e tempo infinito.
No fundo sabia que, mesmo em momentos assim, sem o constante alvoroço do quotidiano e com as emoções todas à solta, em que parecia só haver fragilidade e desencanto, e queria tudo e nada ao mesmo tempo, era na verdade e na profundidade dos afectos que sempre haveria de acreditar.
E era então que lhe nascia também a vontade de o apertar nos braços outra vez, de o olhar no fundo dos olhos, e de lhe dizer simplesmente a falta que lhe fazia.
Sem comentários:
Enviar um comentário